CONQUISTA | Audiência Pública discute coleta seletiva do lixo

Imagem Audiência Pública discute coleta seletiva do lixo em Vitória da Conquista
Foi realizada na tarde desta segunda-feira, 21, na Câmara Municipal de Vitória da Conquista, uma audiência pública que discutiu o “Lixo Zero” na cidade.

Proposta pelo vereador Fernando Jacaré (PT), o objetivo foi discutir a Lei Nº 2.328/2019, que estabelece que a última semana do mês de outubro seja marcada pela comemoração da “Semana Lixo Zero” em Vitória da Conquista. 
Conscientização de que cada indivíduo é responsável pelo cuidado com o lixo – Abrindo os trabalhos, o vereador Fernando Jacaré (PT) falou sobre o projeto de lei de sua autoria que objetiva instituir no calendário oficial a Semana Municipal do Lixo Zero, no município de Vitória da Conquista, além de impactar na melhoria da limpeza pública, da destinação correta dos resíduos e incentivos à pesquisa e integração de instituições públicas e privadas locais e sociedade civil para geração de tecnologias e estudos sobre gestão e tratamento de resíduos, bem como na comunicação com a população, inserindo o assunto no dia a dia das pessoas.
Período de muito calor favorece desastres ambientais de grande proporção – A secretária municipal de Meio Ambiente, Ana Cláudia Passos, lembrou que “estamos em período de seca, momento delicado onde qualquer resíduo é motivo de gerar incêndio e danos irreparáveis”. A secretária disse, ainda, que existe um descarte inapropriado do lixo na cidade e que a secretaria vem realizando trabalhos periódicos, cumprindo cronogramas. “Lutamos contra a problemática que aumenta cada vez mais, temos que fazer um trabalho de conscientização para que as pessoas entendam a importância do descarte correto”, finalizou.
A universidade conscientiza estudantes e funcionários – Representando a prefeitura do campus de Vitória da Conquista da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), o Sr. Adriano Calixto afirmou que é necessário desenvolver políticas públicas pelo meio ambiente e relatou a experiência realizada na UESB, em parceria com a Defensoria Pública. Adriano disse que o fluxo de pessoas na universidade é grande e é preciso passar informações, além de realizar todo um trabalho de conscientização com o setor de serviços públicos da instituição.
Conscientização da população é fundamental – Representando a Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC, Miguel Flávio parabenizou o projeto e ressaltou a construção da consciência. “Não paramos pra pensar sobre a coleta do lixo. Precisamos ter cuidado com isso”. Falou sobre o projeto do vereador Fernando Jacaré e disse que ficou feliz ao ver os objetivos que o projeto pretende alcançar. “Precisamos olhar para nós mesmos. Temos uma cidade grande, as cooperativas e os catadores não dão conta e não é uma exclusividade de Conquista, é um problema mundial”. Lembrou que as praias e as praças estão cada vez mais sujas. “A FTC, assim como todas as instituições de ensino superior da cidade, se preocupa e o que fazemos não é mais que a nossa obrigação”. Flávio finalizou dizendo que a conscientização não é só para alunos, professores e funcionários, através do Programa Verde, é preciso divulgar cada ação para a comunidade, “para que possamos ter uma vida melhor”.
É necessário pensar em todo o meio ambiente, não só no ser humano –Representando uma farmácia de Manipulação, Tomé Alcântara Azevedo afirmou que o cuidado com o lixo é sempre a última opção das pessoas, e o problema do resíduo mal encaminhado cumulativo e resulta em consequências ruins para toda a população no futuro. Tomé também afirmou que é preciso pensar no meio ambiente como um todo e que cada um tem a responsabilidade de cuidar do próprio lixo.
Indispensável a capacitação dos catadores – Norma Suely, representante da Cooperativa Conquista Reciclagem há 15 anos, pediu a capacitação dos catadores de lixo: “Em todo esse tempo ainda tenho dificuldades em orientar os catadores, porque muitos não sabem como separar o lixo”. Ela sugeriu que uma preparação fosse feita com essas pessoas, pois existe os que fazem parte da associação e os que não fazem. “Eles vivem do lixo, mas tem ainda os moradores que também não sabem separar”, lamentou.
Secretaria de Serviços Públicos vem realizando limpezas periódicas – O coordenador de Limpeza da Secretaria de Serviços Públicos de Conquista, Thiago Silva, disse que há 8 anos vem trabalhando com a limpeza da cidade e afirmou que “com esse projeto, a Câmara faz o papel do poder público”. E ressaltou que “o grande desafio passa pela educação ambiental. Conquista é um município que produz mais de 250 mil kg de resíduos por dia e todo esse material vai para o aterro sanitário municipal”. Finalizou lembrando que toda a equipe da secretaria vem tentando minimizar o impacto que esse lixo traz ao meio ambiente.
A reeducação da população é importante – A engenheira sanitarista da Prefeitura de Vitória da Conquista, Márcia Amorim, relatou sobre a necessidade de reeducação dos moradores, em especial, da Zona Oeste da cidade, e falou sobre as tentativas de criação de uma cultura de coleta seletiva na cidade. A engenheira ressaltou que a prefeitura tem feito um projeto piloto nos bairros Brasil e Recreio para posteriormente levar a toda a cidade.
Se a coleta seletiva custar R$1 centavo aos cofres públicos, significa que é ineficaz – A defensora Pública, Kalyane Gonzaga, contou sobre a parceria da defensoria com a UESB, por meio do Programa Mãos que reciclam. Ressaltou que toda a atividade de gestão ambiental deve ser gratuita. “Quanto custa aos cofres públicos a coleta seletiva? Se custar R$ 1 centavo é ineficiente”, afirmou. Ela disse ainda que “os catadores e catadoras são responsáveis por 90% dos resíduos que chegam às indústrias e 90% do material reciclável passa pelas mãos dos catadores, o que significa que não houve coleta seletiva”. Kalyane disse que mais de 400 famílias vivem da coleta. “São pessoas que catam lixo e não material reciclado”. Segundo ela, na Bahia não existe, ainda, nenhuma iniciativa de coleta seletiva eficaz. “Minha missão é falar em nome dos catadores e catadoras. Hoje, a UESB tirou Dona Mariana das latas de lixo. Ela recebe todo o material já separado e hoje ela é catadora de material reciclável”.
Contou que na Defensoria Pública existe um Eco ponto e que a catadora que recebe o material tem uma renda de R$ 400,00 por semana. “O bem reciclável é um bem responsável. O processo é simples, basta separar o lixo seco do molhado”. E citou diversas formas de ajudar na preservação do meio ambiente.  “Mandamos para o aterro 80% daquilo que poderia ser reciclado. Lixo é o que desperdiçamos”. Finalizou propondo que “se não houver coleta seletiva na Casa do Povo, que a partir de amanhã possamos ter orgulho de ter coleta seletiva com eco ponto. Cada um de nós devemos fazer nossa parte, começamos separando fração seca, e dando a destinação correta ao lixo perigoso”.
Parceria com instituições locais visando o social – Representando uma farmácia de Manipulação, Eleide Rosa disse que todos devem motivar e aprimorar o cuidado com o meio ambiente, e que a empresa que representa sempre teve a intenção de fazer projetos sociais formando parcerias com entidades locais. Eleide ressaltou que a empresa quer crescer visando a população conquistense e sempre engajada no futuro e no social. Por fim, citou a parceria da empresa com a Casa do Amor, e como, de maneira inesperada, a farmácia foi homenageada na Câmara, no mês de abril deste ano, com uma moção de aplauso por suas ações sociais.
No fim, alunos dos colégios Sá Nunes e Euclides Dantas apresentaram projetos, criados por eles, com o objetivo de ajudar na preservação do meio ambiente na cidade de Vitória da Conquista.
Imagem Câmara realiza audiência pública sobre a Semana Lixo Zero


Lixo Zero – O conceito Lixo Zero consiste no máximo aproveitamento e correto encaminhamento dos resíduos recicláveis e orgânicos e a redução – ou mesmo o fim – do encaminhamento destes materiais para os aterros sanitários eou para a incineração.
Segundo o conceito estabelecido pela ZWIA – Zero Waste International Alliance –Lixo Zero é: “uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas e práticas de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso pós-consumo.”
Uma gestão Lixo Zero é aquela que não permite que ocorra a geração do lixo, que é a mistura de resíduos recicláveis, orgânicos e rejeitos.
Podemos também dizer, que Lixo Zero é um conceito de vida (urbano e rural), no qual o indivíduo e consequentemente todas as organizações das quais ele faz parte, passam a refletir e se tornam conscientes dos caminhos e finalidades de seus resíduos antes de descartá-los.
Os R’s do Conceito Lixo Zero
REPENSAR: Acabar com a ideia que resíduos são sujos. Não descartar no lixo comum ou misturar materiais que poderiam ser reciclados.
REUTILIZAR: Diversos objetos e materiais podem ser utilizados de outra maneira antes de serem encaminhados para a reciclagem. Ex.: usar uma folha de papel dos dois lados.
REDUZIR: Gerar o mínimo possível de lixo. Ao invés de lixeiras, residuários e contentores para acomodar os materiais.
RECICLAR: Aproveitar a matéria prima do resíduo para fabricar o mesmo ou outro tipo de produto, sem encaminhá-lo para aterros.
De quem são as responsabilidades?
Indústrias: na produção e design dos produtos.
Comércio: comercializa os produtos das indústrias.
Consumidor: na extremidade final do sistema: o consumo, o uso e o descarte.
Governo: para harmonizar a responsabilidade de ambos: comunidade e indústria.

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