ARTIGO ESPECIAL || Senhor, eu creio, mas aumentai a minha fé (Padre Carlos)*

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Recordar alguns aspectos fundamentais da nossa fé é certamente favorece uma melhor compreensão da mesma, resgatando elementos que a caracterizam: acolhida do diferente, respeito pelas diferenças, promoção e defesa da vida, itinerância, exercício generoso da misericórdia e abertura para uma autêntica universalidade.

Tudo isso sustentado por uma profunda unidade espiritual e a certeza do Ressucitando. Esta sim é de todos os fundamentos da nossa fé, a mais importante. A fé na ressurreição de Jesus Cristo é o fundamento da mensagem cristã.

A fé cristã estaria morta se lhe fosse retirada a verdade da ressurreição de Cristo. A ressurreição de Jesus são as primícias de um mundo novo, de uma nova situação do homem. Ela cria para os homens uma nova dimensão de ser, um novo âmbito da vida: o estar com Deus.

Também significa que Deus manifestou-se verdadeiramente e que Cristo é o critério no qual o homem pode confiar. A fé na ressurreição de Jesus é algo tão essencial para o cristão que São Paulo chegou a escrever:

“Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia, e vazia também a vossa fé” (1Cor 15, 14).

Celebrar a Eucaristia, não pode jamais ser considerada uma rotina devocional nem tão pouco uma obrigação. Ela requer uma comunidade agradecida por acreditar que a morte não é a última palavra sobre o itinerário de uma existência humana. Essa convicção não é de ordem racional, não é a conclusão de qualquer elaboração científica.

Estas certezas se dá através da “fé na ressurreição”.

A vida pública de Jesus Cristo foi breve, atribulado e que terminou cravado numa cruz, a morte mais cruel da antiguidade. Não morreu, foi assassinado mediante um julgamento injusto. Sentiu-se abandonado pelo céu e pela terra e, sobretudo, sentiu o fracasso da sua luta.

No entanto, teve forças e um carinho misericordioso tão grande, que foi capaz de perdoar aos autores da sua morte e para prometer o paraíso a um companheiro de infortúnio. Foi morto, mas, se estivermos atentos às narrativas da Paixão, com a  sua morte Ele ia carregando toda a humanidade, com esperança para todos, sem excluir ninguém, isto é, até  os seus  inimigos. Queixando-se do abandono de Deus, foi nas Suas mãos que lhe entregou o seu destino, entrego o meu espírito. A esperança contra toda a esperança foi o seu último suspiro.

Depois, as mulheres vieram dizer, não apenas que ele não estava no sepulcro, onde fora colocado, mas que as convocou para anunciar aos discípulos que estava vivo e era preciso continuar o caminho por ele aberto. As mulheres estão na origem do movimento cristão, na origem da Igreja. São elas as primeiras pregadoras do Evangelho na sua novidade contra a morte.

Ser discípulo de Cristo é empregar todas as energias para continuar a aventura da transformação da vida que a morte parece derrotar. Quem procura centrar a sua vida em si mesmo, nos seus projetos de êxito pessoal, muitas vezes à custa dos pobres, está perdido. Em todas as épocas e circunstâncias, o que caracteriza o cristão autêntico é cuidar de quem não pode cuidar de si.

A história está carregada de figuras que dedicaram sua vidas e as suas energias para que os outros pudessem viver com dignidade. O Papa Francisco chama atenção que esta era e é a grande mística dos primeiros cristãos e da Igreja.

Os pessimistas dizem que é um esforço perdido, pois a Igreja está morta na opinião pública por causa dos escândalos divulgados, dia a dia, nos meios de comunicação.
O importante não é saber se o Papa vai vencer ou vai ser derrotado, mas se vamos ter ou não quem se apaixone pela paixão do Nazareno.

Quando participo da celebração da Eucaristia eu dou graças por toda a bondade do mundo e para pedir perdão pelos crimes acumulados ao longo dos séculos. Mas é, sobretudo, para reerguer a figura do Ressuscitado, o testemunho de que vale a pena, contra ventos e marés, acreditar na vida de todas as épocas da história.

Uma vez, Jesus sentiu que os seus discípulos, não só procuravam honra e glória, como também colocava a sua esperança nos êxitos que iam conseguindo, em nome do próprio Nazareno. Este, porém, advertiu-os: “Não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão inscritos nos céus.”

Quando Jesus declara alegrai-vos porque os vossos nomes estão inscritos nos céus, diz: a vossa vida está inscrita no coração de Deus e ninguém vos poderá arrancar desse infinito amor. Isto é tão verdade que o narrador acrescenta que o próprio Jesus se sentiu comovido, no Espírito Santo, pelo que tinha dito.

 A fé cristã diz-nos que as pessoas, que já não vemos, andam por onde sempre andaram, estão onde sempre estiveram, vivem onde sempre viveram, em Deus. Dizer em Deus é dizer que são nossa companhia, que participam nos cuidados de Deus por nós e por todo o universo.

Foram estas certezas da Ressurreição e as promessas de Jesus Cristo, que embalaram minhas orações nesta Semana Santa. Assim, pensado muito na espiritualidade do Bom Pastor, foi que me veio a presença de  Dom Celso José, ele se fez presente nas minhas orações. Este Bispo e Pai, sempre vai está presente na minha vida, foi e sempre será minha  grande referencia   de Pastor, do Bom Pastor. Um pastor que nunca  abandona suas ovelhas.

 Os anos que Celso José  viveu, multiplicam-se nas vidas dos outros que ele ajudou a viver. São tantos, que só em Deus se podem contar e cantar.


SOBRE O AUTOR E SEU CONTEÚDO

* (Padre Carlos Roberto Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, escreve semanalmente para esta coluna)

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