CASO DR. ORCIONE JR. | Inquéritos contra médico ginecologista serão remetidos ao Ministério Público da Bahia

SUDOESTE DIGITAL – O coordenador da 10ª Coorpin, delegado de Polícia Civil Fabiano Aurich, garantiu que os inquéritos do “Caso Orcione Júnior”, médico ginecologista (imagem acima) acusado de uma série de estupros em Vitória da Conquista, serão remetidos da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) ao Ministério Público estadual (MPe) nessa sexta-feira, 20.

Um total de 29 denunciantes prestou queixa na DEAM contra o médico ginecologista, relatando supostos assédios sofridos durante as consultas.

Segundo o delegado Aurich (na imagem acima, ao lado da delegada Decimária Cardoso), houve uma dificuldade de administração com relação à delegacia, de dar vazão a esse procedimento. “Chamamos a delegada e perguntei se havia necessidade de determinar que outro delegada ou outra delegada, de outra delegacia viesse executar esse serviço e fizemos um acordo para que fosse finalizado”.

No último 10 de março completou 10 meses das denúncias contra o médico ginecologista, Orcione Júnior, que atende em Vitória da Conquista. (RELEMBRE O CASO)

As primeiras denúncias aconteceram através de uma publicação nas redes sociais com a foto do médico. No texto uma das mulheres iniciou dizendo: “Há dias estou pensando por onde começar, porque eu não queria ficar calada, pois sei que o que aconteceu comigo pode acontecer com outra garotas”, e relatou o assédio durante a consulta.

Entidades em Defesa da Mulher, reclamavam da demora no andamento do caso. A vereadora Nildma Ribeiro (PC do B), relatora da Comissão de Direitos Humanos e Defesa da Mulher da Câmara Municipal, que acompanha o caso desde o surgimento das primeiras denúncias, disse lamentar a demora.

Imagem Caso Orcione: Comissão de Mulheres da Câmara quer celeridade nas investigações e julgamento do acusado

“É um momento lamentável. São 10 meses aguardando. Foram 29 mulheres, vítimas, denunciantes. Então esperamos mais agilidade por parte da DEAM, porque são mulheres e a sociedade aguarda uma resposta, essas vítimas aguardam uma resposta”, disparou.

Arlene Ribeiro, presidente do Conselho Municipal dos Diretos da Mulher de Vitória da Conquista, também comentou sobre o assunto. “Temos cobrado das autoridades uma postura correta no desenrolar dessas questões“.

A delegada titular da DEAM, Decimária Cardoso, disse que o caso exigiu rigor nas apurações, o que demandou muito tempo nas investigações. “”Como foram 29 vítimas o entendimento foi o de fazer cada inquérito separadamente”, explicou.

“Instauramos 29 inquéritos e acaba ficando muito mais trabalhoso se você apura num só inquérito. Fizemos isso porque entendemos que fica mais claro de uma forma, porque fatos aconteceram de uma maneira; outra vítima, de outra e aí o processo não vai ficar um dependendo do outro.

A defesa do acusado não foi localizada para se pronunciar a respeito do caso. A advogada das denunciantes, Andressa Gusmão (imagem acima), por sua vez, ressaltou a importância de as denúncias chegaram aos promotores de Justiça.

“Os inquéritos policiais que já foram remetidos para o Ministério Público, através de sorteio eletrônico, estão divididos para os promotores criminais da comarca e cada um vai examinar o que recebeu, vai fazer a tipificação de acordo com o seu próprio entendimento, podendo ou não seguir a tipificação da delegada da DEAM e a partir daí vão ser oferecidas as denúncias individuais que darão ensejo ao processo criminal”.

A secretária de Políticas para Mulheres (SPM), Julieta Palmeira, que visitou as dependências da DEAM, no último dia 11, também falou sore o caso. “A SPM entende que toda acolhida deve ser dada a essas mulheres que foram atingidas por violência sexual e que estão registrando essa violência e que se proceda a justiça, ou seja; que o inquérito policial siga para a instancia jurídica e que se proceda o julgamento”. A sociedade conquistense deve estar bem alerta para esta questão e que as denúncias foram feitas por 29 mulheres.

Depoimentos nas redes

Denunciado, há 10 meses, por meio de um perfil anônimo chamado “diganaovca” (as últimas três letras se referem a Vitória da Conquista), a publicação afirma que “há algumas semanas” a denunciante esteve no consultório do médico Orcione Júnior para realizar um exame preventivo e “no início, a consulta estava seguindo com normalidade, até eu achar estranho/desnecessário ele elogiar o meu clitóris”.

“Seu clitóris é um pouco grande, mas é bonito e interessante”, foi o que a moça relatou ter ouvido do médico Orcione Júnior. “A partir daí não tive nem reação para respondê-lo”, acrescentou.

“A consulta continuou e ele estava colhendo o meu material, até que eu senti que ele estava tentando estimular o meu clitóris, mas como ele ainda estava colhendo o material eu até achei que seria normal, foi quando ele tirou o espéculo [instrumento usado para dilatação], mas ainda assim continuou na tentativa de me estimular”.

A moça diz que em seguida o médico pediu que ela retirasse a blusa para examinar os seios e que logo depois tentou guiar o braço dela em direção ao pênis dele, “e no primeiro momento ele obteve êxito, pois eu achava que era a posição correta que o braço teria que ficar e nesse momento eu senti que o pênis dele estava ereto”.

“Foi aí que eu tirei meu braço de perto dele e só tremia”, relatou a suposta vítima. “Depois, me pediu pra ir vestir minha roupa e assim eu fiz. Quando voltei, ele me pediu para sentar e foi aferir minha pressão. Ele segurou meu braço de uma forma que queria que a minha mão passasse novamente no pênis dele, mas eu esquivei e coloquei em cima da mesa. Logo depois disse que a minha pressão estava normal e que eu poderia voltar com 30 dias para pegar o resultado”.

A moça diz ainda que “talvez eu não tenha sido a primeira, mas tenho certeza que não serei a última, fui atrás de um profissional e me deparei com isso. Minha mente ficou perturbada por dias”, diz o relato complementar publicado no Story do Instagram, onde foram publicados outros relatos também anônimos de mulheres que se dizem assediadas de forma semelhante. | Com informações de Joana Rocha, Uesb FM.

O QUE JÁ FOI NOTÍCIA SOBRE O CASO:

DENÚNCIA | Ginecologista é suspeito de assediar 24 mulheres durante consultas em Conquista


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