O ex-superintendente da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, participou de audiência pública conjunta das Comissões de Legislação Participativa (CLP) e de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, realizada nesta segunda-feira (26).
Ele é autor de notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF), na qual acusa o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles de interferências indevidas no trabalho da Polícia Federal e de defender madeireiros flagrados praticando desmatamento ilegal na Amazônia.
Diante da exposição do delegado, deputados de oposição defenderam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar atuação do ministro do Meio Ambiente.
De acordo com a notícia-crime de Saraiva, o ministro teria praticado três delitos: dificultar a ação fiscalizadora do poder público no meio ambiente; exercer advocacia administrativa; e integrar organização criminosa.
A audiência pública foi presidida pelo deputado Waldenor Pereira (PT/BA), que conduziu o polêmico debate entre deputados da oposição e governistas, após a exposição do delegado.
Para ele, “Um ministro que aparece na frente de 200 mil metros cúbicos de madeira derrubados de forma ilegal, além da prevaricação, esse ministro ajuda a destruir oportunidades para nosso país, ainda mais em tempos de pandemia, desafiando parceiros econômicos”.
A proposta da audiência foi apresentada pelos parlamentares Joseildo Ramos (PT/BA), Paulo Teixeira (PT/SP), Helder Salomão (PT/ES) e subscrita por João Daniel (PT/SE).
“Foi amazônica a atuação do delegado Saraiva e encontrou pela frente o ministro do meio ambiente cometendo um crime. Foi uma pororoca.
O ministro do Meio Ambiente não pode mais exercer o cargo dele. Queremos uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a atuação do ministro”, defendeu Teixeira, seguido dos colegas proponentes do evento.
O delegado afirmou em sua exposição sobre o caso que o ministro fez uma pseudoperícia. “De 40 mil toras, olhou duas, disse que estava tudo bem e que voltaria. Voltou com críticas ao trabalho dos servidores. Tornou legítima ação dos criminosos e não do agente púbico. Ele recebeu um conjunto de documentos que mostravam uma fraude organizada que buscava iludir a autoridade policial. Por causa disso resolvi encaminhar ao STF”.
Saraiva contou que o ministro, a despeito de todos os laudos periciais emitidos, preferiu se basear numa avaliação sem validade:
“Como pode numa análise de duas toras, colocar abaixo todo o trabalho feito por peritos da Polícia Federal. Meu partido é a Amazônia, o Brasil e a lei. Meio ambiente não é bandeira da esquerda ou direita, deveria ser bandeira de Estado, sustentou o ex-superintendente.