ARTIGO ESPECIAL | Brasil: tragédia anunciada (Márcio Higino)*

Riscos de retração na economia prosseguem em 2019, segundo IFF

Por Márcio Higino* –  Primeiramente, devemos cumprir as determinações das autoridades sanitárias, que nos recomendam o isolamento social, cuidados especiais de higiene, como o lavar as mãos com água e sabão com regularidade, tanto quanto a utilização de álcool em gel.

Dito isso, pretendemos comentar um pouco acerca do que está acontecendo no Brasil nesses dias turbulentos e de profunda inquietação humana.

A nação brasileira, diferentemente do que está acontecendo com outros países, também acometidos pela pandemia, vive não só a agudeza de uma crise de saúde. 

Alia-se a esta, com não menos profundidade e desdobramentos, uma turbulência política, com repercussões econômicas e sociais decorrentes não só do grave problema sanitário, produzida pela covid-19, mas, sobretudo, pela ignorância e incapacidade do governo federal em estabelecer um robusto programa de enfrentamento, capaz de combater com efetividade as mazelas que se desdobram a olhos vistos, como fruto de um planejamento que acolha recomendações de estudiosos, cientistas, sanitaristas, bem como de políticos equilibrados, que tem obtido sucesso nas gestões sob seu comando, sejam eles governadores ou prefeitos. Isso não está sendo feito.

O presidente Bolsonaro, incapaz, não lidera nada. Despreparado e sem espírito de comando, deixa o país patinar. Assusta, atormenta e divide a nação. Há os que afirmam, com base em cátedras, que ele tem perfil de sociopata, de psicopata. Creio nisso.

No entanto, mais que um doente, ele é perverso, muito embora considere também que a perversidade seja uma doença, uma enfermidade da alma.

Na confluência do quanto exposto, gostaria de me ater a algumas considerações de ordem econômicas, porque apropriadas para o momento presente, considerando que as políticas de caráter ultraliberais e perfil fiscalistas, defendidas pela equipe econômica do governo, são incompatíveis para fazer frente a depressão econômica que já aponta logo ali.

Keynesianismo | Educa Mais BrasilQuando da eclosão da crise econômica mundial de 2008, o governo federal, liderado pelo presidente Lula, adotou diversas medidas independentes para conter os efeitos da turbulência internacional na economia brasileira, tanto de fundo macroeconômicas, quanto microeconômicas, denominadas de políticas anticíclicas, cujo modelo econômico adotado na época foi extremamente correto e adequado, resguardando o Brasil de uma possível quebradeira, favorecendo equilíbrio e segurança para todos os mercados, e, particularmente, distribuindo renda e expansão do consumo, aplicando programas sociais eficazes, permitindo que o Brasil fosse um dos últimos a sentir os efeitos da crise, com ambiciosos programas de investimento em infraestrutura.

Para que o Brasil não seja destruído economicamente, com fortes dramas sociais, já bastante agravados pela pandemia em curso, faz-se necessário que o governo Bolsonaro abandone imediatamente as receitas ultraliberais, ortodoxas, passando a adotar, por exemplo, medidas como as estabelecidas pelo governo Lula, sustentadas pelo pensamento Keynesiano*, cuja teoria econômica, consolidada em seu livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, que consiste numa organização politico-econômica oposta às concepções liberais, fundamentada na afirmação do Estado como agente indispensável de controle da economia, com o objetivo de conduzir a um sistema de pleno emprego, com intervenção do Estado na economia.

Precisamos de neodesenvolvimentistas e não de neoliberalistas.

SOBRE O AUTOR E O CONTEÚDO POSTADO
* Márcio Higino Melo, administrador e assessor parlamentar do Vereador Coriolano Moraes.

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Nota: John Maynard Keynes foi um economista britânico cujas ideias mudaram fundamentalmente a teoria e prática da macroconomia, bem como as políticas econômicas instituídas pelos governos. Nasceu a 5 de junho de 1883, Cambridge,e faleceu a 21 de abril de 1946, Sussex, também no Reino Unido. 


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