CONQUISTA NA LISTA | Variante delta corresponde a 14% das novas amostras na Bahia


Com 14 casos e dois óbitos registrados na Bahia, a variante delta do novo coronavírus representa 14% das últimas amostras sequenciadas no estado. Foram 11 novos casos da cepa confirmados em cerca de 80 amostras sequenciadas desde o dia 26 de agosto, quando a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) informou os três primeiros registros da delta na Bahia.

Casos da variante já foram notificados em nove municípios baianos: Salvador (3), Senhor do Bonfim (2), Medeiros Neto (2), Vereda (2), Sapeaçu, Conceição do Almeida, Vitória da Conquista, Feira de Santana e Prado. As mortes pela cepa foram de um homem de 45 anos em Senhor do Bonfim e de outro de 43 anos, tripulante de um navio de bandeira estrangeira que esteve ancorado na capital.

Os dois casos mais recentes em Salvador são de um homem de 39 anos, com histórico de viagem, e de uma mulher de 34 anos, sem histórico de viagem, ambos vacinados com a 1ª dose.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, é cedo para falar em uma possibilidade de surto. “Os casos estão sendo acompanhados, a situação epidemiológica está sob controle e sendo monitorada diariamente por indicadores. Estamos avançando e agilizando a vacinação, inclusive com dose de reforço, adotando as demais medidas de controle a fim de evitar que isso possa acontecer”, informou a pasta, por meio de nota.

No entanto, a expectativa é de que, assim como aconteceu em outros estados brasileiros e países, a variante delta se torne dominante na Bahia. No estado do Rio de Janeiro, os casos de delta subiram de 6% para 86% em dois meses. Na capital fluminense, a cepa já corresponde a 96% das amostras analisadas.

Na cidade de São Paulo, a delta foi confirmada em 92% das novas amostras, segundo estudo da prefeitura em parceira com o Instituto Butantan, Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) e Instituto Adolfo Lutz. No Distrito Federal, a variante está em 82% das amostras analisadas. No Espírito Santo, a cada 10 amostras, sete são da delta.

“Ainda temos na Bahia uma predominância da variante gama, no entanto a presença dessas amostras positivas para a delta começa a nos acender um alerta de preocupação, já que nos outros estados a disseminação da delta aconteceu em uma grande velocidade”, diz Arabela Leal, diretora do Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen).

“É provável que todos os estados do Brasil tenham em um tempo a variante delta como prevalente. […] Temos um países de dimensões continentais, então às vezes temos situações epidemiológicas distintas”, afirma o infectologista Robson Reis, ao explicar a prevalência da delta já em várias regiões do país.

Além disso, o médico destaca que a pequena quantidade de amostras submetidas a sequenciamento genético também pode dar uma impressão distorcida da realidade. “Sem dúvida, aqui na Bahia nós provavelmente temos muito mais casos, porque apenas uma pequena parte dos pacientes é submetida a essa identificação mais precisa. Na verdade, não só na Bahia, mas no Brasil de modo geral”, aponta.

O especialista ressalta ainda que, apesar da delta ser mais transmissível, os estudos não demonstram até então maior “agressividade” da variante. “Nos Estados Unidos, onde houve aumento significativo dos casos da delta, o aumento de pacientes hospitalizados e mortes não acompanhou de forma proporcional”, diz.

Para tentar interromper a cadeia de transmissão, o infectologista defende a necessidade de ampla vacinação e redução no intervalo entre as doses. “Considero de extrema importância o retorno da vacinação dos adolescentes, que muitas vezes acabavam transmitindo para outras pessoas e criando esse ciclo perigoso. Outra decisão importante é reduzir o intervalo de tempo entre as doses”, afirma.


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