CASO SURTE | Um ano depois, UESB deve à comunidade resposta sobre as denúncias de assédio

Um ano se passou. Exatos 368 dias depois de o Sinjorba denunciar à UESB práticas de assédio moral no âmbito da Assessoria de Comunicação e da TV e Rádio (Surte), a Reitoria da Universidade ainda deve uma resposta concreta à comunidade sobre o tema.

“É isso mesmo. Em mais de um ano, quem comanda a instituição ainda não tem uma conclusão da situação”, observa o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba).

Em conteúdo postado em sua página, o órgão destaca que “quando fez a denúncia, em 1º de março de 2023, após ser procurado por quatro servidores, o Sindicato não tinha muita expectativa que a questão fosse tratada pela UESB com a seriedade que os fatos graves denunciados mereciam”.

E segue: o histórico da instituição falava por si só. E foi o que se viu desde então. O comportamento de quem comanda a universidade foi passivo, omissivo, leniente e moroso, só atuando sob pressão e após medidas externas.

De acordo com o sindicato, a instituição foi omissa. “Ao responder carta do Sinjorba, a Reitoria tentou desacreditar os servidores denunciantes e, infantilmente, cobrar do Sindicato postura que cabe a veículo de comunicação. Depois, tentou ganhar tempo, mas foi apanhada pela notificação de investigação pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Aí, no mesmo dia, correu para instalar a sindicância, publicada no dia seguinte. O afastamento do principal acusado de UM dos TRÊS cargos de chefia que ocupava na universidade só veio se dar depois disso”.

Leia mais sobre o assunto postado pelo Sinjorba:
SINDICÂNCIA INDICA PAD

A Sindicância apurou os fatos. Os quatro denunciantes confirmaram a denúncia. Outros quatro confirmaram o seu teor. Em 30 de maio de 2023 a Comissão entregou relatório indicando a Processo Administrativo Disciplinar (PAD) QUATRO servidores.

A Reitoria descansou. Apostando que a situação perdesse interesse, ficou meses sem se pronunciar. Novamente apanhada em morosidade, recebeu notificação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para afastar de TODOS OS CARGOS o principal acusado de assédio, como consequência de uma Ação Civil Pública, pleiteando condenação por Dano Moral Coletivo, movida pelo Ministério Público do Trabalho, que investigou a situação e chegou às mesmas conclusões da Comissão de Sindicância.

A Reitoria correu para proteger os seus. Pediu ao TRT que não afastasse o principal acusado de UM dos TRÊS cargos que ocupava na universidade. E, quase quatro meses depois, quando no Tribunal do Trabalho já corria a Ação contra a UESB, o comando da instituição decidiu se pronunciar sobre o relatório da Sindicância, anunciando instalar um PAD 25%.

Sim, contrariando os três professores da UESB que indicaram a PAD quatro servidores, a Reitoria decidiu reduzir a questão a apenas uma pessoa. Incrivelmente, manteve acumulando DOIS cargos (Chefia do Surte e da Assessoria) uma servidora que a Sindicância indicou a Processo Administrativo. Não foi estranho, pois, que o Sinjorba continuasse recebendo informações de que o assédio permanecia ocorrendo nos dois setores, contra servidores que confirmaram o assédio à comissão sindicante. A entidade denunciou essa situação ao MPT e ao TRT.

No intervalo entre estes fatos, uma nova denúncia de assédio moral foi protocolada na Ouvidoria envolvendo duas das mesmas pessoas que a Sindicância indicou a PAD. Foi no dia 6 de junho de 2023. Agora eram NOVE os funcionários que dizem haver assédio moral na Assessoria de Comunicação e no Surte. Em 14 de setembro de 2023, a ouvidora enviou email ao servidor denunciante indicando que suas denúncias seriam tratadas. Nada, até hoje, 04 de março de 2024, quase nove meses depois, a denúncia descansa numa gaveta da UESB.

ASSÉDIO JUDICIAL E FAKE NEWS

De março para cá, os acusados de assédio, talvez sentindo-se protegidos pela autoridade máxima da instituição, resolveram partir para o ataque. Os quatro servidores que a Sindicância indicou a PAD entraram com ações judiciais com pedido de indenização contra os servidores denunciantes e contra o Sinjorba e dois dos seus diretores. Além de tentarem auferir vantagem financeira, buscam claramente intimidar quem ousou quebrar um tabu da UESB.

Em paralelo, inventou-se um fake news de que alguém na diretoria do Sindicato teria um relacionamento pessoal com uma servidora que denunciou o assédio. Em um grupo de um vereador do PT de Vitória da Conquista, um cidadão, ao comentar o escândalo de assédio da UESB, foi além e postou que o presidente da entidade tinha uma “relação incestuosa” (sic!) com uma denunciante.

Enfim, um ano depois, a universidade continua devendo. Em dezembro de 2023, anunciou medidas contra o assédio, para o futuro. Para o presente e o passado, nenhum anúncio. Em março de 2024, a comunidade continua esperando uma resposta para as denúncias feitas por CINCO jornalistas, confirmada por outros QUATRO colegas.

Enquanto isso, no dia 13 de março que vem, acontece audiência no TRT em torno do processo movido pelo MPT. A esperança vem de fora. O Sudoeste Digital tenta contato com a Uesb.


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