Por Márcio Higino* – Fenômeno social da mais alta importância – pois que, por meio dele expressa-se as vontades individuais que decidem – garantido pelas democracias no mundo todo, o processo eleitoral mexe fundo com o comportamento das pessoas, não só quando no momento específico da sua realização, quanto nos períodos que o antecedem.
Nesses períodos, afloram nos indivíduos sentimentos e atitudes tidos como racionais, bem como outros, carentes de equilíbrio e bom senso.
Nos dois últimos processos eleitorais realizados no Brasil, o de caráter municipal em 2016 e o de perfil nacional ocorrido em 2018, as decisões que as urnas apresentaram foram construídas alimentadas com um dos piores sentimentos da natureza humana: o ódio.
Ódio sustentado por um bombardeio de mentiras, por meio de um sofisticado sistema de envio de mensagens de variada ordem, todas altamente destrutivas das esperanças quer locais, quer nacionais.
Mas a democracia permite tudo, inclusive errar nas escolhas.
Essas duas últimas eleições – 2016 e 2018 – foram realizadas sob fortes aspectos emocionais. Raivosas, odiosas.
Amizades desfeitas, famílias divididas, conflitos e ataques pessoais impressionantes. Decisões eleitorais passionais, sem um mínimo de racionalidade e equilíbrio emocional. Eleições doentias. Almas enfermizadas.
A propósito, existe um exemplar e profundo estudo sobre a emocionalidade humana, por Daniel Goleman, que o publicou em forma de livro, best seller, “Inteligência Emocional“.
Segundo Goleman, o desenvolvimento do QE – coeficiente emocional – levará as pessoas a tomarem decisões seguras e racionais. Que esse não cuidado, esse não desenvolvimento, acabará dificultando escolhas, sejam elas quais forem, destruindo vidas, projetos pessoais e coletivos.
Sob minha ótica, esse não cuidado com o QE manifestou-se com profundidade nesses dois últimos processos eleitorais – o de 2016 e o de 2018.
As escolhas consumadas não foram e não estão sendo bem sucedidas. Basta observar as pesquisas publicadas, consumidas, quer locais, quer nacionais.
No caso municipal, os últimos relatórios divulgados pela Urban Systems, pelo Instituto Trata Brasil, e mais recentemente o índice Firjan, apresentam Vitória da Conquista regredindo fortemente em dimensões estratégicas para o crescimento e o desenvolvimento municipal. Não há governança adequada.
Aguardemos a divulgação do PIB municipal, oportunamente, para verificarmos outra decepção política, social e econômica.
No aspecto nacional a nação vive uma época de desvario total. Não há qualquer governança, que é um mecanismo que pode evitar que o desvario de um indivíduo venha destruir a nação.
Nota-se dois governos populistas. O local e o nacional. O populismo tornou-se a epidemia política do século XXI, conforme anuncia o jornalista Luiz Felipe D’Ávila. O populismo pode destruir nações, corroer a confiança nas instituições democráticas e pavimentar caminhos para a ascensão de governos autoritários.
Trato desse assunto nesta matéria ,porque no próximo ano ocorrerão novas eleições municipais, onde os erros das escolhas efetuadas poderão ser corrigidos. Eis aí o grande valor da democracia, que estão querendo destruir no Brasil.
Vamos fazer uma boa e oportuna reflexão, retirar o ódio e as paixões dos corações e das consciências. Substituí-los por amor e esperança. Aliás, precisamos de governantes e líderes agindo para criar esperança.
* Márcio Higino Melo, administrador.