CONQUISTA | Campanha da Fraternidade 2024 é tema de audiência na Câmara Municipal

Na noite dessa terça-feira, 27, foi realizada na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, a Sessão Especial em comemoração a Campanha da Fraternidade 2024. Esse ano, a campanha tem como tema Fraternidade e Amizade Social e é promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A sessão no Legislativo Municipal está prevista na na Lei número 2.081 de 2016 e desde então é realizada todos os anos em parceria com a igreja católica. Além dos parlamentares e representantes da igreja, autoridades e representantes da comunidade participaram do encontro.

Tornar atual a mensagem de Jesus – O presidente da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, vereador Hermínio Oliveira (PODE) afirmou que a Campanha da Fraternidade 2024 traz um convite de amor que ultrapassa as barreiras geográficas e do espaço. “Diante do processo de divisão, ódio, guerras e indiferenças que tem marcado a sociedade brasileira e o mundo, somos convocados a despertar o olhar de irmão, o cuidado, a empatia. Somos responsáveis pelos ambientes que estamos e convivemos”, afirmou. O presidente destacou ainda que a missão da igreja é tornar atual a mensagem de Jesus.

Oração, jejum e esmola – O Arcebispo Dom Josafá Menezes da Silva lembrou que quaresma está firmada sobre o tripé da oração, o jejum e a esmola. Para ele, esses princípios além de alicerçar a comunidade cristã, viabiliza a efetividade para a Campanha da Fraternidade. “Precisamos tornar o caminho quaresmal mais efetivo e fraternal. É por essa razão que realizamos a Campanha da Fraternidade”, declarou o Arcebispo. Dom Josafá lembrou que muitas das pastorais existentes em Conquista nasceram como fruto dessas campanhas. Nesse contexto, o líder religioso afirmou que a Campanha da Fraternidade deve entrar nos programas das pastorais, comunidades, serviços e movimentos eclesiais, além de se tornar tema e ação de muitos setores da sociedade civil.

O Arcebispo encerrou seu pronunciamento destacando a relevância do tema da campanha em 2024. “Fraternidade de amizade social”, essa é a motivação para que possamos abrir nossos corações na dimensão dos braços da cruz que nunca se fecha e acolhem a todos e aqueles mais necessitados”, ressaltou. Por fim, agradeceu a Câmara Municipal por sediar esse debate. “Estamos felizes por sermos acolhidos nessa Casa Legislativa e darmos inicio a essa sessão solene tão importante para tratar a campanha da fraternidade”, pontuou Dom Josafá.

Acolhimento do Poder Legislativo – O coordenador arquidiocesano de Pastoral, Padre Frenilson, destacou que anualmente a Câmara acolhe as atividades da Campanha da Fraternidade. “A apresentação da Campanha da Fraternidade é um evento que acontece de forma tradicional nessa Casa do Povo. Objetiva refletir o drama social e, juntamente com o nosso Legislativo, os pastores e agentes sociais, sensibilizar para que a proposta da Campanha da Fraternidade aconteça de forma eficaz em nossa cidade”, disse ele. “Um tema caro pois nos convida a olhar para o outro com Fraternidade”, completou.

“O outro sob a ótica do amor” – Para falar sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2024, o professor Mozart Tanajura, utilizou como base o livro escrito por ele “O outro sob a ótica do amor”, publicado no ano de 2014, que apresenta uma releitura do evangelho segundo São João na qual ele buscou enfatizar a necessidade de viver o amor entre irmãos. Mozart lembrou que o tema da Campanha este ano, tem tudo a ver com a alteridade, a qual foi pautado o seu livro. “Alteridade é um tema pertinente se quisermos entender o porque de Jesus ter estado na terra e nos ensinado a viver cada vez mais a nossa dimensão humana na comunhão”, disse. O professor lembrou também que em todos os 60 anos de Campanha, todos os temas têm como base o evangelho de Cristo, em dimensão social. Ao analisar o texto base, Mozart explicou o significado de cada um dos pontos abordados: “os símbolos na teologia nos ajudam compreender os mistérios da fé, são como placas que nos indicam o caminho e nos levam a uma outra realidade, a capa deste ano traz várias pessoas em torno de uma mesa, pois a mesa simboliza comunhão” e  comparou também a realidade da casa legislativa, que se une tanto bancada de situação como a de oposição em torno de determinado tema para se chegar a um senso comum. Ele também falou da importância de compreender que todos os seres humanos são iguais, na condição de valores e de direitos, mas que ao mesmo tempo são diferentes nos sentimentos, ideias e ideologias. “A nossa sociedade precisa viver e beber dessa fonte”, afirmou, lembrando também os desafios que a igreja encontra, especialmente para o Papa Francisco que tem a missão de pastorear o povo católico em meio a suas limitações.

Mozart fez um breve relato dos temas abordados no texto base da campanha, e com ênfase na “Amizade do ponto de vista filosófico”, na qual destaca Sócrates: “a amizade ganha um contorno pessoal e ela se restringe ao âmbito humano, e é necessária para a construção pessoal”. Concluiu dizendo que a amizade Social é uma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar ao outro, lembrando que ninguém tem o direito de dominar o outro, mesmo que tenha ideias diferentes.

“Comunicar com a vida o amor de Deus” – Monsenhor Gerson, da Arquidiocese de Vitória da Conquista, destacou que a campanha do ano de 2024 é um grande desafio para todos, pois ela deseja renovar a vida da sociedade, chegando no coração de cada pessoa. Ele relembrou o primeiro domingo da quaresma, em que o tema das tentações, do evangelho de São Marcos, mostra que o ser humano nasceu para o bem, mas está em permanente estado de tentação, por isso, o espírito de Jesus Cristo em cada um é necessário para resistirmos e nos convertemos à fraternidade e amizade social. Ele ainda afirmou que o tema toca em questões profundas do dia a dia, como: o direito à vida em todas as suas fases, a luta contra as guerras, o combate ao preconceito e discriminação e a promoção da inserção do pobre no mundo do trabalho, educação e saúde. O pároco finalizou sua fala citando o Papa Francisco: “amizade social é uma fraternidade aberta que permite reconhecer, valorizar e amar”.

Dificuldades a serem vencidas – A Irmã Iracema, das Medianeiras da Paz, destacou que ensinar as crianças e adolescentes a reconhecer o outro como irmão. “Para nós que estamos à frente da educação tem sido um constante desafio trabalhar com as crianças e nossos adolescentes para que saim das redes e reconheçam o próximo como aquele que é meu irmão”, disse ela.

Amizade construída diariamente – O coordenador arquidiocesano das pastorais sociais, Wallas Santos, destacou que o tema da Campanha da Fraternidade de 2024 está bem alinhado com aquilo que as pastorais vivem diariamente. “A gente exercita esse tema todos os dias em nossas atividades cotidianas por meio das pastorais. Essa amizade que construímos com nossos irmãos é de grande valia para toda comunidade”, afirmou. Ele reafirmou o compromisso com as atividades sociais desenvolvidas pela Igreja em Vitória da Conquista. “Vamos continuar firmes fazendo esse trabalho de amor e carinho e fortalecendo ainda mais essa amizade”, concluiu.

Vitória da conquista acolhedora – Michael Farias, Secretário de Desenvolvimento Social, iniciou dizendo que “ao ouvir Mozart Tanajura falar sobre o tema, eu me lembrei de como Vitória da Conquista, converge para ser uma grande região metropolitana”, disse, enfatizando que a cidade acolhe muitas pessoas que chegam para estudar ou trabalhar e que acabam se consolidando como cidadãos conquistenses. Ele associou essa chegada e acolhida ao tema da Campanha da Fraternidade 2024, que exorta toda a sociedade a importância dos laços de amizade e de acolhida, pensando sob as perceptivas de inclusão.

Segundo ele, “Vitória da Conquista, talvez de todas as cidades brasileiras, é uma cidade de homens e mulheres que tem dentro de si esse sentimento de comunhão e convergência, e sobretudo de um coração aberto a uma perceptiva de acolhimento”, disse, exaltando a importância do tema para enfrentamento dos desafios históricos do país, como a pobreza, falta de acesso a educação e politicas sociais de combate a desigualdade. E concluiu dizendo que não há como se falar em fraternidade e amizade social sem se falar em inclusão e do enfrentamento as desigualdades.


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