A busca pelo conhecimento do mundo que nos cerca é algo que move cientistas e pesquisadores ao longo da história da humanidade. Parte desse movimento aconteceu nas grandes navegações, em que pesquisadores buscavam conhecer e classificar o mundo ao nosso redor.
Foi em uma dessas expedições, em 1815, que o príncipe Maximiliano Alexandre Felipe, conhecido por príncipe Maximilian zu Wied-Neuwied, esteve no Brasil, buscando estudar a fauna e a flora da América. Os diários que o príncipe produziu ao longo dessa expedição possuem registros que são utilizados, até hoje, por pesquisadores de diversas áreas.
Ao longo da viagem, o príncipe optou por pesquisar o interior do estado da Bahia, passando por Vitória da Conquista. A decisão, pouco comum para os pesquisadores da época, resultou em uma descrição rica da fauna, flora, habitantes e estruturas do, até então, Arraial da Conquista, que, posteriormente, se tornou a cidade de Vitória da Conquista.
O estudo aponta a importância das descobertas realizadas pelo príncipe na expedição de 1815, além de identificar que 20 espécimes de plantas citados por Maximilian ainda não haviam sido citados como ocorrentes na área até aquele momento. “Ele coletou muitos espécimes que foram novos registros para a ciência, que ninguém conhecia. Então, a passagem do príncipe por essas regiões trouxe informações para a sociedade sobre a biodiversidade brasileira”, explica o professor Claudenir.
Terminada essa etapa, os pesquisadores começaram a planejar a própria expedição pelos locais citados pelo príncipe, confeccionando um mapa comparando os registros com mapas antigos e modernos. Com a rota traçada, os pesquisadores foram a campo, conseguindo identificar algumas das espécies citadas por Maximilian, que persistem na região apesar do desmatamento ocorrido nos últimos 200 anos, que pode ser notado com base nas descrições da paisagem presentes na obra.
Para além do campo da taxonomia vegetal, Claudenir aponta a importância dos registros sobre os vestuários, rituais de caça e de festas dos povos originários que habitavam a região de Vitória da Conquista. “Poucos naturalistas que passaram pelo Brasil faziam registros sobre os comportamentos e costumes dos povos originários. Então, essas anotações no diário do príncipe são importantíssimas”, reforça.
Essa e outras pesquisas estão disponíveis no site do “Ciência na Uesb”