O ataque direcionado à jornalista Daniella Oliveira, perpetrado pela campanha do candidato à Prefeitura de Vitória da Conquista, Waldenor Pereira (PT), foi abjeto e obtuso. Tentar constranger a apresentadora do programa eleitoral de Sheila Lemos (UB) é de uma covardia torpe. Deixa clara a falta de ética e desespero do marketing político do postulante petista.
Não é preciso muita reflexão para entender que os candidatos devem apontar fragilidades entre os projetos e personalidade política de seus adversários. É disso que se trata uma campanha. Convencer os eleitores de que aquilo que você propõe é melhor para toda a sociedade do que é apresentado pelos seus concorrentes.
À medida que se cruza a linha ética e se permite uma ofensiva direcionada ao trabalhador, desrespeitando as pessoas e profissionais que atuam no campo adversário, a disputa ultrapassa as quatro linhas e vira guerra. A quem interessa o tom raivoso e inconsequente em uma eleição? A pergunta leva a uma resposta inadequada para o processo democrático.
O republicanismo é sepultado quando se escolhe uma mulher, mãe, profissional do jornalismo, que empresta sua imagem e voz para uma campanha e que no exercício de suas funções é atacada por um grupo político que busca vencer, a qualquer custo, uma eleição. Não há o que se debater acerca de ideias, ideais e projetos. Não existe razões plausíveis para este tipo de ultraje.
A pauta foi a atuação da profissional. Foi feita uma escolha e esta carrega consequência. Foi deliberado o ataque. Tentou-se descredibilizar uma informação constrangendo o mensageiro. Isso é rasteiro e prejudica diretamente a jornalista, a apresentadora, a mulher. Ela, a pessoa, é que recebe toda a consequência do que se quer desconstruir.
Vindo da campanha de um candidato que se diz professor, defensor da cultura, das mulheres, da universidade, com experiência parlamentar, o ataque ganha volume e ai sim, o mensageiro se torna importante e protagonista da história: Waldenor permitiu que se utilizasse este tipo de estratégia nos conteúdos de sua campanha, portanto, é responsável pelo ataque abjeto, obtuso e machista. Tudo em nome do poder. Não, não vai dar certo!
Explicando o caso
Um vídeo produzido pelo marketing do candidato Waldenor Pereira (PT) foi veiculado como propaganda eleitoral e nele se questiona a apresentadora Daniella Oliveira do programa de Sheila Lemos (UB) a respeito de uma informação relacionada ao transporte público de Vitória da Conquista.
A jornalista é uma das apresentadoras do programa eleitoral da postulante do União Brasil. Antes, contudo, ela ancorou um dos jornais da TV Sudoeste e nele fez a chamada para uma matéria na qual se criticava a situação do transporte público no município do sudoeste baiano.
O vídeo veiculado pela campanha petista é uma peça eleitoral frágil, estúpida e covarde. Primeiro não coloca a data de quando foi noticiado o problema lido pela apresentadora quando estava na emissora de TV. Depois, desconsidera o cuidado da campanha adversária em dizer que o transporte público vem “melhorando” a cada dia. Ai, já se tem uma incongruência.
Segundo e mais grave: o vídeo eleitoreiro busca constranger a jornalista ao perguntar a ela: qual é a verdade verdadeira, Daniella? Desconsidera a possibilidade real de assassinar a reputação de uma mulher, mãe e jornalista que está fazendo seu trabalho. Isso talvez seja o método escolhido pela campanha de Waldenor. É aquele negócio: “acuse-os (os seus adversários) daquilo que você faz!”
*Luiz Fernando Lima, jornalista.
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