CONQUISTA | Câmara de Vereadores promove debate durante sessão especial em homenagem a cultura 

Foi realizada na manhã desta sexta-feira, 14, na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, uma sessão especial em homenagem ao Dia Municipal da Cultura, que tem como objetivo reconhecer instituições e personalidades que ajudam a difundir a cultura local. O Dia Municipal da Cultura foi estabelecido pela Lei nº 1367/2006 e é comemorado anualmente em 14 de março. A data foi escolhida por ser o aniversário de nascimento do cineasta conquistense Glauber Rocha, uma das maiores referências culturais de Vitória da Conquista.

Este ano, as homenagens foram entregues para o produtor cultural e ex-secretário de cultura e atual diretor da Secult, Nagib Barroso e para o Ato 3, do cineasta Daniel Leite Almeida. As indicações são feitas pelo Conselho Municipal de Cultura.

O presidente da Câmara, vereador Hermínio Oliveira (PODEMOS), saudou todos os presentes e ressaltou a importância do encontro. “Estamos aqui reunidos para reconhecer o trabalho de pessoas que ajudam na divulgação da nossa cultura” e lembrou que o Legislativo Municipal tem uma comissão de Cultura que trabalha e acompanha todos os investimentos e projetos voltados para a cultura local.

Necessidade de fortalecimento da cultura do município – O jornalista, escritor e presidente do Conselho Municipal de Cultura, Jeremias Macário, afirmou que não tem o poder de executar projetos, mas tem o dever de cobrar e provocar o poder público em prol da cultura do município. Ele destacou a reunião que teve com a prefeita Sheila Lemos (UB), e na oportunidade entregou um documento com reivindicações e demandas de artistas locais e afirmou que a eles não podem ficar dependentes apenas de editais, mas a classe deve ser fortalecida, mesmo estando na 3ª maior cidade da Bahia. Por fim, cobrou a reabertura do Teatro Carlos Jeovah.

Credenciamento para músicos – Alexandre Magno, Coordenador de Cultura do município, parabenizou todos os profissionais da cultura e contou sobre o credenciamento que está aberto para os músicos da cidade. “Esse credenciamento desburocratiza o contrato entre prefeitura e artistas, pois será um contrato de um ano com mais de R$600 mil disponíveis para serem usados”, explicou, lembrando que posteriormente será aberto, também, o credenciamento para outras áreas.

Valorização da cultura popular – O vereador Alexandre Xandó (PT), pediu maior valorização e atenção para a cultura popular. “A Cultura é essencialmente o fazer popular. Apesar de ter se tornado uma indústria de massas, é do seio do povo que nasce a cultura”, apontou ele. “Existe uma cultura negra, periférica, juvenil”, complementou ele destacando o samba, o movimento Hip Hop e a Capoeira.

A cultura voltou a ser centro de pauta – O vereador Valdemir Dias (PT), líder da bancada de oposição, cumprimentou a todos os presentes na sessão, em especial, os artistas no plenário e os homenageados, Nagib Barroso e Daniel Leite Almeida. Ao citar o ex-secretário de Cultura, o parlamentar lembrou a importância da nomeação de Nagib como diretor de cidadania cultural da Secretaria Estadual de Cultura – Secult. Dessa forma, o vereador ressaltou o quanto Conquista e todo o estado devem ganhar com a presença de um tamanho conhecedor cultural nesse cargo, como o letrista e poeta Nagib Barroso. Valdemir destacou a letra da canção Um novo tempo de Ivan Lins: “Apesar dos castigos, estamos crescidos, estamos atentos e estamos mais vivos para sobreviver”, para dizer que a cultura voltou para o centro da pauta do Governo Federal, voltou a ter respeito no país. Destacou a atuação da ministra da cultura Margareth Menezes, artista negra e baiana, e expressou sua felicidade em saber que todos ganharão com a cultura retomando a importância devida. Finalizou dizendo que temos avançado também no município, mas que ainda precisam ser revistas algumas demandas, como os equipamentos Teatro Carlos Jehovah, a Casa Glauber e o Cine Madrigal, que devem ser postos em pleno funcionamento para, em conjunto com a educação, alavancar a cultura local.

Um Estado sem Cultura, é um Estado órfão – O secretário municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Vitória da Conquista, Eugênio Avelino Xangai, defendeu as políticas públicas voltadas para o segmento cultural. Ele lamentou a perda de investimentos nessa pasta, durante o Governo Bolsonaro. “Se o governo daqui do nosso município tivesse extinguido a Secretaria de Cultura, a gente ficaria órfão. Isso é uma coisa que não pode acontecer. E nós ficamos órfãos ao nível federal pela extinção do Ministério da Cultura”, afirmou Xangai. Ele ainda prestou homenagem ao cineasta Daniel Almeida e ao produtor cultural Nagib Barroso. “Toca-me o coração a sua coragem, Daniel. O mundo inteiro está tendo a oportunidade de ver de assistir Alice dos Anjos pela sua maestria”, declarou. Xangai destacou ainda uma visita que fez ao Ministério da Cultura, buscando recursos a serem investidos em Vitória da Conquista. “Vocês não imaginam a maneira como fomos recebidos em Brasília. As portas se abriram”, comemorou Xangai.

Temos que olhar para os profissionais da cultura – O líder da bancada de situação, Edjaime Rosa Bibia (MDB), iniciou seu pronunciamento parabenizando o ex-secretário de Cultura de Vitória da Conquista, Nagib Barroso, pela honraria recebida nessa Sessão Especial. Ao falar sobre o ex-secretário, o parlamentar afirmou que ele é uma referência para o município e desempenhou um bom trabalho à frente da Secretaria de Cultura. Ainda pautando as questões culturais de Vitória da Conquista, Bibia falou que todos os parlamentares da Casa Legislativa trabalham junto com a prefeita Sheila Lemos (UB) para expandir a cultura no município. Conforme dito pelo vereador, “precisamos olhar pela cultura, pelos profissionais da cultura”. Além disso, citou a tradição do Terno de Reis e as cavalgadas, que geram emprego e renda para Vitória da Conquista. Para finalizar seu discurso, o edil falou sobre a festa junina que acontecerá no Centro Cultural Glauber Rocha e que espera mais de 20 mil pessoas para esse evento.

Importância das ações culturais no cotidiano – O vereador Subtenente Muniz (Avante) destacou que a cultura está presente na vida de todos e durante seu período de 30 anos na Polícia Militar, sempre fez questão de participar de qualquer ação de cultura em parceria com a corporação. O parlamentar também ressaltou sobre a audiência pública sobre a cavalgada – realizada na última terça-feira (11) – a qual considerou como “totalmente cultural”. O edil também salientou a importância de levar eventos culturais em comunidades da cidade e da Zona Rural.

HOMENAGENS:


Homenagem tem que ser em vida – O produtor cultural Nagib Barroso, um dos homenageados do dia, relembrou a forma como fazia para divulgar seus trabalhos no início de sua carreira, destacando a sua música que rodou a América Latina. “Foram 12 CDs, mais ou menos 25 anos de trio elétrico”, contou. Ressaltou a importância de diversos artistas locais e recitou uma música de Nelson Cavaquinho e Guilherme Brito. Finalizou agradecendo todos que de alguma forma contribuem para o desenvolvimento cultural e disse que “como Glauber Rocha sempre disse, não me exija coerência, eu sou artista!” e completou lembrando que as homenagens devem ser realizadas e reconhecidas em vida, por isso agradeço a todos pela homenagem desse dia”. E outra frase que eu gosto muito” se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente.”

Produção audiovisual – A outra homenagem foi entregue à Ato3 Produções Artísticas, responsável pela produção de curtas e longas-metragens que tem circulado o Brasil e o mundo nos principais festivais nacionais e internacionais de Cinema.

Daniel Leite Almeida, diretor da Ato3, agradeceu à Câmara e ao Conselho Municipal de Cultura ao receber medalha. “Aqui é uma cidade que tem Glauber Rocha. A gente tem um cinema pulsante na cidade, que tem conquistado espaços”, apontou ele. “É muito simbólico a medalha Glauber Rocha ser entregue a um grupo de cinema”, complementou.

Daniel cobrou mais atenção do poder público. “É importante termos mais espaços de escuta para o setor audiovisual”, concluiu.


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