A Justiça de Minas Gerais agendou o julgamento do policial militar da Bahia, Amaurí dos Santos Araújo, acusado de matar a namorada Ana Luiza Souto Dompsin, em março de 2021, em Divisa Alegre (MG). O réu irá à júri popular no dia 13 de dezembro, a partir das 9h, na cidade de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha.
O caso corre em segredo de justiça, mas a informação foi confirmada pela família da vítima. A dentista foi morta aos 25 anos, com um tiro na nuca. Na ocasião, o policial militar tentou enganar a Justiça dizendo que a dentista havia se suicidado, o que foi desmentido pelas investigações.
Há quase quatro anos, Keila Souto, mãe de Ana Luiza, espera pelo julgamento do suspeito de assassinar a jovem. Com o júri marcado, ela diz acreditar que a justiça seja feita.
“Esse não é um dia feliz, não é um dia de festa, de comemoração. É um dia necessário para que a justiça seja feita. Necessário para que as pessoas vejam que vidas importam, que as mulheres não pertencem a nenhum homem e que elas merecem viver, como todo mundo merece viver. A minha luta por justiça é pela minha filha e para honrar o nome dela. É uma luta para mostrar para outras pessoas que a justiça existe e é demorada. Mas, no momento em que a gente perde um filho, o tempo é o que menos importa, né? Enfim, esse dia chegou. Eu creio que a justiça será feita nesse dia”, ressalta.
Familiares da dentista também dizem ter esperança que Amaurí seja condenado a pena máxima.
“Minha expectativa é que os jurados ouçam com muita atenção o crime, prestem muita atenção na perícia, e que eles façam Justiça com base no que aconteceu naquele dia, e no que o IML apurou. Eu espero que ele pegue a pena máxima permitida pela Constituição. Mas, por maior que seja a sentença, ninguém nunca vai saber o que eu perdi. Perder um filho não é fácil, ainda mais da forma que eu perdi, é muito mais difícil. Na verdade, eu ainda não consegui viver o luto. Minha expectativa é que ele seja punido, que perca a farda e a patente”, afirma a mãe.
“Eu esperei três anos e oito meses para esse dia. É uma expectativa muito grande, não só minha, mas de toda a nossa família. Estamos esperando uma pena máxima que é o que ele merece. Ele simplesmente ele destruiu a família Souto. Ele destruiu a reunião que a gente fazia, uma vez por ano, que se chamava ‘Encontro da Família Souto’. Não existe mais esse encontro. Essa alegria não existe mais”, comenta Camila Souto, prima de Ana Luiza.
Família desconfiava de suicídio
Keila ainda relembra que sempre acreditou que a versão dada pelo namorado da filha, a de que ela teria se suicidado, era uma farsa.
“Desde o primeiro momento que eu soube do que aconteceu com minha filha, começou uma luta. Eu tinha certeza que ela não cometeria suicídio, minha filha ela era apaixonada pela vida. Ela era muito intensa, gostava de viajar, de trabalhar, de estudar, de se divertir com os amigos. Tudo isso para ela era vida. Quando eu soube, eu já descartei essa possibilidade [de suicídio]. Sabendo do relacionamento conturbado que ela tinha com o Amaurí, eu não tinha dúvidas que ele matou ela”, conta.
A prima também acredita que Ana Luiza jamais tiraria a própria vida e conta que a jovem estava realizando sonhos quando teve a vida interrompida por um crime.
“É muito triste. Só quem conheceu a Ana Luiza sabe que ela jamais seria capaz de tirar a própria vida. Ela era uma mulher maravilhosa, por dentro e por fora. Uma mulher guerreira, batalhadora, que amava estudar. Ela tinha acabado de se formar em odontologia e tinha acabado de ganhar do pai uma clínica odontológica completa. Os sonhos dela estava se realizando. Não tinha motivo algum para ela cometer suicídio”, diz.