ARTIGO | À qual pandemia o Sr. se refere? (Padre Carlos)*

Não podemos negar, que estamos vivendo tempos difíceis. Em todas as partes do mundo, surgem fatos que revelam que esta quadra da história está sendo movida pela intolerância. O mundo contemporâneo tem presenciados vários fatos concretos que dão provas, que a intolerância se coloca como uma espécie de pandemia global.

Ela é diferente do Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus que causa infecção, esta é diferente, por meio dessa, infecta-se a alma, os doentes seguem dispersando o vírus, cujos sinais e sintomas mais comuns são o discurso do ódio contra os pobres e nordestinos e os atos de violência contra os desfavorecidos.

Podemos constatar que as reações xenófobas provocada por este vírus, atingiram um grau de violência aqui no Brasil nunca visto. Não sabemos como enfrentar esta pandemia de ódio e irracionalismo que infectou a nossa gente, nem se tem vacina para tal enfermidade que se abateu contra os brasileiros. 

       
No século passado, a humanidade presenciou todo tipo de violência: os ataques aos monumentos históricos, aos massacres de segmentos populacionais, aos atentados terroristas, entre outros. Esses são alguns exemplos que trazem à luz a conjuntura de intolerância.

É certo que a intolerância não é um mal da humanidade contemporânea. A história registra fatos que realçam a intolerância em todas as épocas da humanidade. Apesar da humanidade assistir com certa apatia a estes episódios políticos, religiosos e sociais, a discussão sobre a pandemia da intolerância que se abate sobre o país carece de reflexão mais aguçada sobre os danos que traz a saúde.

A exemplo das demais infecções virais, a pandemia da intolerância vai se instalando sorrateira e silenciosamente. Ao se dispersar na tessitura da alma, o vírus da pandemia da intolerância alcança as dimensões mais profundas, tentando se instalar pela alteração da capacidade racional. 

Os doentes da alma, vítimas da pandemia da intolerância, usam argumentos supostamente racionais para difundirem a enfermidade de que são portadores à sociedade.

Na verdade, para estes doentes da alma, acometidos da pandemia da intolerância, há valores maiores que a vida que devem ser preservados. A intolerância se mascara sob o discurso que estão preocupados com as pessoas.

Minimizando assim, os efeitos da outra pandemia que já matou 137.000 pessoas pelo mundo, além de 1769 brasileiros; estas autoridades  infectadas estão garantindo que é hora de as pessoas fora do grupo de risco voltarem à vida normal.

Segundo o presidente: “Nossa vida tem que continuar, os empregos devem ser mantidos, o sustento das famílias deve ser preservado, devemos, sim, voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades, estaduais e municipais, devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes e o fechamento de comércio e o confinamento em massa”, infelizmente este é a visão da maior autoridade deste país. Só um infectado pelo vírus da intolerância reagiria assim.

Infelizmente, à semelhança entre algumas doenças e os enfermos das duas pandemias, eles não tem consciência do mal que carrega em si e que eles mesmo dissemina com suas práticas e discursos cotidianos. Há doentes que sequer têm consciência da doença e há países que não tem noção das pandemias que estão enfrentando.


SOBRE O AUTOR E O CONTEÚDO POSTADO
* (Padre Carlos Roberto Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, escreve semanalmente para esta coluna)

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