Uma baiana conquistou o seu espaço no cenário político de Campo Bom (Rio Grande do Sul) e tem mostrado o seu valor. Kayanne Braga (PDT), 30 anos, natural do município de Vitória da Conquista, distante cerca de 440 quilômetros da capital, Salvador, disputou as três últimas eleições para vereadora. Na primeira oportunidade, em 2016, ficou na suplência com 687 votos pelo PCdoB. Quatro anos mais tarde, em 2020, foi a mais votada, com 1.456 votos, no PTB. Em 2024, pelo PDT, conquistou 2.658 votos, se tornando a vereadora mais votada da história do município. A seguir, Kayanne comenta a respeito da causa animal, uma das suas principais bandeiras.
Kayanne é a fundadora e uma das líderes da ONG Campo Bom para Cachorro (CBC), fundada em 2014. Foi através da atuação como voluntária na entidade, que ela foi mostrando os seus princípios e fez a diferença. “Através das conexões da CBC com a Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e com o próprio Centro de Proteção Animal (Cempra), é possível ver e perceber a qualidade do trabalho no âmbito da proteção animal”, pontua Kayanne.
Com políticas públicas em progressiva evolução na causa animal, a Campo Bom para Cachorro cumpre o seu papel como entidade não governamental e, através de voluntárias(os) e doações financeiras, tem conseguido oferecer castrações a baixo custo.
“Com isso, conseguimos tirar uma demanda gigantesca dos ombros do Município. Pois, em muitos casos, essa demanda cairia para a Prefeitura/Secretaria de Meio Ambiente. Por isso, é fundamental essas conexões que a CBC possui, inclusive, com a Brasil Foundation, que direcionou recursos para castrações e cirurgias complexas em muitos animais”, relembra Kayanne, que é presidente da Câmara de Vereadores de Campo Bom. Os números da Campo Bom para Cachorrro impressionam. Somente em 2024, foram mais de 1.700 castrações e 3.000 atendimentos veterinários.
Uma das políticas de controle de zoonoses que os municípios tentam implementar é a microchipagem de cães e gatos. “Hoje, o Conselho de Medicina Veterinária exige essa articulação das prefeituras. Em Campo Bom, desde que o Cempra foi montado, contamos com a microchipagem. Esse monitoramento é fundamental para o controle populacional e a responsabilização das pessoas com seus animais.
Em diferentes níveis, o tema do bem-estar animal é tratado com pesos e prioridades diferentes de município para município. “Não adianta uma cidade ter tudo muito bom e o município do lado, não. O fundamental é que os municípios precisam consolidar a política pública de bem-estar e controle populacional dos animais de rua. Uma das formas é não fazer contratos terceirizados apenas.
O motivo? Pois, quando acaba o contrato, encerra a política pública. Por isso, é fundamental que os municípios consolidem um castrafixo, um ambulatório, um centro cirúrgico e veterinários específicos para o controle populacional dos animais de rua. Ou seja, é necessário ter um ambiente onde a comunidade consiga trazer os animais para castrações e vacinas”, elenca Kayanne, lembrando da importância de promover, ainda, um censo dos animais.
Sobre os ataques de cães de grande porte, registrados em novembro de 2024, Kayanne é categórica. “Um vira-lata violento e um pitbull violento têm grandes diferenças. O que é necessário é valorizar, cada vez mais, os profissionais de comportamento canino. Essas pessoas existem para que tenhamos boas relações com os nossos animais, e que eles não venham a trazer problemas para a comunidade. Todos os animais precisam de regras em casa, de educação. Os cães maiores precisam de regras e disciplina”, cita Kayanne, que deixa um outro convite. “As pessoas precisam adotar os animais existentes nos abrigos. Anote isso. Se você adotar um cão de abrigo, será possível salvar dois”, conclui Kayanne. | Publicado em Jornal Repercussão.