ARTIGO | O pior cego é aquele que não quer ver. Parte III

O pior cego é aquele que não quer ver…

Por Cesar Damascena* – Senhores e Senhoras, dando sequência aos nossos relatos, iremos falar sobre o transporte em nossa cidade. Lembram-se da promessa de campanha do prefeito HGP, o qual teve uma maciça votação de motoristas de vans que acreditaram que sairiam da clandestinidade para uma regulamentação, tudo legalizado e seguir com o propósito de sustentar as suas famílias, ter renda, ter dignidade, etc.

Aliás o transporte público alvo de tantas criticas por parte do então candidato a prefeito de Vitória da Conquista, que a gestão passada foi culpada pela falência da Viação Vitória, que o transporte coletivo teria que ter mudanças, que era injusto com as empresas do setor concorrer com o transporte clandestino.

Senhores e Senhoras, o que mudou no transporte coletivo em nossa cidade? Melhorou? Você paga uma tarifa justa pelo serviço prestado? É amigos e amigas, tudo dentro da normalidade. Melhor ainda, os usuários do transporte ganharam o transporte clandestino autorizado, mas sem legalizar, sem as vantagens do transporte público, meia passagens para estudantes, gratuidade para os idosos, sem cumprimento de horários, etc.

Cobrado pelos vanzeiros para uma legalização do transporte alternativo, que fez o prefeito, ¨ iremos fazer um estudo sobre o transporte público na cidade, vamos buscar entendimento para a melhoria do setor¨, dito isto, os vanzeiros se organizaram, fundaram associações, cooperativas, alguns venderam casas, carros, para melhorarem a frota afim de estarem conforme as leis de trânsito. Lutaram, pediram apoio a Câmara de Vereadores, veículos de comunicação, fizeram protestos, enfim acreditaram nas promessas do prefeito HGP.

Então, senhores e senhoras, começaram as blitz, vans presas, alguns perseguidos, condutores sendo levados a delegacias, virou uma comoção na cidade. Denuncia de que veículos particulares também fazendo transporte clandestino, resultado, mais blitz, tudo isso na tentativa de justificar para as empresas de transporte, que estava tentando tirar os clandestinos da rota.

As promessas de campanha caíram por terra, o jeito foi tentar levantar a quantidade de vans, porém teria que diminuir a quantidade para uma possível legalização, mas as promessas não foram cumpridas, resultado, as empresas disputam passageiros numa briga sem normas, leis, enfim, o transporte público, continua uma verdadeira terra sem lei. 

O pior, amigos e amigas, a tal licitação para as novas empresas, para o novo transporte coletivo público, não sai, só estudos, contratações de consultorias, enquanto isso a Viação Vitória se despedia de forma melancólica, fechou as portas, totalmente sem crédito, intervenção judicial.

Daí para a frente agonia do transporte falou alto, somente a Cidade Verde para tentar suprir as necessidades da população, assumiu de forma emergencial o lote 1, adquiriu veículos novos, veículos usados com menos de dez anos de uso, tudo isso feito para sanar a problemática do transporte público.

Porém com o transporte deficitário, a Cidade Verde devolveu ao poder público o lote 1 que havia assumido por ser dispendioso e na maioria das vezes sem retorno desejado. Chamada as pressas ou pelo menos por um mês a Viação Novo Horizonte entrou com ônibus de suas linhas interestaduais afim de socorrer o poder público. Um contrato de pouco mais de 800.000.

Com o fim do contrato, veio a Viação Rosa que mesmo com problemas na cidade de Feira de Santana, atrasos de salários de funcionários, falta de pagamentos aos fornecedores, se aportou em Vitória da Conquista, usa a mesma garagem da antiga Viação Vitória, mas os problemas são os mesmos, atraso de pagamento dos salários, quebra de veículos durante os itinerários, mesmo que o contrato com a prefeitura de Vitória da Conquista renda um pouco mais de 2 milhões, mesmo que não atinja a quantidade de passageiros.

Resultado, senhores e senhoras, estamos na mesma situação, o transporte clandestino atuante e perigoso, até por que não há fiscalização, não tem regulamentação, alguns corredores de ônibus ainda sem estrutura adequada, zona rural, boa parte dela esquecida etc…

Imaginem amigos e amigas, caso tenha um acidente de graves proporções com uma van que faz esse transporte, quem será responsabilizado, a associação, cooperativa, a prefeitura que permite esse tipo de transporte, ou vocês acham que esses veículos tem seguro?  | * Tecnólogo em Segurança do Trabalho, com atuação na área da comunicação visual e músico.


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