ARTIGO ESPECIAL | Allan Kardec – Codificador da Doutrina Espírita. A base fundamental

Resultado de imagem para Allan Kardec


Por Márcio Higino* – Se Jesus é o Guia e modelo para a humanidade, Allan Kardec é a base fundamental. Nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, às 19 horas do dia 3 de outubro de 1804, à rua Sala, 76, em Lyon, na França, somente viria a se tornar Allan Kardec a partir de 18 de abril de 1857, quando lança em Paris a primeira edição de “O Livro dos Espíritos”, obra básica da Doutrina Espírita, pedra angular do edifício por ele erigido, por conter todos os princípios fundamentais da doutrina que codificou.

Resultado de imagem para "O Livro dos Espíritos"

Allan Kardec era, portanto, pseudônimo adotado em homenagem a uma experiência como sacerdote druida, junto ao povo Gaulês, em passado remoto.

A doutrina que ele organizou é de autoria dos Espíritos, como o próprio Kardec fez questão de acentuar. Se não foi ele o fundador do Espiritismo, foi inegavelmente o elemento escolhido pelo Alto, para o trabalho de organização de uma doutrina diferente – a que afirma a sobrevivência do espírito fora da matéria e declara, expressamente, que “Deus é a causa primária de todas as coisas” – como registrou Deolindo Amorim em oportuna palestra realizada em Juiz de Fora.

Allan Kardec teve no trabalho de estruturação do Espiritismo participação pessoal inconfundível e valiosa, reformulando questões e provocando respostas mais elucidativas. As suas intervenções sempre foram muito oportunas e sensatas. Não foi um mero compilador ou colecionador sistemático, assim asseverou Deolindo Amorim.

Nas diversas obras que compõem  a Codificação Espírita, observam-se numerosos comentários – principalmente em o Livro dos Espíritos – demonstrativos da sua participação bastante ativa e necessária na elaboração da Doutrina.

Discípulo de Pestalozzi, foi educado na atmosfera correta da família lionesa, cujo pai, de tradicional família de magistrados, ensinou-lhe o espírito da justiça e da honestidade.

Parte, aos 10 anos, para o Instituto de Yverdun, na Suíça, para aprender com o eminente pedagogo Pestalozzi que,além de mestre, foi o precursor e preparador de Allan Kardec, segundo nos informa André  Moreil, escritor francês, no livro Vida e Obra de Allan Kardec.

Decorrem, portanto, mais de cinquenta anos entre o nascimento de Denizard Rivail e de Allan Kardec, ao longo dos quais o professor Rivail dedica-se profundamente aos assuntos da educação e da pedagogia, tendo produzido mais de 20 obras didáticas, elaborando, ainda, sob a forma de memoriais, projetos para a reforma do ensino na França, contribuição aceita pelo governo francês.

Quando interessou-se pelos fenômenos mediúnicos já contava com seus 50 anos de idade, tendo realizado estudos sobre o magnetismo.

Não se convenceu levianamente. Frequentou entre os anos 1854 e 1855 diversas reuniões mediúnicas, trabalhando, sempre, pelo método da observação e investigação, realizando anotações, estudando com profundidade aqueles fenômenos que encantavam as altas rodas da sociedade parisiense, deduzindo que, por trás daqueles fenômenos, estava a explicação dos mais sérios problemas do espírito humano.

O Espiritismo foi sistematizado por Allan Kardec a partir do início da segunda metade do século XIX, século de agitadas e profundas discussões filosóficas, em que o espírito crítico e o pensamento cartesiano de Renê Descartes, juntamente com o positivismo de Augusto Comte e o evolucionismo que tornaram célebres Darwin e Lamarck fizeram escolas, principalmente na França.

Nota-se, pois, que a Doutrina dos Espíritos nasce na França, inquieta e agitada, em Paris, que era o maior centro de debates do mundo intelectual, num ambiente impregnado de doutrinas materialistas, indiferentes às questões do espírito. Terreno difícil o em que pisava Kardec.

Estudando-se a linha do seu pensamento, ele que era um homem de ampla cultura básica, poliglota, estudioso das artes e das ciências, descobre-se três linhas bem definidas: humanismo, racionalismo e universalismo.

Humanista, principalmente, porque a sua época não era a das especializações, do conhecimento específico, das técnicas e sim havia a preocupação com as idéias gerais, bem como pelos largos conhecimentos linguísticos, filosóficos, históricos, científicos que possuía (ensinou no Liceu Polimático de Paris).

Racionalista, porque não foi um observador e experimentalista reacionário, radical – chegou a afirmar que, nas questões em que ocorressem dúvidas, que ficássemos com a ciência – e por nos ter deixado um princípio que é a síntese do pensamento racionalista: ” Fé inabalável é somente aquela que pode enfrentar a razão face a face em todas as épocas da humanidade”.

E universalista porque a síntese do seu trabalho demonstra o homem de visão larga, imprimindo na doutrina transmitida em seus ensinos originais pelos espíritos o traço do seu caráter, da sua independência, sem subordinação a nenhuma corrente filosófica.

Allan Kardec foi, por isso mesmo, o missionário escolhido pelo Alto, para a organização do Espiritismo.

Mas não só pelos conhecimentos científicos e filosóficos. As heranças espirituais, os conhecimentos adquiridos em vidas passadas, as diversas qualidades e virtudes indispensáveis que ele possuía fizeram-no homem de mentalidade emancipada, capaz de ver com largueza de vistas, portador de antenas espirituais em todas as dimensões e capaz de conduzir a pesada tarefa de trazer-nos as novas lições da terceira revelação, do Consolador prometido por Jesus, com pleno êxito.

Faleceu Allan Kardec na manhã de 31 de março de 1869, em Paris, aos 65 anos incompletos, por causa de um rompimento de um aneurisma.

* Márcio Higino Melo, administrador.
Assessor parlamentar do Vereador Coriolano Moraes

COMPARTILHAR