Uma apólice de seguros virou um imbróglio judicial que já dura há pelo menos três anos, após três seguradoras solicitarem mais tempo para avaliar o pagamento pela morte do empresário José Matheus Silva Gomes, que tinha 32 anos. O homem foi encontrado assassinado dentro de um carro em junho de 2021, na cidade de Jandira (SP), na região metropolitana da capital paulista.
O empresário pagava R$ 70 mil mensais de seguro, o que culminou em uma apólice – somando o valor das três empresas – de R$ 86 milhões, que seriam destinados à ex-esposa de José Matheus, Nayá de Arruda Sigarini. Apesar disso, o valor não foi repassado para a mulher até hoje.
José Matheus foi encontrado morto em um carro com uma arma ao lado de seu corpo. À IstoÉ, o advogado da ex-esposa do empresário, Raphael Blaselbauer, afirmou que a conclusão das autoridades em relação à morte de José Matheus foi de um homicídio de autoria desconhecida.
O valor de R$ 86 milhões é dividido entre três seguradoras: a Bradesco Vida e Previdência, Itaú Seguros e Prudential, com quem está a maior parte da apólice, que soma uma quantia de R$ 66 milhões.
Para Raphael Blaselbauer, a Prudential considera “hipóteses fantasiosas” para avaliar a morte do empresário. “Uma delas é que José Matheus sequer estivesse morto, mesmo ele tendo ficado internado na UTI do Hospital Regional de Osasco, e tido seus órgãos doados”, declara o advogado, acrescentando que uma identificação papiloscópica foi realizada pelo IML (Instituto de Medicina Legal) de São Paulo.
A outra avaliação das seguradores é da possibilidade de ter ocorrido um suicídio.
O cadáver de José Matheus, que chegou a ser enterrado em Carapicuíba (SP), está no IML desde julho de 2023, após a família requisitar a exumação do corpo. Em contato com a IstoÉ, a Prudential informou que, com tal situação, apenas aproveitou para pedir a realização de uma nova perícia no corpo.
A ação da seguradora foi considerada por Raphael Blaselbauer como “um escárnio”. “Tenta pôr em xeque a idoneidade da Polícia Técnico Científica, do Hospital Regional e dos familiares”. O processo tramita em em segredo de Justiça, mas o advogado reitera que Nayá de Arruda exige respeito das empresas.
A Prudential afirma que acompanha as investigações a fim de garantir a regulação judicial do sinistro e que a questão não é sobre o pagamento. “A seguradora reforça que os procedimentos adotados estão estritamente pautados pela lei e pelos normativos da Susep (Superintendência de Seguros Privados)”, declara a companhia, que, por meio de nota, declarou que possui forte compromisso com os segurados.
Em contato com a IstoÉ, a Bradesco Vida e Previdência explicou que não comenta processos em trâmite na Justiça.
Procurado pela IstoÉ, a Itaú Seguros informou que aguarda as investigações em curso dos órgãos competentes e se manifestará nos autos do processo. “A seguradora reforça, ainda, o seu compromisso com a proteção dos clientes, atuando sempre em linha com normativos e melhores práticas que regulamentam o mercado de seguros”, finaliza a empresa. | IstoÉ