CASO CAIC | Pais mantêm crianças em casa temendo novos ataques

O secretário de Educação, Esmeraldino Correia (c, à mesa) recomendou cautela.
Imagem: Secom PMVC/divulgação.

Grande parte dos 1,4 mil alunos da Escola Municipal “Paulo Freire” (CAIC), na parte oeste de Vitória da Conquista, ficou em casa a pedido dos pais, que temem novos ataques como o que vitimou uma criança de 7 anos, abusada sexualmente por três adolescentes, num banheiro da unidade, no último dia 12. (RELEMBRE O CASO).


Segundo a mãe de uma das crianças que estudam no CAIC, os pais se reuniram e optaram por deixar os filhos em casa, porém muitos resolveram levar os alunos para a escola para não prejudicar o andamento do ano letivo.

“Somente nos condomínios do Miro Cairo são 240 crianças, que além do CAIC estudam em outras escolas e creches”, contou a mãe.

“Quem levou o filho para o CAIC não esconde o medo, ainda mais porque pouca coisa foi feita até agora, desde que o menino foi atacado no banheiro”, completou. O Sudoeste Digital apurou que os pais vão cobrar posicionamento da Câmara Municipal, na sessão dessa quarta-feira, 18. “Vamos, sim. Se a gente cruzar os braços o assunto cai no esquecimento”, garantiu a mulher.

PROTESTO – Na sexta-feira, 13, um grupo de moradores, incluindo pais e alunos da unidade, levou cartazes para a frente do CAIC e cobrou apuração para o estupro sofrido pela criança de 7 anos. Um morador, por exemplo, contou que inúmeras vezes procurou a direção do CAIC para reclamar de alunos que atiram pedras em telhados e até tomam banho nos tanques das residências, escalando paredes.

“Com respeito às poucas crianças educadas, mas ali é uma fábrica de delitos, com meninos e meninas malcriados, que não respeitam ninguém”, desabafou.

Também há relatos de pessoas estranhas no prédio e até suspeita de traficantes nas imediações, cooptando crianças. “O CAIC deveria ser fechado, pois apesar de a direção ser boa, respeitosa com os moradores que vão lá fazer suas queixas, faltam monitores. Tem pouca gente pra dar conta daquela meninada”, enfatizou.

O QUE DIZ A PREFEITURA:

Secretário de Educação solicita cautela no caso 
do Caic e aguarda investigação da Polícia Civil

“Todas as providências necessárias estão sendo e serão tomadas pela prefeitura, mas é preciso aguardar a conclusão dos laudos periciais e a investigação policial que está em curso”. Com essa frase, o secretário de Educação do Município, Esmeraldino Correia, abriu a coletiva de imprensa realizada na tarde de sexta-feira, 13. 


O encontro foi realizado na sala do Conselho Municipal de Educação e teve como objetivo informar à imprensa sobre as ações adotadas pela Prefeitura acerca do caso supostamente envolvendo crianças e adolescentes, ocorrido na tarde de quarta-feira (11), nas dependências do Centro Municipal Professor Paulo Freire (Caic).


Também participaram da coletiva a secretária de Comunicação, Maria Marques; a coordenadora Pedagógica da Rede Municipal de Ensino, Tânia Novais, e o procurador jurídico da Secretaria Municipal de Educação, Leandro Aguiar.


Durante a coletiva, o secretário Esmeraldino Correia garantiu que a prefeitura irá dar total transparência ao assunto, mas que a investigação corre por conta da polícia, como determina a legislação. No âmbito interno, foi realizada uma reunião nesta quinta-feira (12), quando a equipe da secretaria se reuniu com gestores e professores da unidade escolar.


Esmeraldino Correia reforçou a importância da cautela neste momento em que a investigação está em curso. “Não vamos nos precipitar. Temos que aguardar a investigação policial. Somente o laudo técnico vai nos dizer o que aconteceu. E, a partir daí, a Prefeitura tomará as atitudes necessárias, devidas, legais e imprescindíveis”, assegurou.


O procurador jurídico reforçou: “A preocupação da equipe é evitar o pré-julgamento, acusar sem provas, atribuindo responsabilidades a pessoas que, talvez, não sejam responsáveis. Não podemos julgar ou pré-julgar e condenar as pessoas sem processo legal. Temos que aguardar a conclusão do inquérito que está sendo feito pela delegada Rosilene Correa”. 


O procurador lembrou, ainda, sobre o fato da Escola de Base, ocorrido em São Paulo, em 1994, quando a imprensa brasileira cometeu um dos seus mais históricos erros. Os donos da escola foram condenados pela sociedade e pela mídia, e tiveram suas vidas destruídas. Durante a investigação se descobriu que eram inocentes.



O estudante e a família dele estão sendo acompanhados pelo Conselho Tutelar e por uma psicóloga da Secretaria de Educação. Eles foram encaminhados ao Hospital Municipal Esaú Matos e ao Departamento de Polícia Técnica. A assistência psicológica e social está sendo disponibilizada integralmente à criança e aos seus pais. 


“Estamos disponíveis o tempo todo. O fato envolve uma criança, então, requer muito zelo, cuidado e respeito, de nossa parte, mas julgamentos apressados podem levar a graves erros”, destacou o secretário.


A Prefeitura está prestando todos os esclarecimentos necessários para o Núcleo da Criança e do Adolescente da Polícia Civil de Vitória da Conquista.


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