O projeto Sertão Sankofa, idealizado pela performer Dani de Iracema, conecta artistas negros e indígenas em uma residência artística que culminará em uma performance coletiva nos dias 18 e 21 de outubro no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, em Vitória da Conquista, interior da Bahia.
O projeto integra o solo performático “Memórias Imaginadas das Terras por Onde Andei”, uma narrativa autobiográfica que explora as memórias e ancestralidades africanas e indígenas de Dani, nascida no sertão baiano.
A iniciativa funciona como um quilombo e aldeia artística, celebrando o retorno e a retomada de histórias e tradições afroindígenas. A residência artística, dividida em duas etapas — Raízes Íntimas e Raízes Coletivas — contou com a participação de artistas como Afrontosa Let, Duda Nazaré, Jade Roxo, Raffá Obá Mirim e Rafa Pereira. Juntos, eles vivenciaram experiências na comunidade quilombola Batalha, em Vitória da Conquista, que, como outras comunidades da região, reivindica sua ancestralidade indígena e o reconhecimento do território como Aymoré-Mongoyó.
Além da apresentação da performance, o projeto também promove, no dia 18, uma roda de conversa intitulada “Sertão Afroindígena”, que debate a presença e contribuição dos povos negros e indígenas no interior da Bahia. Já a segunda apresentação, no dia 21, faz parte da programação do Festival Universitário Intercampi de Cultura e Arte (FUICA) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
O solo “Memórias Imaginadas das Terras por Onde Andei” explora as lembranças e a migração de Dani de Iracema do interior baiano para a capital Salvador, onde ela também passou por um processo de afirmação da negritude.
Dani de Iracema, que completará dez anos de residência em Salvador em 2024, continua a desenvolver projetos artísticos que conectam a memória e a ancestralidade, abordando questões de pertencimento e resistência.
“Estar com os mestres me levou a perceber a importância de contar a minha história. Falar do seu lugar, do seu bairro, da sua comunidade, da sua família, tudo isso é falar da gente”, afirma a artista, em comunicado para a imprensa.
A narrativa também explora o contexto histórico da fundação de Vitória da Conquista, marcado por violência contra os povos indígenas Aymorés, Mongoyós e Kamacãs. Nos últimos anos, esses povos têm reivindicado seu lugar na história local, contestando a narrativa de extermínio propagada por séculos.