Caso Geddel aumenta insatisfação do PSDB com governo Temer

PSB e DEM também estão impacientes com falta de perspectiva na economia.© Foto: Marcos Correa
Presidência da República
PSB e DEM também estão impacientes com falta de perspectiva na economia.
O envolvimento do presidente Michel Temer no caso que derrubou Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo é o mais novo elemento a aumentar a decepção de três importantes aliados — PSDB, DEM e PSB — com os resultados apresentados pelo governo do PMDB. O que está na origem desse desconforto é a falta de perspectivas de melhoria da economia e a insatisfação popular.
Dirigentes desses três partidos defendem que a alternativa seria aumentar sua participação nas decisões econômicas. Os aliados querem medidas mais assertivas do presidente.
Reservadamente, aliados da gestão Temer comentam que o próprio Temer já não acredita mais que as medidas implementadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sejam capazes de fazer o país retomar o crescimento e sair da estagflação (estagnação somada à inflação), com geração de empregos. A sensação do mercado, dizem os aliados, é que Meirelles está perdendo o fôlego. Uma das sugestões seria aumentar a participação em sua equipe, como a colaboração informal de outros economistas, como Armínio Fraga.
Apesar do mal-estar entre os aliados, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), diz que não há possibilidade de descolamento dos tucanos do governo neste momento. Ele deu o termo “pinguela”, usado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e diz que o país precisa fazer uma travessia para chegar a 2018. Abandonar o PMDB agora, afirma Aécio, iria “arrebentar o país”. Ainda assim, o dirigente tucano ampliou suas críticas.
— O governo precisa de um animador de auditório na economia e de uma comunicação mais efetiva dos programas sociais. Um exemplo seria dar a garantia de que o Bolsa Família continuará em qualquer situação. Não ficar só no aperto fiscal, tem que mudar o disco e sair do ajuste, ajuste, ajuste, tem que ter uma política de proteção social mais explícita — diz Aécio.
No PSB, a crítica é estendida à ortodoxia fiscal. O partido não se sente representado nas medidas tomadas por Temer, mas dirigentes ponderam que sair do governo neste momento seria ainda pior para o país.
— Há uma visão divergente do partido com a ortodoxia fiscal, é uma visão muito financista. Não somos contra, mas não pode ser um fim em si mesmo. Tem que ter um objetivo da retomada do crescimento, geração de emprego, a produção ser estimulada pelo governo para que o país saia da recessão. O governo não aponta nessa direção — diz Carlos Siqueira, presidente do PSB.
No DEM, houve muito incômodo com a crise gerada por Geddel. No partido, a avaliação é que o presidente deveria ter dado um basta a esse comportamento, considerado comum a integrantes do PMDB.
Reservadamente, os aliados do governo dizem que a visão de Temer sobre o caso Geddel foi “bastante decepcionante” e reduziu ainda mais seu capital político para fazer as reformas esperadas para recuperar a economia, desde o impeachment de Dilma Rousseff.
— O comportamento de Geddel não foi surpresa. Mas o presidente da República se envolver numa questão pequena dessas causou bastante desconforto. Esperamos que a pronta reação da sociedade lhe sirva de lição — diz um dos dirigentes aliados.
Um integrante do DEM diz que era previsível o governo se envolver num episódio como o do ex-ministro da Secretaria de Governo, que expôs a confusão que os peemedebistas fazem entre o público e seus interesses pessoais.
— Estamos andando numa ponte de cordas, segurando para não cair — afirma um líder do DEM.


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