CIDADANIA | Docentes do curso de Direito da Fainor coordenam pesquisa acadêmica sobre povo Warao em Vitória da Conquista

SUDOESTE DIGITAL (Da redação) – Um trabalho de conclusão de semestre (TCS) de estudantes do 4º semestre do cursos de Direito da Fainor, sobre indígenas venezuelanos da etnia Warao, que chegaram a Vitória da Conquista a partir de outubro de 2020, tem ganhado destaque nas redes sociais por apresentar um novo olhar sobre os migrantes.

A pesquisa, desenvolvida sob a orientação e supervisão dos professores Fábio Barbosa e Gilson Santiago, da disciplina Projeto Integrador – Direitos Humanos e Constitucional III, foi publicada pelos discentes esta semana.

Além do conteúdo prático e teórico para futuras orientações de pesquisadores sobre o tema, esse trabalho de extensão propõe ampliar a visibilidade aos direitos desse povo. Divididos em equipes, os estudantes abordaram diversos temas, a exemplo da formada por Agmailson, Arnaldo Vieira, Hemerson Dias, Luiza Eduarda, Mariana Valesca e Saulo Alencar, que destacou a “coleta de dinheiro nas ruas”.

Também foi tema de pesquisa – a cargo das discentes Déborah, Ciro, Lívia, Lohanna, Luana, Luiza, Monique, Nicole, Roberta, Sabrina e Vanessa – a recente tentativa de retirada compulsória das crianças Warao das ruas.

Em agosto deste ano existiam 16 núcleos familiares de migrantes indígenas da etnia Warao em Conquista.

Entre 2022 e 2023, Vitória da Conquista possuía apenas dois núcleos familiares de migrantes da etnia Warao. A partir de fevereiro deste ano, o ciclo de migração aumentou e hoje já possui um total de 11 famílias de imigrantes venezuelanos da etnia Warao, contabilizando aproximadamente 70 pessoas.

Dados de setembro deste ano apontam que, somente na zona rural de Itapirema, a cerca de 8 km de Conquista, 40 migrantes venezuelanos estavam abrigados em prédios municipais. Por intermédio de políticas públicas eles têm acesso a cursos e capacitações, tais como curso de português, de artesanato e oficinas que estimulem o empreendedorismo e a inserção no mercado de trabalho.

A equipe de Ana Luíse Amoedo, André Luís, Caio Roberto Correia, Carol, Davi Luís Prado, Erick Farias; Luís Gustavo Batista, Luiz Gustavo de Oliveira, Lucas Prado, Miguel Guerra, Nathan Bomfim e Rebeca Gusmão abordou a cultura – como artesanato, vestimentas, dança, religião, agricultura, caça e pesca – e a formada por André Cavalcanti, Arthur Brito, Clara Figueiredo, Giselle Pires, João Cléber, Maria Angélica e Maria Eduarda Junqueira enfatizou os aspectos históricos, contando a história de migração e luta.

SAIBA MAIS – O povo Warao é um grupo étnico indígena venezuelano que viveu por mais de 8 mil anos na região do delta do Rio Orinoco. Atualmente, são a segunda maior etnia do país, com cerca de 49 mil pessoas.

O nome Warao significa “povo da canoa” na língua do povo, e reflete a sua ligação com os rios e áreas alagadas onde vivem. A canoa é um elemento central na vida dos Warao, sendo utilizada para pesca e transporte.

Os Warao são agricultores e pescadores tradicionais, e se alimentam do que plantam, colhem e cozinham. Cultivam macaxeira, abóbora, batata e fazem seu próprio pão. Um dos alimentos tradicionais dos Warao é o donplina, feito com massa de arepa e carne desfiada de caça ou frango.
Os Warao também fazem uso de plantas como a folha de praia e o cariaquito para combater doenças causadas por desiquilíbrios espirituais e físicos.

Desde pelo menos 2014, há registros de presença migratória de Warao no Brasil, em busca de melhores condições de vida. Atualmente, estima-se que haja mais de 7 mil Warao no Brasil, distribuídos em todas as regiões do país. Apesar de não terem terra tradicionalmente ocupada no Brasil, os Warao podem exercer os demais direitos, como o direito à reserva indígena.


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