ARTIGO | Tristão, Isolda e o nosso amor (Padre Carlos)*

Hoje, estava refletindo sobre o amor e toda a sua trajetória para que pudéssemos vivenciá-lo de todas as formas que ele nos apresenta neste novo milênio. Quando falamos de amor, esquecemos o longo caminho que este sentimento teve que percorrer até chegar aos nossos dias da forma como concebemos.

Este sentimento romântico, belo e com a intensidade das grandes paixões, vão se formando com a poesia dos trovadores, no século XII, é dentro deste universo medieval que nasce uma nova concepção do amor, estes poetas buscavam através da sua sensibilidade, romper com um antigo mundo, onde a mulher era vista como elemento de desejo de posse física. 
São justamente os elementos platônicos que vão humanizando aquela sociedade e trazendo assim elementos onde a mulher era considerada fonte inspiradora dos bons costumes, o amor passa ser uma força que deve nos orientar pra contemplação do belo em si. O próprio mito Tristão e Isolda faz uma alusão de como o amor e a morte podem estar relacionados.
       

Desta forma, este sentimento chega a Renascença com todos estes elementos e é justamente numa tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, que ele escreve sobre o sentimento que aquela geração estaria disposta a vivenciar. 


Assim, Romeu e Julieta, retrata este amor romântico que a esta altura já se encontra no inconsciente coletivo daquela juventude. Com isto, tenta dar sentido aquela tragédia sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias.

Com o passar do tempo, fomos desenvolvendo varias formas de amar as mais comuns são: O amor estável e o amor que busca a intensidade. Eu confesso a vocês que prefiro viver um longo amor, para sempre, numa sucessão de dias, lado a lado. Mas também existem aqueles que buscam o existencial o agora o tudo. 
Como diz Vinícius: 

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor que tive
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Sim, há quem prefira a intensidade, mesmo que dure um só dia, buscando assim às sensações do momento, às vibrações inerentes a vivências fortes e únicas. Há quem valorize a presença constante, o ombro amigo a seu lado, as vivências partilhadas e construídas ao longo do tempo.
       

É esta diversidade nas formas de amar que torna o ser humano único e irrepetível, que faz com que a vida valha a pena ser vivida, sobretudo se aceitarmos e respeitarmos o modo de viver das outras pessoas, se valorizarmos as suas opiniões, o seu modo de ver o mundo. 


Porque é a diversidade que torna o mundo interessante e nos torna interessantes, é a multiplicidade que dá cor, cheiro, sabor, som a um mundo que, de outra forma, seria demasiado padronizado e sem interesse, um mundo onde, por tudo ser igual, tudo se tornaria mecanizado e inerte. A vida está exatamente na diversidade. Não podemos esquecer que o diverso é algo que compõe a condição humana e está intrinsecamente ligado à ideia de humanidade.
SOBRE O AUTOR E SEU CONTEÚDO
* (Padre Carlos Roberto Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, escreve semanalmente para esta coluna)
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