ARTIGO | Cada cidade tem o parlamento que merece (Padre Carlos)*

Como professor de filosofia, meu papel é buscar a essência das coisas e a essência da política está no garantir o bem-estar da população em geral, sem priorizar interesses individuais e eleitoreiro. A política não é um meio para se dar bem, é a arte de bem servir o povo, mas só cumpre esse papel quem possui a vontade de ajudar ao próximo.

Nos últimos dias presenciamos os vereadores da nossa cidade, com raras exceções fazendo discursos em favor de um projeto do executivo.  Vitória da Conquista poderá contrair empréstimos no valor de R$ 60 milhões, embora alguns vereadores já pensam em estender esta dívida para R$ 100 milhões, pensando no seu eleitorado e nas suas bases políticas. Os projetos de lei que autorizam a operação já foram encaminhados para apreciação da Câmara Municipal de Vereadores.
       
Infelizmente, é nestas horas que constatamos a qualidades dos nossos representantes. Não bastam votos amizades e uma estrutura de campanha é preciso acima de tudo ter compromisso com a cidade e enxergar Vitória da Conquista, daqui a uma ou mais década.

Quando este projeto chegou naquela casa, constatamos que alguns parlamentares não corresponde as estas aptidões e quando falo me refiro no campo da situação e na oposição. Um vereador não pode só pensar como líder comunitário, sua responsabilidade transcende   sua comunidade, um parlamentar tem que pensar o município como um todo, as consequências de seus atos podam beneficiar mas, pode também prejudicar toda a cidade.

O fato é que na última sexta-feira, 25, ao fazer uso da tribuna na Câmara Municipal, o vereador Coriolano Morais, não só fez uma série de cobranças ao Executivo Municipal, como lembrou para alguns membros daquela casa, como fazer política e acima de tudo, como fazer oposição.

Confesso aos senhores que, naquele momento, me senti representado naquele parlamento. Uma verdadeira aula como se faz oposição e demostrando de forma clara que o papel de fiscalização que compete aquela bancada, não está sendo efetivamente exercido por alguns membros daquela bancada salvo algumas exceções.

Diante disto, não podemos negar que um dos principais papeis no jogo político e democrático deve ser exercido pela oposição naquela casa. Ela é o que costumamos chamar de contraponto do poder. A alternativa de projeto de governo que aí está.

É justamente neste ponto que gostaria de chamar atenção do leitor, na perspectiva de que a democracia é o contraditório, realmente é ruim para a democracia e para a cidade ter uma oposição fraca e desorganizada como constatamos em Vitória da Conquista. Somos minorias ou maioria? Quantos parlamentares realmente fazem parte deste bloco.

Mas sem uma liderança capaz de fazer este trabalho fica difícil contar com estes votos.  Assim, a nossa oposição,  continuará batendo cabeça nesta casa, e amargando as derrotas devido a cooptação do governo sobre este parlamento.

Como chefe do Poder Executivo, cabe ao prefeito administrar os serviços públicos locais e decidir onde serão aplicados os recursos financeiros. O prefeito é quem pode prometer a execução de novas obras e dizer onde e como o dinheiro do município será aplicado.

Além disso, seu papel também é o de sancionar ou vetar novas leis, analisadas ou criadas pela Câmara municipal. Aprovar um empréstimo sem que tenha certeza de uma avaliação por profissionais competentes e isento do poder executivo, não seria prudente.


O medo de não se reeleger, pode inviabilizar o próximo governo, não permitindo que o município busque recurso para investimentos, uma vez que as receitas do Poder Executivo estarão comprometidas com a folha de pagamento dos servidores e com as demais despesas da administração.

Desta forma, se a aprovação deste referido empréstimo estiver condicionada a obras em determinada base eleitoral, este mandato estará comprometendo as finanças do municípios.

O papel do parlamento neste momento de crise que o país e o município atravessa, deveria ser buscar o equilíbrio das nossas receitas e das nossas despesas. Só assim Vitória da conquista poderá se orgulhar do seu parlamento.

SOBRE O AUTOR E O CONTEÚDO POSTADO
* (Padre Carlos Roberto Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, escreve semanalmente para esta coluna)

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