O ataque de abelhas que matou Claudete Neto e fez dezenas de feridos- incluindo crianças, no povoado de Lagoa de Maria Clemência, zona rural de Conquista, nessa segunda-feira (18), deixou em alerta a população local. De acordo com moradores, a situação já havia sido comunicada às autoridades, mas nenhuma providência foi adotada.
“Todos os dias as crianças que vão à escola ficam na linha de ataque das abelhas”, observou uma moradora.
No Brasil, a maioria dos acidentes são causados por abelhas não nativas. Espécies que foram introduzidas a partir de 1839, quando europeus não conseguindo produzir mel e própolis com espécies nativas, resolveram trazer linhagens da África e Europa para o território brasileiro.
O resultado foi um cruzamento acidental entre as subespécies, resultando na Apis mellifera “made in Brasil”: nem tão agressivas quanto as abelhas africanas, mas capazes de ferroar ao se sentirem ameaçadas.
O que, normalmente, as pessoas chamam de ataques, na verdade, são formas de defesa. Uma abelha não ataca ninguém por nada, ela só ataca ao se sentir ameaçada. Tanto que ferroar uma pessoa não é uma vantagem, pois logo em seguida ela morre. Ou seja, acaba se sacrificando pela vida das outras.
Ingrid Naiara Gomes, bióloga e pesquisadora da UFMGw
Por que as abelhas estão atacando mais?
Ameaça: A principal causa de ataques envolvendo abelhas é em defesa da colmeia. Por isso, ao verificar uma colmeia tome distância e acione o Corpo de Bombeiros para que possa fazer a retirada dos insetos de maneira correta.
Fome: Outra combinação que tem contribuído para o aumento de ataques é a perda de habitat, por conta do uso intensivo de agrotóxicos e desmatamento. Em busca de alimento, elas estão se aproximando cada vez mais das áreas urbanas, tendo mais contato com seres humanos.
Migração: Entre outubro e março é comum que parte das abelhas de uma colmeia migre através de enxames em busca de um novo território. Essa transição, normalmente, faz com que o número de casos de acidentes envolvendo abelhas também aumente durante o verão.
Calor: Outro fato é o excesso de calor. Com o aumento de temperatura dos últimos anos, provocados pelas mudanças climáticas, pesquisadores apontam que diversas espécies de abelhas estão ficando mais agressivas.
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Odor: Algumas substâncias químicas, como perfumes e produtos de limpeza, também podem atrair abelhas, confundindo-as com cheiro de flores, onde comumente coletam néctar ou pólen. O problema é que ao se aproximarem do ser humano que porta as substâncias, diante de uma reação, elas se sentem ameaçadas e ferroam.
Ruído: Quando estão sob intenso ruído as abelhas tendem a atacar mais. É por isso, que ao tomarem as cidades, em busca de alimento, muitas acabam ferroando com maior facilidade.
O resultado é um efeito dominó: em busca de alimento, elas ficam cada vez mais perto de ambientes urbanos e dos seres humanos, o que consequentemente causa mais acidentes.
Para se ter uma ideia, entre 2012 e 2022, 550 pessoas morreram após serem ferroados por abelhas.
No Brasil, a maioria dos acidentes são causados por abelhas não nativas. Espécies que foram introduzidas a partir de 1839, quando europeus não conseguindo produzir mel e própolis com espécies nativas, resolveram trazer linhagens da África e Europa para o território brasileiro.
O resultado foi um cruzamento acidental entre as subespécies, resultando na Apis mellifera “made in Brasil”: nem tão agressivas quanto as abelhas africanas, mas capazes de ferroar ao se sentirem ameaçadas.
O que, normalmente, as pessoas chamam de ataques, na verdade, são formas de defesa. Uma abelha não ataca ninguém por nada, ela só ataca ao se sentir ameaçada. Tanto que ferroar uma pessoa não é uma vantagem, pois logo em seguida ela morre. Ou seja, acaba se sacrificando pela vida das outras.
Ingrid Naiara Gomes, bióloga e pesquisadora da UFMG
O que fazer ao ser picado por uma abelha
Quando uma pessoa é ferroada por uma abelha, automaticamente ocorre uma reação em cadeia: o inseto morre, o veneno passa a agir no corpo humano ocasionando uma reação tóxica e o ferrão preso na pele desperta uma espécie de “alarme” para que outras abelhas da colônia fiquem em alerta.
Por isso que ao ser ferroado e estar próximo de uma colmeia a primeira coisa a fazer é correr para longe para que outras abelhas também não venham para cima.
Em seguida, retire o ferrão para que o veneno pare de ser injetado em seu organismo e procure ajuda médica, principalmente em caso inchaço extremo na região da ferroada e diante de sensações de tontura e dificuldades respiratórias
Já para quem é alérgico, uma única ferroada pode ser capaz de gerar o choque anafilático. Por isso, o recomendado é procurar ajuda médica o mais rápido possível.
“Os venenos têm muitos componentes e, principalmente, enzimas, que se a pessoa levar múltiplas ferroadas, pode ser injetado uma grande quantidade desse veneno ocasionando em reação tóxica: mal-estar, problemas na função do rim, do fígado, da pressão arterial”, explica Alexandra Sayuri Watanabe, médica do departamento científico de anafilaxia da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).
Apesar de não haver protocolos específicos para o diagnóstico dos acidentes provocados por abelha, no Brasil, eles são feitos a partir do relato do paciente e, em casos mais graves, através de exames de urina tipo 1 e hemograma.
O tratamento, normalmente, é feito a base de anti-inflamatórios não hormonais e anti-histamínicos; e corticosteroides sistêmicos. Contudo, todos requerem prescrição médica.
Em caso de ataque, evite aplicar fórmulas caseiras para aliviar o problema. Além disso, não cubra os locais atingidos pelas ferroadas com faixas ou ataduras, aumentando a temperatura da área e fazendo o veneno circular mais rápido no organismo. O ideal é baixar a temperatura dos locais atingidos com água fria e compressas com gelo.
Como evitar acidentes com abelhas
A remoção das colônias de abelhas situadas em lugares públicos ou residências deve ser efetuada por profissionais devidamente treinados e equipados, preferencialmente à noite ou ao entardecer, quando os insetos estão calmos.
Evite aproximar-se de colmeias de abelhas africanizadas sem estar com vestuário e equipamentos adequados (macacão, luvas, máscara, botas ou fumigador).
Sons de motores de aparelhos de jardinagem, por exemplo, causam extrema irritação em abelhas. O mesmo ocorre com som de motores de popa. Por isso, evite usá-los próximos de onde existem colmeias.
O resultado é um efeito dominó: em busca de alimento, elas ficam cada vez mais perto de ambientes urbanos e dos seres humanos, o que consequentemente causa mais acidentes.
Para se ter uma ideia, entre 2012 e 2022, 550 pessoas morreram após serem ferroados por abelhas.
No Brasil, a maioria dos acidentes são causados por abelhas não nativas. Espécies que foram introduzidas a partir de 1839, quando europeus não conseguindo produzir mel e própolis com espécies nativas, resolveram trazer linhagens da África e Europa para o território brasileiro.
O resultado foi um cruzamento acidental entre as subespécies, resultando na Apis mellifera “made in Brasil”: nem tão agressivas quanto as abelhas africanas, mas capazes de ferroar ao se sentirem ameaçadas.
O que, normalmente, as pessoas chamam de ataques, na verdade, são formas de defesa. Uma abelha não ataca ninguém por nada, ela só ataca ao se sentir ameaçada. Tanto que ferroar uma pessoa não é uma vantagem, pois logo em seguida ela morre. Ou seja, acaba se sacrificando pela vida das outras.
Por que as abelhas estão atacando mais?
Ameaça: A principal causa de ataques envolvendo abelhas é em defesa da colmeia. Por isso, ao verificar uma colmeia tome distância e acione o Corpo de Bombeiros para que possa fazer a retirada dos insetos de maneira correta.
Fome: Outra combinação que tem contribuído para o aumento de ataques é a perda de habitat, por conta do uso intensivo de agrotóxicos e desmatamento. Em busca de alimento, elas estão se aproximando cada vez mais das áreas urbanas, tendo mais contato com seres humanos.
Migração: Entre outubro e março é comum que parte das abelhas de uma colmeia migre através de enxames em busca de um novo território. Essa transição, normalmente, faz com que o número de casos de acidentes envolvendo abelhas também aumente durante o verão.
Calor: Outro fato é o excesso de calor. Com o aumento de temperatura dos últimos anos, provocados pelas mudanças climáticas, pesquisadores apontam que diversas espécies de abelhas estão ficando mais agressivas.
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Odor: Algumas substâncias químicas, como perfumes e produtos de limpeza, também podem atrair abelhas, confundindo-as com cheiro de flores, onde comumente coletam néctar ou pólen. O problema é que ao se aproximarem do ser humano que porta as substâncias, diante de uma reação, elas se sentem ameaçadas e ferroam.
Ruído: Quando estão sob intenso ruído as abelhas tendem a atacar mais. É por isso, que ao tomarem as cidades, em busca de alimento, muitas acabam ferroando com maior facilidade.
O que fazer ao ser picado por uma abelha
Quando uma pessoa é ferroada por uma abelha, automaticamente ocorre uma reação em cadeia: o inseto morre, o veneno passa a agir no corpo humano ocasionando uma reação tóxica e o ferrão preso na pele desperta uma espécie de “alarme” para que outras abelhas da colônia fiquem em alerta.
Por isso que ao ser ferroado e estar próximo de uma colmeia a primeira coisa a fazer é correr para longe para que outras abelhas também não venham para cima.
Em seguida, retire o ferrão para que o veneno pare de ser injetado em seu organismo e procure ajuda médica, principalmente em caso inchaço extremo na região da ferroada e diante de sensações de tontura e dificuldades respiratórias
Já para quem é alérgico, uma única ferroada pode ser capaz de gerar o choque anafilático. Por isso, o recomendado é procurar ajuda médica o mais rápido possível.
“Os venenos têm muitos componentes e, principalmente, enzimas, que se a pessoa levar múltiplas ferroadas, pode ser injetado uma grande quantidade desse veneno ocasionando em reação tóxica: mal-estar, problemas na função do rim, do fígado, da pressão arterial”, explica Alexandra Sayuri Watanabe, médica do departamento científico de anafilaxia da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).
Apesar de não haver protocolos específicos para o diagnóstico dos acidentes provocados por abelha, no Brasil, eles são feitos a partir do relato do paciente e, em casos mais graves, através de exames de urina tipo 1 e hemograma.
O tratamento, normalmente, é feito a base de anti-inflamatórios não hormonais e anti-histamínicos; e corticosteroides sistêmicos. Contudo, todos requerem prescrição médica.
Em caso de ataque, evite aplicar fórmulas caseiras para aliviar o problema. Além disso, não cubra os locais atingidos pelas ferroadas com faixas ou ataduras, aumentando a temperatura da área e fazendo o veneno circular mais rápido no organismo. O ideal é baixar a temperatura dos locais atingidos com água fria e compressas com gelo.
Como evitar acidentes com abelhas
A remoção das colônias de abelhas situadas em lugares públicos ou residências deve ser efetuada por profissionais devidamente treinados e equipados, preferencialmente à noite ou ao entardecer, quando os insetos estão calmos.
Evite aproximar-se de colmeias de abelhas africanizadas sem estar com vestuário e equipamentos adequados (macacão, luvas, máscara, botas ou fumigador).
Sons de motores de aparelhos de jardinagem, por exemplo, causam extrema irritação em abelhas. O mesmo ocorre com som de motores de popa. Por isso, evite usá-los próximos de onde existem colmeias.