Um incêndio florestal de grandes proporções atinge a Serra do Tromba, no município de Piatã, na Chapada Diamantina na Bahia, informou nesta terça-feira a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).
Ainda não se sabe o tamanho da área atingida e nem o dano causado à fauna e à flora. O incêndio, de acordo com a Sema, já dura dois dias e ocorre em local de difícil acesso, por isso um helicóptero do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar auxilia no combate ao fogo. As informações são de Mário Bittencourt para o Correio 24 Horas.
O helicóptero, que já está no local, atua no transporte dos combatentes (voluntários e do Corpo de Bombeiros), equipamentos, ferramentas e logística necessária, e realiza combate direto através da utilização do bambi-bucket, uma espécie de bolsa para lançamento de água no combate aéreo a incêndios.
“O helicóptero é imprescindível para a atuação dos brigadistas voluntários da Brigada Voluntária Altitude Ambiental, e dos militares do Corpo de Bombeiros da Bahia. A Brigada relatou a dificuldade de acesso e a complexidade do incêndio, que iniciou na base da serra e subiu com velocidade”, diz uma nota da Sema.
O local atingido pelas chamas não tem acesso via terrestre, o que inviabilizou ações efetivas de atuação dos brigadistas e Corpo de Bombeiros. De acordo com a Sema, as nascentes do Rio de Contas, que ficam na região da Serra do Tromba, não foram atingidas pelo incêndio, cujas causas estão ainda serão investigadas.
“Estamos monitorando a situação junto ao Corpo de Bombeiros Militares da Bahia e equipe técnica do Inema [Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos], para garantir ações estratégicas rápidas que minimizem os danos ambientais. Chamamos a atenção para os cuidados de prevenção aos incêndios florestais que se acentuam a partir dos próximos meses”, completa o comunicado da Sema.
Boqueirão da Onça
No Parque Nacional do Boqueirão da Onça, no Norte da Bahia, onde outroincêndio queimou uma área de Caatinga equivalente a mais de 3 mil campos de futebol, o fogo está praticamente controlado, segundo informações do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).
No Parque Nacional do Boqueirão da Onça, no Norte da Bahia, onde outroincêndio queimou uma área de Caatinga equivalente a mais de 3 mil campos de futebol, o fogo está praticamente controlado, segundo informações do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).
“Começamos hoje (terça-feira) a desmobilização das equipes, tendo em vista que não se precisa mais de tanta gente para fazer o trabalho. Quinze brigadistas que vieram da Chapada já foram dispensados, e amanhã vamos desmobilizar mais ainda. Estamos apenas monitorando alguns focos para que eles não voltem a queimar a área”, declarou a analista ambiental do ICMBio Camile Lugarini, chefe do parque nacional.
Iniciado no dia 28 de agosto, o fogo, no total, mobilizou 77 brigadistas da Bahia, Tocantins, Pernambuco, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Ainda não se sabe as causas do incêndio – a perícia que apura o caso será iniciada. O fogo matou dezenas de animais, sobretudo mamíferos e répteis.
O Parque Nacional Boqueirão da Onça, com 851 hectares, é dividido em duas áreas: uma unidade de conservação permanente, de 345.378 hectares, e uma Área de Proteção Ambiental (APA), de 505.680 hectares. O parque abrange as cidades de Sento Sé, Campo Formoso, Sobradinho, Juazeiro e Umburanas.
A área atingida pelo fogo fica quase em sua integridade na região da cidade de Sento Sé, ao oeste do parque. “É uma área de serras, não pega a parte dos sítios arqueológicos que tem na região (cerca de 3 mil), mas traz muita preocupação com relação à fauna e à flora, sobretudo por causa das espécies endêmicas”, disse Lugarini.
Durante as ações de combate aos focos de incêndio foram vistas fezes frescas de onças, um sinal de que o local do incêndio é de passagem desses animais, um dos motivos principais para a criação da área de preservação.
Estima-se que no Parque Nacional do Boqueirão da Onça haja pouco mais de 30 onças pintadas e cerca de 200 onças pardas. A flora nativa apresenta grande diversidade – recentemente, 97 novas espécies foram catalogadas.
Para o pesquisador José Alves Siqueira, doutor em biologia vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o incêndio é criminoso. “Não há fenômeno climático que justifique essa tragédia”, disse.
“O prejuízo é incalculável, há uma quantidade enorme de espécies que não são vistas a olho nu e que são perdidas por causa de um incêndio desses, todas essenciais ao bioma Caatinga. Para voltar a área original, agora só daqui a 40 a 70 anos”, estima.