ARTIGO | Páscoa para os pobres (Padre Carlos)*

A alegria contagiante da Páscoa do Senhor é também a alegria da Igreja reunida na mesma fé. Na verdade, Deus morreu na carne do Seu Filho. Jesus fez passagem da morte para a vida, para que todos nós fizéssemos a travessia da nossa Páscoa.

A Páscoa de Jesus se confunde com as nossas “páscoas”. Assim, na Via-Sacra a 15.ª Estação: “Jesus Ressuscitou!”. A Igreja começa a celebrá-lo na vigília do Sábado Santo, continua-o por todo o Tempo Pascal (os 50 dias que se seguem à Páscoa até ao Pentecostes) e renova-o todos os domingos do ano.

Celebrar a ressurreição de Cristo é, também, acordar para as situações degradantes a que são submetidos tantos homens e mulheres. É o dever de lhes limpar as lágrimas dos rostos e de nos pormos ao seu lado até que se levantem. 

Os idosos os profissionais da saúde os pais que se colocam numa situação de risco para levar o pão para casa e que expostos serão infectados, são estas e muitas outras pessoas os “novos crucificados”. Peçamos ao Ressuscitado, que o “nosso coração endurecido pela indiferença” não deixe de reparar nem de se comover com estas perdas.

No passado, a Igreja Católica pregava de tal maneira o sofrimento de Cristo, que quase se esquecia de anunciar que o sofrimento, o pecado e a morte não têm a última palavra sobre o ser humano: Jesus venceu tudo isso ao ressuscitar.

Somos chamados neste momento de dor e desespero em que o mundo atravessa a dar testemunho pela convicção de que, desde a Ressurreição de Jesus, o amor é mais forte que a morte e o pecado; existe no testemunho pascal dos cristãos uma força gravitacional de amor, que puxa sempre para a vida, para o céu, e nos puxa sempre a partir do chão da nossa história. 

Se tomarmos conta de todos aqueles que passam fome e frio neste momento de dor, solidão e abandono que vem acompanhado com esta pandemia, a luz da misericórdia e do Cristo ressuscitado poderá iluminar o nosso coração e dias melhores surgirão. Tenho fé na Ressurreição e tenho certeza que o mundo vai conseguir dar a volta por cima, basta nunca desistirmos de lutar.

Celebrar a Páscoa de Jesus nos dias de hoje é celebrar a vitória dos valores do Evangelho sobre a cultura de morte, que insistentemente quer matar a vida e a família. Desejo a todos uma Santa Páscoa, cheia da verdadeira alegria e do amor que jamais desiste.


SOBRE O AUTOR E O CONTEÚDO POSTADO
* (Padre Carlos Roberto Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, escreve semanalmente para esta coluna)

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