No ano passado, o clima favoreceu a produção do café em diversas regiões produtoras
A safra comercial 2017/18 de café do Brasil, que começará a ser colhida nos próximos meses, deve ficar em cerca de 40 milhões de sacas de 60 kg. A informação é do engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, José Braz Matiello. A produção nesta temporada já tende a ser mais baixa, a chamada bienalidade negativa, por conta da alta produção das lavouras no ano passado. Além disso, outros problemas a floração irregular e a queda de frutos acima do normal podem comprometer a safra ainda mais.
No ano passado, o clima favoreceu a produção do café em diversas regiões produtoras. Com isso, o país voltou a ter uma produção que não era vista desde 2012. “Se a safra passada chegou no nível de 50 milhões de sacas, não é provável que essa passe muito dos 40 milhões de sacas. Depois de uma produção alta, na temporada seguinte o café sempre tende a produzir até 20% menos na safra seguinte”, afirma Matiello. A Procafé foi a instituição que mais se aproximou nas previsões das últimas safras de café do Brasil.
“Acredito que a produção de arábica fique em torno de 28 a 30 milhões de sacas. Já na área de conilon (robusta), a produção vai ficar um pouquinho abaixo de 10 milhões, com Rondônia tendo um pouco menos de 2 milhões de sacas, o Sul da Bahia com cerca de 1 milhão e o Espírito Santo não deve passar de 5 milhões e também tem um pouco em outros estados”, explica o agrônomo.
Matiello destaca ainda outros problemas que podem reduzir a já comprometida produção de 2017. Como choveu mais cedo, de lá para cá, as floradas sucessivas causam variação na maturação e podem comprometer a qualidade final do café. O dreno pode acabar utilizando a reserva para nutrir os frutos maiores e os frutos pequenos ficam sem reservas. Logo, quanto maior a florada desigual, há uma maior perda de frutos na lavoura.
Influenciada pelo clima também está uma maior desfolha, fruto de um veranico seguido por chuva. O diferencial hídrico leva a uma inundação no crescimento de botões, o que pode provocar o fenômeno, com florescimento de plantas com pouca folhagem, enfrentando um problema semelhante ao da floração desigual.
Outra preocupação é a mancha aureolada, causada por bactérias em regiões mais frias. De acordo com Matiello, essa doença havia desaparecido, mas ressurgiu em muitas regiões devido a uma umidade constante trazida por chuvas frequentes. Desta forma, as bactérias atacam as folhas e até mesmo o ramo, secando a folhagem.
E por último, uma queima provocada pelo calor do sol, chamada escaldadura, pode atingir o café em regiões de maior temperatura – embora, neste ano, tenha ocorrido até mesmo em regiões mais frias. A intensa exposição das plantas à luz do sol pode levar as folhas a se oxidarem e levarem à morte as células responsáveis pela fotossíntese. A queima ainda provoca a entrada de fungos, que infectam os frutos e causam queda prematura.
Femagri 2017
Com o tema “Eficiência aumentando a rentabilidade e qualidade de vida”, a feira espera receber 35 mil visitantes compradores, a maioria produtores de pequeno porte que sobrevive exclusivamente da agricultura familiar. A geração de negócios deve ser maior em relação ao evento do ano passado, quando o volume de negócios alcançou mais de R$ 120 milhões.
(Expocacer)