SUDOESTE DIGITAL – Depois de 36 dias com grande parte do comércio local fechado, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) decidiu desabafar contra os sucessivos decretos do prefeito Herzem Gusmão (MDB) e partiu para o ataque direto contra o que considera falta de diálogo da gestão municipal com o órgão.
Em nota pública emitida nesta terça-feira, 28, o órgão sustenta que o comércio em gera é de utilidade pública e chega a se comparar com a tradicional “Feira do Rolo”, no Bairro Brasil, quando tenta enfatizar o descumprimento do isolamento social em detrimento das regras impostas aos lojistas.
A acidez da nota não poupa a gestão, taxa de refratária quando os comerciantes buscam diálogo. Desde que editou o primeiro, dos 13 decretos municipais determinando o fechamento do comércio, Herzem já enfrentou três manifestações de lojistas, uma delas em frente à sua residência.
Veja a nota na íntegra:
NOTA DA CDL À POPULAÇÃO DE VITÓRIA DA CONQUISTA
A Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL vem, através desta nota, esclarecer a população de Vitória da
conquista a respeito do que ocorre com o comércio local.
Há 36 dias, o comércio lojista desta cidade cerrou suas portas por motivo exaustivamente divulgado:
atravessamos um cenário de pandemia, que leva a comunidade a se cercar de todos os cuidados cabíveis. A
Câmara de Dirigentes Lojistas esteve sempre em consonância com as determinações do Poder Público
Municipal por motivos absolutamente óbvios e justificáveis.
Entretanto, o horizonte de tempo aprazado vem-se estendendo indefinidamente, sem qualquer justificativa
por parte do Poder Público, gerando pontos vistos por nós como críticos e marcados por posições
incoerentes, tais como:
a) A justificativa para fechamento das lojas é para que se evitem aglomerações, o que seria um vetor de
propagação do vírus SARS-CoV-2 – que provoca a COVID19. Entretanto, a chamada “Feira do Rolo”, por
exemplo, e diversas atividades vêm funcionando normalmente, fato noticiado pelos órgãos de comunicação.
Imagens captadas e exibidas dão conta de pessoas aglomeradas vendendo e comprando. Ademais, o
comércio da zona oeste da cidade abre suas lojas, ainda que com restrições. Em se passando pela Avenida
da Integração, podem-se perceber segmentos não inclusos em categorias essenciais em pleno
funcionamento. Nem por isso o número de pessoas acometidas pela doença aumentou em nossa cidade, o
que prova que, com cautela, cuidados especiais, pode-se funcionar estrategicamente.
É bom ressaltar que não estamos sugerindo que aquelas lojas e similares devam cerrar suas portas. Afinal,
com as devidas precauções, pode-se aliar atendimento ao público e preservação da saúde da população.
Uma pergunta apenas paira sem explicação: somente a aglomeração de pessoas no comércio do centro da
cidade oferece risco à população e promove a disseminação do vírus? Por que não consentir que as lojas do
centro abram suas portas em horários alternativos – das 10h00 às 16h00 (evitando-se o pico no horário de
deslocamento) – e cercadas de todos os cuidados necessários, tais como: controle de acesso, uso obrigatório
de máscaras e disponibilização de álcool gel?
b) Incomoda, sobremaneira, a constante expectativa criada semanalmente quanto à volta do funcionamento
do comércio. Isso exige do comerciante, todo um preparo e um planejamento, além do trabalho de
infraestrutura para a retomada das atividades, expectativas essas seguidamente frustradas.
c) Percebe-se que o Poder Público Municipal tem sido refratário a um entendimento e fluidez de diálogo com
os comerciantes do centro da cidade. Vale lembrar que somos também de utilidade pública, tendo em vista
que a população precisa ser atendida em sua demanda e, constantemente, se frustra ao se deparar com
lojas sempre de portas fechadas, sem perspectiva de voltar a funcionar. Sendo assim, a CDL, como órgão
representativo dos comerciantes desta cidade, vem exigir do Poder Público uma postura coerente e de
transparência quanto às medidas adotadas.
CÂMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE VITÓRIA DA CONQUISTA
Prefeitura emite nota (atualizado às 19h14)