CONQUISTA (Vídeo) | Desrespeito ao isolamento e multidão nas ruas comprovam estudo que coloca município entre os seis mais críticos para o combate à COVID-19



SUDOESTE DIGITAL (Conteúdo especial) –  Filas, aglomerações em bancos, lotéricas e prestadores de serviço; ambulantes por todos os cantos, feiras-livres sem fiscalização, lojas que burlam o decreto, atendendo clientes internamente com portas fechadas; chegada diária de ônibus pela BR-116 (Rio-Bahia) com pessoas de todos os cantos do País e o avanço diário de casos suspeitos para a COVID-19 são os principais ingredientes que colocam Vitória da Conquista na desconfortável sexta posição dentre os 10 municípios do Brasil mais críticos para o combate da vírus.

Além da falta de isolamento e distanciamento social e aliado a tudo isso estão decisões tardias da gestão municipal em enfrentar o avanço do Novo Coronavírus, como a politização de medidas urgentes, desprezando auxílio do Governo do Estado; flexibilização dos 13 recentes decretos municipais e prioridade em assuntos não urgentes, a exemplo da reforma do terminal de ônibus urbanos da Avenida Lauro de Freitas.

Em meio à pandemia, subnotificação de casos para a COVID-19, outros números não menos assustadores: No Boletim Epidemiológico 17, que se encerrou no domingo, estão 1.287 de dengue em Vitória da Conquista, com três óbitos por dengue hemorrágica, 136 casos de zika vírus e 157 de chikungunya.

Entre 10 municípios do País, Vitória da Conquista é a única cidade baiana em ‘situação crítica’ para enfrentar a COVID-19

Vitória da Conquista ocupa o 6º lugar entre os 10 municípios do Brasil em situação crítica para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O estudo foi publicado pela consultoria Aquilae se baseia em indicadores sociais, econômicos e de saúde de todos os municípios brasileiros.

Integram a lista das cidades em situação crítica aquelas que, por razões financeiras e infraestruturais, potencialmente sofreriam mais com a COVID-19. Para isso, foram levados em consideração dados do governo federal sobre o sistema de saúde (quantidade de leitos e profissionais de saúde por morador) e as condições econômicas tanto da administração municipal quanto dos habitantes.

Cidades brasileiras mais populosas entre as que estão em situação crítica**
1º Belford Roxo (RJ) – 510.906 habitantes
2º Macapá (AP) – 503.327 habitantes
3º São João de Meriti (RJ) – 472.406 habitantes
4º Olinda (PE) – 392.482 habitantes
5º Caucaia (CE) – 361.400 habitantes
6º Vitória da Conquista (BA) – 338.480 habitantes
7º Ribeirão das Neves (MG) – 334.858 habitantes
8º Juazeiro do Norte (CE) – 274.207 habitantes
9º Magé (RJ) – 245.071 habitantes
10º Santa Luzia (MG) – 219.134 habitantes
** População, segundo estimativa do IBGE para 2019
* A Aquila é uma consultoria internacional com sede em cinco países: Brasil (São Paulo, Nova Lima e Manaus), Portugal, Suíça, Austrália e Colômbia e já atuou, nos últimos oito anos, em 20 países de quatro continentes. Tem publicado uma série de estudos auxiliando empresas e gestores públicos a lidar com a pandemia do coronavírus.

A situação crítica de Vitória da Conquista, que até o momento possui 31 casos positivos para a Covid-19, com três evolução para óbitos (pouco mais de 10% do total) preocupa os responsáveis pelo estudo justamente por conta da estrutura do sistema de saúde e dos indicadores econômicos.

“Quando você olha a população vulnerável, o dinheiro que o município tem disponível, a riqueza local e a estrutura de saúde local, você vê que são duas cidades muito vulneráveis. Ou seja, se o vírus entra nesses dois municípios, a chance de haver um colapso é muito maior. Haveria até mesmo a possibilidade de sobrecarregar a estrutura de Belo Horizonte como consequência, já que os pacientes começariam a migrar para a capital”, analisa o consultor Rodrigo Neves, responsável pelo estudo.

O objetivo do estudo não é mapear o cenário atual da propagação da doença, mas identificar quais cidades potencialmente sofrerão mais com a pandemia caso não haja interferência do poder público, seja no estabelecimento de medidas rígidas de isolamento social, seja em investimentos no sistema de saúde.

“Quais são os municípios que hoje têm mais risco, estão mais vulneráveis e têm menos infraestrutura? Não é onde o vírus está. Falar que uma cidade é crítica não quer dizer que ela vai ter problema com a COVID-19. Nosso objetivo foi verificar com números, fatos e dados, estudando a realidade dos municípios do Brasil do ponto de vista de risco e vulnerabilidade, para apontar que estes são os municípios aos quais o Brasil deveria dar mais atenção. É dar um norte racional, metodológico, com ciência”, defende Rodrigo Neves.
O estudo avaliou indicadores sociais, econômicos e sanitários de todos os municípios brasileiros com dados disponíveis. 

Dos 5.570, 64 foram desconsiderados por falta de informações. Os resultados indicaram que 1.788 cidades do país (32% do total) estão em situação crítica para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Somados, os habitantes dessas regiões correspondem a 40% de toda a população do país.

Belford Roxo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, é a mais populosa das cidades em situação crítica. Lá, vivem mais de 500 mil pessoas. Segundo boletim epidemiológico divulgado nessa segunda-feira (28), o município havia registrado 149 casos confirmados de COVID-19.

SITUAÇÃO GLOBAL DE CONQUISTA – Dos 610 casos notificados com suspeita clínica e epidemiológica de infecção pelo Novo Coronavírus – de acordo com Boletim epidemiológico atualizado, 478 casos foram descartados e 31 pacientes tiveram casos confirmados para Covid-19, sendo que 24 evoluíram para cura e 3 para óbito.

Outros 4 pacientes continuam em recuperação e aguardam alta – 1 deles encontra-se internado e 3 estão em isolamento domiciliar.

Os 3 óbitos confirmados por Coronavírus foram: um homem de 69 anos que faleceu no dia 13 de abril; um senhor de 76 anos, que faleceu na última quinta-feira, 23 de abril; e uma mulher de 62 anos que faleceu no último domingo, 26 de abril. As três pessoas possuíam comorbidades (quando duas ou mais doenças estão relacionadas).

Ainda estão em investigação 101 casos: 60 aguardam resultado laboratorial e 41 aguardam coleta de amostra. Destes pacientes, 5 encontram-se internados e 96 estão em isolamento domiciliar.

Segundo o estudo, 1.799 cidades brasileiras (33%) estão preparadas para enfrentar a pandemia. Já 1.919 municípios (35%) foram classificados no nível intermediário.

Percentual de cidades em situação crítica por estado:
1º Maranhão e Amazonas (89%)
3º Amapá e Pará (81%)
5º Acre (77%)
6º Roraima, Piauí e Alagoas (73%)
9º Ceará (69%)
10º Bahia (65%)
11º Pernambuco (60%)
12º Paraíba (58%)
13º Tocantins (44%)
14º Sergipe (43%)
15º Rio Grande do Norte (31%)
16º Minas Gerais (27%)
17º Espírito Santo (18%)
18º Rondônia (12%)
19º Mato Grosso do Sul e Mato Grosso (11%)
21º Goiás e Rio de Janeiro (8%)
23º São Paulo (5%)
24º Rio Grande do Sul e Paraná (3%)
26º Santa Catarina (1%)

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