ARTIGO | A linguagem do conflito (Padre Carlos)*

Considerando que o que um orador quer dizer e o que um ouvinte gostaria de ouvir pode ser muito diferente e chocar quem não esta acostumada à determinada comunicação. Muitos acreditam que o que move o mundo é o dinheiro, os bens materiais que tanto atraem as pessoas ou até mesmo a busca pelo prestígio e poder.
Tudo isso é muito importante, considerando que mexem de verdade com o comportamento humano. Porém o que mais é capaz de provocar mudanças,  transcender teorias e transformar o mundo é, de fato, a linguagem. 
   

As palavras são muito poderosas, quando saem de nossa boca tem o potencial de criar ou dissipar estresses, cativar ou afastar pessoas, conquistar ou destruir sonhos, provocar paixão ou abrir feridas que duram por uma vida inteira. 


Tudo vai depender de nossa habilidade de lidar com elas no tempo, dose, forma e tempero adequado.


Por isto, é importante aprofundarmos neste tema, para entendermos o presidente e a sua comunicação com os brasileiros. A linguagem empregada pelo presidente tem sido um instrumento não eficaz e seus resultados, vem produzindo problemas e conflitos dentro e fora do governo. 

Grande parte destas crises decorre do fato de o mundo real ser extremamente diferente do métier que se encontra ao redor do planalto. Usando uma linguagem grosseira e uma falta de decoro no trato da comunicação, Bolsonaro passa a fazer declarações polêmicas como: ditadura militar, questões sociais e direitos humanos estão entre os assuntos preferidos do chefe de Estado, que frequentemente choca os menos acostumados à sua forma de fazer política. 

Desta forma, ele abre uma linha direta com seus seguidores, mas infelizmente seu discurso transcende os trinta por cento da população que forma sua base eleitoral, trazendo assim, um constrangimento ao público que esperava outro comportamento e outra linguagem do seu presidente.

Não podemos negar que o país e o mundo vêm se escandalizando não só com o que o presidente fala, mas, também com o que ele pensa.

As propostas e ações que vem tomando o governo são recebidas com certo espanto e rejeição no Velho Continente, que ainda traz na carne as cinzas do fascismo nos ombros de sua história. Com exceção dos governos considerados populistas, como a Itália de Matteo Salvini ou a Hungria de Viktor Orban, as democracias europeias tradicionais veem com desconfiança o projeto ultraconservador de Bolsonaro, que desafia em diversos momentos o Estado de Direito e as bases republicana da política continental.

Bolsonaro acredita que o messias não esta só no nome, mas, que foi urgido e é esta convicção de que foi eleito pelas forças divinas, por isso, recebeu um cheque em branco que confirma seu poder de escolher o melhor a ser feito com o país, independente de diálogo com as partes.
  



Quando avaliamos a trajetória do presidente, constatamos que ele só ocupou cargo eletivo (proporcionais) pelo Rio de Janeiro por isto não tem uma visão do todo, não consegue vê as diversidades do país. 


Por isto, o atual presidente da República passa uma imagem de quem não crê que as diversidades devem ser valorizadas e exaltadas, que ele foi eleito presidente de todos os brasileiros.

Desta forma, coloca em perigo o Pacto Federativo e cria um ambiente que as instituições e os poderes das Republica não são mais necessários.

SOBRE O AUTOR E O CONTEÚDO POSTADO
* (Padre Carlos Roberto Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, escreve semanalmente para esta coluna)

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