ARTIGO ESPECIAL | Eleições 2020. Decifra-me ou te devoro




Por Márcio Higino* – “Decifra-me ou te devoro.” Esse era o desafio da Esfinge de Tebas. Ela eliminava aqueles que se mostrassem incapazes de responder a um enigma: “que criatura tem quatro pés de manhã, dois ao meio-dia e três à tarde?”

Todos os que ensaiaram a resposta haviam sido estrangulados. Édipo acertou: ” é o ser humano! engatinha quando bebê, anda sobre dois pés quando adulto e recorre a uma bengala na velhice. “
Esse episódio da Grécia antiga remete-nos a uma reflexão sobre as eleições de 2020.

Como Édipo, precisamos entender o seu real significado, decifrando os reais interesses que estarão em jogo.

Qual será então o significado das eleições municipais de 2020? Que se espera da abertura das urnas daquele processo que se aproxima? Será apenas e tão somente a eleição de prefeitos e vereadores ou esconderá dentro de si mesma algo mais sofisticado, estratégico, para o destino da democracia e o futuro do Brasil?

Pois bem. A democracia estabelece espaço para o exercício da atividade política, por meio da militância e de mandatos, que tem nas eleições seu momento de maior grandeza social e cidadã, porque permite a livre manifestação da vontade popular.

A democracia permite muitas coisas. A democracia permite, inclusive, errar nas escolhas políticas.
Foi esse o fenômeno que aconteceu no Brasil em 2018.

No entanto, a repercussão e os desdobramentos do grave erro cometido com a permissão da democracia no processo eleitoral de 2018, estão sendo pagos com muito sofrimento e enormes sacrifícios sociais.

O governo eleito em 2018 joga o Brasil nas sombras, ataca a Constituição Federal, arranca do povo direitos duramente conquistados, com a destruição e a entrega das riquezas nacionais.

Resultado da maior armação midiático-eleitoral da história do Brasil, aquelas eleições de 2018 produziram um governo anacrônico, tosco, incompetente e desarticulado politicamente, um carro desgovernado em direção ao abismo social, isolando o País no contexto das nações do mundo.

Nossa Nação traz hoje um novo enigma. Existe uma Esfinge de Tebas simbólica que precisará ser eleitoralmente decifrada pelo generoso espaço oferecido pela democracia.

Por essa razão, concordando com o jornalista Alex Solnik, do jornalistas pela democracia e do blog brasil247, o atual presidente da república tem que ser derrotado em 2020, para perder em 2022.

Afirma Solnik:

” Somente uma derrota acachapante nas principais cidades, sobretudo nas capitais mais importantes será capaz de brecar a sua sanha autoritária e impedir a continuação do seu projeto nefasto, e com isso preparar terreno para derrotá-lo nas urnas em 2022.”

Continua Solnik: ” Será a primeira oportunidade para os eleitores brasileiros dizerem nas urnas se aprovam ou desaprovam seu governo. Por enquanto só dizem nas pesquisas.”

Assim, embora o caráter das eleições seja em âmbito municipal, o que estará em jogo será a preservação da democracia.

Creio que as eleições de 2020 serão as mais importantes e estratégicas desde que conquistamos a redemocratização, porque nos permitirá escolher entre democratas ou fascistas autoritários.

* Márcio Higino Melo, administrador e assessor parlamentar do Vereador Coriolano Moraes.

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