Os gêmeos João Pedro e João Henrique Lima da Silva, 14 anos, moradores de Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, e que desapareceram no último sábado (26), ganharam a estrada com o único objetivo de conhecer o mar de Salvador, onde foram localizados na segunda-feira (28).
Os jovens, moradores do Copacabana 1, no bairro de Jatobá, foram para a casa da tia, por volta das 8h, a pedido da mãe, mas não chegaram no local. Segundo a Polícia Civil, eles saíram de bicicleta e foram vistos pela última vez na Travessa Jatobá. Na sexta-feira (25), um dia antes do desaparecimento, os meninos foram para a Escola Municipal Professora Edivanda Maria Teixeira, onde estudam, e não deram nenhum indício do que fariam.
“Foi uma surpresa para todos. Eles nunca fizeram isso”, afirma uma vizinha dos gêmeos, que preferiu não se identificar.
Conhecidos contaram que os meninos sempre tiveram um comportamento normal e se destacavam por serem assíduos na escola e coroinhas na paróquia da comunidade. “Quando tinha missa, eles iam lá na paróquia. Tudo direitinho. Uns meninos bons, não sei o que deu na cabeça deles”, diz uma moradora.
De acordo com os relatos, os adolescentes são de origem humilde e costumam ajudar os pais com reciclagem e jardinagem para auxiliar na renda da família. Com o intuito de conseguir a quantia para parte do trajeto até Salvador, eles venderam a bicicleta e usaram o dinheiro da avó.
Em Feira de Santana, receberam a carona de um caminhoneiro, que os levou até Salvador, onde foram localizados na segunda-feira (28) à noite e enviados para a 3ª Delegacia (Bonfim). A Polícia Civil informou que João Pedro e João Henrique ficaram sob a guarda do Conselho Tutelar, esperando os familiares, que até o início da noite desta terça-feira (29), não haviam comparecido ao local para buscar os meninos.
Preocupação
A mãe dos gêmeos, Maria Clécia Silva Lima, registrou queixa do sumiço dos filhos na Delegacia de Vitória da Conquista e divulgou a foto dos dois nas redes sociais. A imagem repercutiu e fez a vizinhança ficar inquieta.
“Tomei conhecimento do desaparecimento dos garotos no domingo de manhã, porque todo mundo começou a compartilhar. Chegamos a pensar que poderia ter sido alguma revolta, desobediência ou agressão física que fizeram eles saírem de casa. A apreensão era grande. Nós não tínhamos ideia de que eles estariam tão longe”, conta uma moradora.
O medo da família e dos conhecidos passou a ser de não encontrar os garotos com vida. Ainda assim, o sentimento não os paralisou, e muitos conquistenses foram para as ruas e estradas em busca do rastro dos gêmeos.
“Foi uma coisa muito absurda. Ficamos aliviados por eles estarem vivos, sãos e salvos, mas, por outro lado, ficamos imaginando a falta de preocupação por parte deles com a família. É um mix de sentimentos”, resume a moradora.