ARTIGO – A virada a esquerda (Padre Carlos Roberto Pereira)

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Quando estudamos filosofia política, buscamos compreender a distinção entre partidos “de quadros” e “de massas”, esta classificação ajuda o cientista político a entender de forma mais clara, os tipos mais relevantes de partidos que existem nas democracias.

Desta forma, passamos a perceber porque os partidos de quadros apareceram antes. Forma-se a partir da reunião de pessoas ilustres, que compartilham opiniões e se dispõe a atuar em conjunto na vida política. Enquanto as instituições democráticas modernas, como o sufrágio universal, busca ter uma vida orgânica, eles articulam-se individualidades, mas de forma tênue. Sua organização é incipiente, cobram pouco em termos disciplinares e não são homogêneos na ideologia.

Já os partidos de massa, vieram mais tarde, especialmente a partir da expansão do sindicalismo, Eles nasceram quando grandes contingentes da população perceberam que só conseguiriam atingir metas comuns e alcançar reivindicações através da participação política estruturada. Cresceram com a força da militância.

Por que fiz esta introdução? Tudo isto é para afirmar que nunca houve, em nossa história, um partido como o PT. Digo isto, porque as condições de seu surgimento e consolidação foram únicas e não se repetirão. Como ensinavam os clássicos, os fatos históricos, quando acontecem pela segunda vez, torna-se farsa.

Assim, o PT nunca se definiu como partido revolucionário, nem mesmo um reformista. Sua ação política, marcada pelo pragmatismo, na busca de construir no cotidiano o acordo e o consenso, para fazer o grande pacto, que proporcionou o crescimento da economia e tirou milhões de pessoas da linha da miséria.

O Partido dos Trabalhadores, não veio para derrubar os muros, mas para abrir o portão do condomínio e colocar mais gente pra dentro. Porém, os acontecimentos que levaram a deposição da Presidente Dilma e a perseguição implacável de uma direita reacionária e um judiciário partidário, tem lavado o partido a uma guinada a esquerda e consequentemente a um programa mais definido ideologicamente.

O próximo governo do PT irá atacar com prioridade a concentração dos meios de comunicação, o que significa um confronto direto com a Globo, e a concentração do sistema bancário brasileiro. Além disso, mudará o perfil tributário do país, aliviando a carga sobre os pobres, que são punidos pelo sistema regressivo atual, e cobrando dos ricos, que pagam pouquíssimo imposto no Brasil.

Na área tributária, o programa prevê a criação de um imposto sobre dividendos (o Brasil é o único país do mundo ao lado da Estônia que não tributa impostos sobre os lucros distribuídos a acionistas de empresas), aumentar a alíquota do imposto sobre sobre herança, que é hoje um dos mais baixos do mundo; para implantar um programa de aceleração do crescimento serão usados 10% das reservas cambiais do país (hoje da ordem de R$ 380 bilhões) em projetos de investimento; retomada do Minha Casa, Minha Vida; revogação da reforma trabalhista; mudanças na Previdência Social atacando privilégios e rejeitando o sistema de capitalização ao estilo chileno, que arruinou com os aposentados; os coordenadores, anunciaram também que o tema da ecologia terá grande relevância no programa.

O gigante acordou e este titã é o PT. Não podemos esquecer, que não se governa sem conseguir deslocar uma parte da elite política e econômica. Não basta colocar o povo nas praça pública, em todos os cantos do País, é preciso agir com sabedoria e discernimento.

Padre Carlos Pereira


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