CRIME AMBIENTAL | Postos de combustíveis fazem descarte irregular e contaminam solo em José Gonçalves

Moradores do distrito de José Gonçalves, a pouco mais de 20 km de Vitória da Conquista, procuraram o Sudoeste Digital para denunciar um crime ambiental praticado por posto de combustíveis às margens da BR-116.

Segundo eles, “alguns postos de gasolina estão fazendo descarte de material inadequado, como latas e garrafas de óleo combustível e lubrificante e de lona de freios na zona rural de José Gonçalves, podendo contaminar as aguadas e o solo”. Na imagem cedida pelas fontes percebe-e um amontoado de latas, sacolas plásticas e entulho.

Como nenhum posto foi identificado pelos moradores e nenhum dos contactados assumiu a autoria do descarte irregular, a produção entrou em contato com a Prefeitura e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).

Em relação ao Inema, a direção regional do órgão disse que uma equipe seria deslocada esta semana ao local para averiguações. A Prefeitura, por sua vez, também informou que adotará as providências previstas em lei.

Um litro de óleo lubrificante pode contaminar um milhão de litros de água

No Brasil, uma Resolução do Conselho Nacional do meio Ambiente (CONAMA) 362/2005 orienta que, “Todo óleo lubrificante usado ou contaminado deverá ser recolhido, coletado e ter destinação final, de modo que não afete negativamente o meio ambiente e propicie a máxima recuperação dos constituintes nele contidos” – mas na pratica, a realidade é outra.

Atualmente cerca de 33% dos solos de todo o mundo está desgastado, fato atribuído à diversos fatores de acordo com pesquisa realizada pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

De acordo com o próprio estudo, e não menos alarmante, até 2050 a produção de alimentos deverá aumentar cerca de 60% para atender a demanda de toda a população global, que deve ultrapassar a casa dos nove bilhões de habitantes daqui a 35 anos. E o solo, como fica?

Engenheiro ambiental alerta para os perigos causados pelo óleo contaminado em contato com o solo

Alexandre Macedo, engenheiro ambiental da Lubrificantes Fênix, empresa produtora de óleos lubrificantes localizada em Paulínia-SP, defende maior rigorosidade da fiscalização na troca e coleta de óleos lubrificantes industriais e automotivos, seja nas oficinas, postos de gasolina e até mesmo nas empresas em geral.

Na visão do especialista, a clandestinidade e o manuseio incorreto desse material podem causar danos irreversíveis ao solo. “Quando vazado ou jogado no solo, o OLUC provoca a infertilidade do terreno, inutilizando-o tanto para a agricultura quanto para edificações”, explica.

Outro fator preocupante é que essa substância pode atingir o lençol freático, danificando os poços da região de entorno. “Um litro de óleo lubrificante pode contaminar um milhão de litros de água. Além disso, se jogado no esgoto, irá comprometer o funcionamento das estações de tratamento de água, chegando, em alguns casos, a causar a interrupção do funcionamento desse serviço essencial”, afirma o engenheiro.


COMPARTILHAR