Por Márcio Higino* – Enfim chegou o ano de 2020. Já não era sem tempo! Como reza a tradição brasileira, só depois dos folguedos de Momo, o rei que governa só na alegria mundana, ainda que por pouco tempo. No firmamento político de Vitória da Conquista vê-se mais indefinições do que decisões.
Isso porque, com a abertura da chamada janela partidária (critério legal baixado pelo TSE, permitindo ao vereador detentor de mandato eletivo mudar de partido sem a perda do mandato que exerce), aguarda-se com expectativa uma possível movimentação desses parlamentares, por conta da eliminação das coligações partidárias(uma aberração eleitoral), que permitia a eleição de candidatos sem voto, embora ainda permitida para a eleição majoritária(eleição de prefeitos).
Em outubro/2019 , em artigo publicado por este mesmo Blog Sudoeste Digital, com o título “Eleições 2020. Decifra-me ou te devoro”, chamava a atenção para a importância do regime democrático, que permitirá, mais uma vez, o livre exercício do voto. Creio eu.
Mas em que cenário serão realizadas essas eleições municipais de 2020? Em que chão estaremos pisando? Em solo firme ou em areia movediça? Qual o clima político reinante?
Pois bem, o clima reinante que ditará a dinâmica que predominará será, infelizmente, o da antipolítica. Esse movimento busca trocar a política pela violência, ferindo de morte a democracia, que permite muitas coisas, inclusive errar nas escolhas políticas.
Percebe-se, claramente, uma ascensão da direita mais radical, com um forte sentimento antipetista, dentro do espectro partidário mais à esquerda.
Essas eleições de 2020, portanto, serão bem diferentes. As campanhas tradicionais serão substituídas e superadas pela utilização intensiva dos recursos tecnológicos, com mais ações pelas mídias sociais, em terreno com forte predominância de polarização, muito embora com prevalência dos debates sobre temas locais.
Torna-se necessário que candidaturas ainda não apresentadas sejam articuladas, pela importância de que se revestem, particularmente a do Partido dos Trabalhadores, que possui excelentes nomes nos seus quadros, até porque, com o advento da impossibilidade das coligações proporcionais, muitos partidos precisarão lançar candidatos a prefeito, objetivando eleger vereadores, para a sua própria sobrevivência política.
Finalizando, essas eleições municipais de 2020 serão as mais importantes e estratégicas desde que conquistamos a redemocratização, porque nos permitirá escolher entre democratas ou fascistas autoritários, com forte repercussão no processo eleitoral de 2022. Assim, muito embora o caráter dessas eleições 2020 seja em âmbito municipal, o que estará em jogo será a preservação da democracia.
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