ARTIGO ESPECIAL | O Natal e o Cristo de Mário Cravo (Padre Carlos)*

O Natal é o grande acontecimento na história da humanidade. Na nossa jornada, ele deve ser um evento diário na nossa vida. É uma pena que não mantemos este espírito natalino no nosso dia-a-dia e desta forma, os natais vão passando despercebidos.

Irmão Pascoal, um monge santo que tive o privilégio de conhecer, quando trabalhei no Mosteiro de São Bento, me dizia que temos que apreciar as pequenas coisas, não olhando através de uma tela, mas ao seu redor. Hoje, entendo o que aquele sábio monge queria dizer: os natais acontecem nas nossas vidas, todos os dias, apesar de não percebermos, este grande acontecimento da história.

Neste período que o calendário litúrgico, comemora o nascimento do Messias, temos que ter clareza que o Natal é fruto de um caminho preparativo, caminho objetivo nas nossas celebrações no tempo do advento, são semanas que antecedem a grande festa do nascimento do Menino Jesus.

Desta forma, ao constatar a falta de amor, a falta de misericórdias na nossa vida, vivenciamos uma overdose destes sentimentos, como de alguma forma quiséssemos mudar o nosso passado. Se não vivenciarmos o Natal no nosso cotidiano, nada disso terá sentido. É no dia-a-dia, no partir do pão, que o Menino se faz presente, que o milagre acontece e que o Messias se revela. Apesar do esvaziamento do sentido do Natal, o cristão deve fazer este caminho da mistagogia do encontro com Jesus Cristo.

O Natal não é só o encontro dos meus familiares e as pessoas amigas, mas também com o servo sofredor é através dos que sofrem, é através dos que são perseguidos por causa da justiça, por todos aqueles que passam fome é que eu encontro aquele que é capaz de proporcionar vida plena para os que nele creem.

Todo este clima natalino, deve ser oportunidade privilegiada, do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Apesar do Prefeito da nossa cidade, preferir a arvore de natal, que o próprio Cristo. Acredito que esta preferência se deva ao fato de Mario Cravo ter homenageado os pobres operários através do Salvador, que passavam por nossa cidade, rumo a São Paulo. Este povo tem horror a pobre, por isto tentou esconder o rosto sofrido do Cristo operário.

Sei da importância do comércio na nossa região, mas um símbolo sagrado não pode ser substituído pela mera cultura do consumismo. O verdadeiro presente deve ser o Senhor da história, aquele que dá sentido autentico para a vida das pessoas, mesmo sabendo da importância que as celebrações de final de ano representam para as famílias.     

No mundo em que vivemos, cheio de violência e de desrespeito aos direitos humanos de grave desmando dos poderes públicos, de falta de testemunho dos próprios cristãos, devemos criar no Natal, este espaço de esperança e demostrar que um Brasil diferente é possível. Para isto é preciso transformar a cultura da violência, transformando as armas em instrumento de trabalho, colocando o projeto de vida, como a meta a seguir. Um Feliz Natal e um Próximo Ano Novo!

SOBRE O AUTOR E O CONTEÚDO POSTADO
* (Padre Carlos Roberto Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, escreve semanalmente para esta coluna)

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