AUMENTO DE TARIFA – Passagem de coletivo pode saltar de R$3,30 para R$4,15 em Conquista; valor real seria de R$3,60 sem os clandestinos

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Imagem: Redes sociais/reprodução

Jussara Novaes (Sudoeste Digital ) – A tarifa do transporte público em Conquista deve passar dos atuais R$3,30 para R$4,15 nos próximos dias. Se confirmado o aumento, um dos maiores já registrados nos últimos 15 anos no município,  representaria 20,5%.

De acordo com as planilhas obtidas pelo Sudoeste Digital, se houvesse fiscalização repressiva aos mais e 600 clandestinos, que absorvem mais de R$1 milhão por mês do faturamento das duas empresas de ônibus, o valor real da tarifa seria de, aproximadamente, R$3,60, o equivalente a 8%.

Como inexiste fiscalização e descumprimento de recomendação da promotora de Justiça, Lucimeire Carvalho, para que o município realize blitze e apreenda os clandestinos, vans e carros de passeio que o transporte ilegal de passageiros acaba influenciando na tarifa.

Entenda o porquê da
fuga de passageiros aumentar a tarifa: O custo por km para um ônibus sair de um
ponto A ao B com um passageiro é mesmo
com 50 passagens.  Logo, quanto mais
passageiros, mais pessoas para ajudar naquele custo por km. O inverso  àquele custo recairá para somente aqueles
passageiros que restaram nos ônibus.. Então, o que vale dizer: os passageiros
irão patrocinar o projeto das vans com um aumento exorbitante da tarifa.

O relatório técnico encomendado pela Prefeitura recomenda o contrário, alertando que “as vans não podem interferir nos contratos das empresas de ônibus”. Ou seja, com a migração de passageiros dos ônibus para os clandestinos, a tarifa sofre influência e o reajuste torna-se inevitável.

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O último reajuste na tarifa foi em fevereiro do ano passado, quando a passagem saltou de R$2,80 para R$3,30. O aumento foi de 18%, considerado bem acima do índice da inflação, por isso foram levantadas suspeitas à época.

Uma delas, sustentada por movimentos estudantis, que protestaram pelas ruas, e insinuava que o Conselho Municipal de Transporte votara o reajuste para reforçar o caixa da Viação Vitória, uma das duas empresas concessionárias.

“O passageiro tem um entendimento e este basicamente
é orientado pelo tempo de permanecia dentro do ônibus, daí se fazer comparações com cidade maiores. Só que
para as empresas de ônibus a percepção é o custo por km. Ou seja, o custo para
movimentar um ônibus de um bairro ao centro com um passageiro é mesmo como se
fosse com 50 passageiros”.

O que muda quando se
junta estes dois pontos de vista?

“Quanto mais passageiro a bordo dos ônibus,  menor será a tarifa, porque aquele custo
por  km foi divididos por muitos e não
por poucos. Aí alguém diria: mas o ônibus de minha linha anda lotado. Novamente
aqui a visão do passageiro. Só que não podemos esquecer que existem linhas que
não andam cheias. E ainda há o particular dos ônibus terem que circular nas
faixas horárias com baixo número de passageiros.”

“Por fim, outro aspecto que poucos se dão conta. O
ônibus pode estar cheio, porém para cada 100 passageiros ali dentro, cerca de
30 não pagam por estarem amparados pelos direitos sociais (gratuidade).”.

– Especialista em transporte público

“O Conselho, pressionado pela Prefeitura, atropelou todo processo naquela oportunidade”, disse um dos estudantes que estiveram nos últimos protestos. Segundo ele, na verdade o prefeito Herzem Gusmão (MDB) sequer consultou o órgão para efetivar a tarifa.

Depois do reajuste tarifário, há mais de um ano, o Conselho Municipal de Transporte só esteve reunido duas vezes: uma para dar posse a novos membros e outra para discutir o próximo reajuste, mas o apagão de 21 de março suspendeu os trabalhos.

A Viação Vitória tem atravessado momentos turbulentos, resultando em sucessivos atrasos no pagamentos dos salários dos mais de 500 funcionários, além de dívidas ativas com o município e recente processo pré-falimentar.

A empresa deve mais de R$30 milhões ao município, referentes à outorga, além de R$500 mil em notificações, desde o ano passado. Os valores não estão corrigidos.

Soma-se a isso contra a Viação Vitória os salários atrasados aos mais de 500 rodoviários desde abril e descumprimento de acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT). A empresa não se manifestou A Prefeitura não tem expediente nesta segunda-feira (2) devido ao feriado de 2 de Julho (Independência da Bahia).


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