A Câmara Municipal de Vitória da Conquista realizou, na manhã desta sexta-feira (6), uma sessão especial para discutir a situação crítica do Anel Viário da cidade, especialmente os trechos mais perigosos, como o popularmente conhecido “Trevo da Morte”, próximo ao centro industrial. A iniciativa reuniu representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), da Prefeitura Municipal, lideranças comunitárias e parlamentares.
O vereador Fernando Vasconcelos – Jacaré (PT) destacou a importância da união entre os entes federativos: “Esse é um momento de união: prefeitura, estado e governo federal juntos para garantir as intervenções que a população tanto espera.”
O vereador Ricardo Gordo (PSB), por sua vez, cobrou atenção para outros trechos perigosos, como o acesso ao bairro Campinhos:
“Todas as saídas da cidade precisam de investimento. O que vai ser feito no trevo dos Campinhos, onde ocorrem mais mortes?”
Rute Amâncio, cidadã que representou as vítimas da BR-116, fez uma das falas mais impactantes da sessão. Em 2011, ela perdeu o marido e a filha de apenas 11 meses em um acidente causado por uma carreta que cruzou indevidamente o trecho.
“Não sei o que acontece, pois uma pessoa em sã consciência deveria olhar e parar, mas são vários acidentes naquele trecho.”
Apenas ela e seu filho sobreviveram. Ela relatou ainda que o radar instalado após o acidente foi mal posicionado:
“Foi colocado depois do cruzamento, o que compromete sua eficácia. O mínimo que se fizer já ajuda a evitar mortes.”
Rute fez um apelo por mais atenção das autoridades: “Uma cidade como Conquista merece um olhar mais atencioso quanto àquela situação.”
Um dos destaques da sessão foi a apresentação de Alexandre Analício, chefe da PRF em Vitória da Conquista, que revelou que o trecho mais crítico não é o “Trevo da Morte”, mas sim a região entre os quilômetros 10 e 20, na Lagoa das Flores.
“Só em 2024 já são 70 mortes, quase o dobro do ano passado. E isso sem contar os que morrem depois do atendimento.”
Ele reforçou a urgência da duplicação:
“Duplicar salva vidas. A BR-324, que é duplicada, teve zero mortes no mesmo período em que a BR-116 teve 22.”
Representando o DNIT, Paulo César Oliveira esclareceu que, com a saída da Via Bahia, o órgão federal assumiu a gestão das BRs 116 e 324 por meio de um contrato emergencial de três meses, que poderá ser prorrogado até a nova concessão.
“Nesse período, como é emergencial, o DNIT se limita às questões operacionais. Não teremos obras estruturantes a longo prazo.”
Ele destacou que está em andamento um projeto para alterar o cruzamento do distrito industrial:
“O cruzamento seria eliminado, com aumento do percurso dos veículos. É uma medida provisória até a construção dos viadutos.”
A sessão foi acompanhada por familiares de vítimas, lideranças comunitárias e cidadãos que convivem diariamente com o drama da insegurança nas rodovias. A Câmara reforçou seu compromisso com a fiscalização, a articulação política e a cobrança por ações urgentes para preservar vidas em Vitória da Conquista.