ARTIGO – Não se faz política com fígado (Padre Carlos)*

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Uma boa frase do Dr. Ulysses para definir o comportamento de Lula neste momento crítico do jogo é: “Não se pode fazer política com o fígado, conservando rancor e ressentimentos na geladeira”. Mas, porque eu estou citando frases do Dr. Ulysses?

Eu lembrei essa expressão, para ajudar analisar como a militância tem se posicionado com relação a forma como o nosso grande Maestro vem conduzindo as alianças para um futuro governo do PT. Nos últimos dias, seus filiados deixaram de fazer política com o cérebro, ou seja, com a razão, e passaram a fazer com o fígado, ou melhor, com a emoção. Já deveríamos ter alcançado a maior idade na política, temos que entender que é importante que o movimento social e a esquerda se preocupem com todas essas coisas.

Rompidos no plano nacional desde o golpe parlamentar que depôs a Presidenta, Dilma Rousseff, PT, PSB e o PMDB já negociam alianças para as eleições, em pelo menos seis dos nove Estados do Nordeste. A aproximação se dá por uma combinação de fatores.

A força que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tem na região atrai os peemedebistas, ao passo que o fato de o PMDB ser o partido com maior tempo de TV e ter o maior número de prefeituras do País é um atrativo para o PT. Já o PSB,  É uma estratégia nacional resgatar aliança com este seguimento da esquerda, que se comprometeu a apoiar Lula ou quem Lula Indicar. Lula admite que  recompor uma frente política de esquerda no país é condição para o enfrentamento ao golpe e para tirar o Brasil da crise com uma política econômica inclusiva;

Quando o PT procura fazer alianças políticas com outros partidos e quando falo isto , me refiro também os que participaram do golpe, ele só procura fazer essas alianças porque tem clareza de que, sozinho, não ganha as eleições, e, se ganhar, não tem como governar se não tiver maioria no Congresso Nacional. Esse é o dado concreto.

Fala-se e julga-se a estratégia do PT com o ar de normalidade de uma república democrática plena como se vivêssemos em uma democracia centenária com partidos forte e definidos ideologicamente. Mas ao observar que o golpe recai sobre aqueles que tiveram a grandeza de dividir e procurar a justiça, temos o dever e a responsabilidade de resgatar a dignidade e o patrimônio do povo brasileiro.

É preciso considerar que as eleições podem se tornar mais um elemento do golpe, não esqueçamos que o Judiciário e a mídia golpista tem feito de tudo para consolidar esta conjuntura, mesmo tendo que rasgar a Constituição e ser desacreditada para o resto do mundo. A direita não contava com o enfraquecimento do PSDB e com a rejeição que a cúpula golpista vem enfrentando. Para os aliados do golpe, esta eleição seria o terceiro turno que levaria Aécio Neves, ao Planalto.

Não podemos ser ingênuos e amadores a tal ponto de não entender, que estamos jogando no campo do adversário, com elementos de uma democracia burguesa.

* Pe. Carlos é de Vitória da Conquista


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