Avani Silveira chegou cedinho ao Parque de Exposições Teopompo de Almeida e ficou impressionada com a quantidade de gente que também saiu de casa, em pleno feriado, atrás de um procedimento de saúde. Enquanto aguardava ser chamada, sentada numa cadeira à sombra, contou o que enfrenta toda a vez que recorre ao Posto de Saúde Nelson Barros, na Patagônia, bairro onde mora.
“A gente chega lá e não consegue atendimento de médico e dentista porque nunca tem ficha suficiente. Por isso, tá essa aglomeração de gente aqui procurando especialista, porque acumula tudo”, contou a trabalhadora. Como se não bastasse a dificuldade para conseguir um atendimento nos postos de saúde municipais, ainda tem a questão da falta de acolhimento. “Minha mãe é hipertensa, e quando vai medir uma pressão lá, ainda é mal atendida”.
Dona Avani foi uma das milhares de pessoas recebidas e atendidas durante a Feira Saúde Mais Perto, realizada entre terça (30/04) e quarta (01/05) em Conquista. Iniciativa da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) em parceria com as Voluntárias Sociais da Bahia, a feira ofereceu rastreamento para cirurgia de catarata de idosos, exame de refração, limpeza da lente para quem já fez cirurgia de catarata, atendimento odontológico, preventivo ginecológico, exames de ultrassonografia, eletrocardiograma, raio-x, mamografia e laboratório. Também teve consulta com cirurgião geral para encaminhamento de cirurgias de hérnias umbilical, epigástrica e inguinal, histerectomia e vesícula. Ao todo, foram marcadas 100 cirurgias eletivas.
A dona de casa Jaira Gonçalves Rocha, toda sorridente, disse que encontrou o que precisava na feira de saúde. “O que tá bom pra gente aqui é essa oportunidade pra cada qual fazer o seu exame (…). Eu mesmo, graças a Deus, fiz três! Estava precisando e consegui, muito bom!”. O sorriso dela só desapareceu ao resumir a experiência de quem é pobre ao buscar atendimento nos postos: “A saúde em Conquista tá muito ruim”.
Saúde Municipal na UTI
Presente na feira, o deputado federal pelo PT e pré-candidato a prefeito de Vitória da Conquista, Waldenor Pereira, conversou com as pessoas e observou que essa multidão apareceu à procura de assistência justamente porque os postos de saúde do município não funcionam. “Já vínhamos denunciando essa situação, que inclusive reflete num aumento expressivo pelos serviços da UPA, do Hospital Geral de Vitória da Conquista e até mesmo do Hospital Afrânio Peixoto, recentemente inaugurado. A pressão tem sido bastante significativa em razão do péssimo funcionamento dos postos municipais de saúde”, disse, completando que em Conquista estão faltando médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e até remédio. “A população tem reclamado até da falta de dipirona, para revelar o estado de caos da saúde municipal que, literalmente, se encontra na UTI”.