BAIANA DO SUDOESTE | ‘Não tinha o que fazer. Só chorar’, diz comerciante que teve loja saqueada na Cracolândia com prejuízo de R$ 80 mil

Baiana de Riacho de Santana, radicada nem São Paulo há 11 anos, a comerciante Ângela Alves de Oliveira teve a loja invadida e saqueada por usuários de droga da Cracolândia, no Centro de SP, na noite desta quarta-feira (1) e se diz “desolada e triste” com o prejuízo de mais de R$ 80 mil.

Em entrevista ela contou que essa foi a segunda vez que a loja de eletrônicos dela e do marido, a Carlos Eletrônicos, foi invadida por dependentes químicos na rua Santa Ifigênia, desde o início da pandemia.

Devendo dois meses de aluguel da empresa, por causa do último saque e dos efeitos nocivos da Cracolândia no movimento do comércio da região, Ângela afirmou que agora está completamente falida e sem condições de se reerguer.

“Levaram todas as máquinas, celulares de clientes. Toda a mercadoria, não sobrou nada. Eu ainda tenho que responder por celulares de clientes. Porque tem uns que entendem, outros não. Não tenho como mais levantar dinheiro para comprar nada e reabrir a loja”, afirmou.

Segundo a empresária, na noite de quarta (1), por volta das 21h, ela recebeu ligações dos vizinhos da loja informando sobre a tentativa de saque no estabelecimento.

Ela e o filho tentaram ir ao local para impedir a ação dos usuários de drogas, mas foram agredidos pelo grupo.

“Os vizinhos começaram a ligar e quando a gente desceu, para tentar evitar e conversar para não arrombar a loja. Mas eles já começaram a jogar pedra, atirar faca. Tinha um ou outro que levantou arma. A gente teve que voltar e esperar que levassem tudo”.

“Tentamos [negociar para eles não invadirem]. Eles me machucaram, machucaram o meu filho. Queriam porque queriam levar o que tinha aqui dentro e pronto. A intenção era invadir e levar tudo. Como eram mais de 50 homens e mais 100 esparramados por aí, não tinha como enfrentá-los”, contou.

“Não tinha o que fazer. Só chorar. Eu chorei muito, muito. Porque é difícil sobreviver. Muito difícil… E por eu ter ainda uma criança de 9 anos para sustentar, isso é que me dói mais. Porque foi uma coisa construída há anos. Não foi uma coisa que montei da noite para o dia”.

Ângela tem três filhos. A menor tem apenas nove anos de idade. A família mora de aluguel no Centro e, desde 2016, está na fila da Prefeitura e do Governo de São Paulo para adquirir uma casa própria financiada pelo Poder Público.

“Preciso de um novo trabalho ou alguém que me financie uma máquina de sorvete, para eu começar a trabalhar e pagar quem eu devo. Porque meu pai me ensinou que a única coisa que a gente tem na vida é o nome da gente. Que você nunca pode sujar esse nome. Preciso de uma ajuda para voltar a viver e trabalhar e ser digna de levar o pão de cada dia para casa, pagar os clientes que me confiaram o celular e que também não tem dinheiro pra comprar outro”, desabafou.

“Hoje muitos estão de luto porque tão orando por seus entes queridos, né? E hoje eu estou de luto porque eu perdi meu pão de cada dia. O que passo fazer, como boa brasileira, é ajoelhar e não cair”.

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