CONQUISTA | Atenção Básica não funciona e sobrecarrega UPA; crianças são as que mais sofrem

Uma cena que se repete dia após dia na UPA de Vitória da Conquista: dezenas de pessoas, a grande maioria crianças, aguardam horas e horas por atendimento, apesar de chegarem cedo. 80% da demanda é para Atenção Básica, mas ela não funciona a contento e sobrecarrega a UPA. Não existe prioridade, como relata ao Sudoeste Digital a mãe de uma pequena paciente, às 16 horas desta segunda-feira, 13: “Estou com minha filha aqui desde 12 horas. Ela se encontra com muita dor no peito e na cabeça. Só passou na triagem e até agora não foi atendida”.

SITUAÇÃO ANTIGA – Em audiência pública no final de novembro deste ano, o conselheiro do Conselho Municipal de Saúde, Ricardo Alves, cobrou a estruturação da atenção básica no município. “Desde 2019 estamos denunciando o colapso da atenção básica. Quando a UPA está lotada é porque a atenção básica está falhando”, disse o conselheiro.

“Precisamos estruturar uma política de atenção básica. A atenção básica não pode ser substituída por feira de saúde”, disse Alves, em tom de crítica ao modelo de gestão adotado pelo Governo Municipal. De acordo com ele, a falta de equipes de Saúde da Família e de médicos são graves problemas enfrentados pela saúde no município.

Na mesma oportunidade o diretor-geral do Complexo Hospitalar HGVC UPA, Geovane Moreno, ressaltou a importância da atenção básica para todo o sistema de saúde. “Tudo aquilo que afeta uma esfera vai afetar todo o sistema positiva ou negativamente”, explicou.

“Uma atenção básica enfraquecida ou desarticulada dos outros entes dessa rede, o Pronto-Socorro aumenta a sua densidade de pessoas, isso é fato”, emendou. Para o diretor, todo o sistema depende da atenção básica. “Não há salvação para o nosso sistema fora da atenção básica. Se não tiver uma atenção básica bem estruturada, você não tem como garantir a integralidade do sistema, o bom funcionamento do sistema”, finalizou Moreno.

VEREADORES SE MANIFESTAM – A vereadora Viviane Sampaio (PT) destacou que os vereadores e especificamente a Comissão de Saúde precisam averiguar as informações a respeito dos recursos financeiros aplicados. “Nós temos grande obrigação de fiscalizar todos os recursos investidos. Temos a obrigação de averiguar todas as denúncias que aqui chegam”, disse ela.

Sampaio lembrou que a Lei Orçamentária Anual já está em tramitação na Casa e que os parlamentares estão debruçados para entender a aplicação de recursos proposta pelo Governo Municipal. “Estamos aqui também já apreciando a LOA. Temos a obrigação de nos debruçar onde os recursos estão sendo priorizados pelo Governo Municipal”, contou a vereadora.
O vereador líder da Bancada de Oposição, Valdemir Dias (PT), por sua vez, lamentou a sobrecarga da UPA e dos hospitais e atribuiu isso à ausência da atenção básica nas unidades, ressaltando a necessidade de se discutir os porquês do problema e apontar soluções.

A reportagem do Sudoeste Digital entrou em contato com as secretarias municipal e Estadual de Saúde, mas até o momento obteve retorno apenas da SMS de Conquista. LEIA ABAIXO. A equipe do site acompanha de perto a situação relata pelos leitores.

Nota ao Sudoeste Digital

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que as unidades de saúde não estão fechadas e funcionam normalmente com as todas as 49 equipes de saúde durante toda a semana, prestando atendimento, exclusivamente, aos munícipes de Vitória da Conquista.

Apenas seis unidades de saúde estão com falta de médico na equipe de saúde, por conta da dificuldade do credenciamento de profissionais para assumirem. A Prefeitura está aguardando a finalização do processo de seleção do Programa Mais Médicos do Governo Federal para preenchimento de algumas dessas vagas. No entanto, os atendimentos dessas unidades estão sendo remanejados para outras unidades de saúde para que os pacientes recebam assistência médica dentro da própria rede municipal de saúde.

Secom, 13 de dezembro de 2021


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