Padre Carlos* – Quando Eça de Queiroz falou que “os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”, não queria dizer que renovar fosse a única solução para todos nossos problemas.
Quando ouvimos certos discursos por renovação da Câmara de Vereadores da nossa cidade, fico pensando nos motivos que são apresentados por certos eleitores: precisamos renovar! Como assim, trocar essas pessoas só por que têm mandato?
A questão não pode ser tirar por tirar porque estão exercendo um mandato, tem mais a ver com uma questão de renovar as ideias. Somos a favor da renovação, mas a renovação precisa ser menos ingênua. Tem que renovar mais ideias do que propriamente trocar pessoas o tempo todo.
A gente reclama muito dos nossos vereadores, da qualidade técnica e política dos nossos representantes e temos toda razão em fazer isso, mas a discussão está em outro lugar, na capacidade que a gente tem de olhar para os bons políticos e avaliar o trabalho dele, e punir o mau trabalho.
Se por um lado os novos parlamentares tendem a carregar ideias mais arejadas, por outro a política não é feita apenas de boas ideias. Não podemos esquecer, que os vereadores mais antigos conhecem os meandros da política os ritos formais necessários para que essas ideias se concretizem, o que os novos ainda desconhecem. Minha experiência na vida política leva a crer que a mistura entre novatos e experientes é salutar.
Precisamos acabar com o preconceito de achar que o parlamento além de uma vocação não seja também uma profissão na política. Como um bom profissional, ele tem que se dedicar várias horas do dia estudando e se informando como muito rigor.
Assim, queremos chamar a atenção das chapas majoritária e das grandes lideranças da nossa cidade, que um parlamentar que se profissionaliza, além de ser um grande quadro para o partido e para o projeto de governo deste, é também um bom político.
Só os bons parlamentares, sabem como a Câmara funciona, como os projetos são aprovados, não dependem dos assessores a todo momento. Se ficarmos trocando estes quadros o tempo todo, substituindo o tempo inteiro, [a política] vai ficar nas mãos das burocracias e não do eleito.