Tem certos dias que meu corpo se recusa a me obedecer, como se quisesse me dizer: não, eu não vou ou, pare!
Meu querido corpo, esta vida não nos permite parar, não podemos parar no tempo e nem deixar que o tempo pare os nossos projetos e sonhos que ainda temos o direito de sonhar.
Mas parar como? Mesmo que eu quisesse, não conseguiria parar na altura desta vida, descobriria com certeza outros trabalhos para preencher os meus dias. Mas e as doenças? Não, estas não chegaram e espero que não apareçam tão cedo, falo de coisas graves, mas as pequenas coisas com que o corpo nos bloqueia a força, cada vez mais vai nos limitando.
Falo das facetas da corporeidade a fim de mostrar sua prodigiosa força, que com o tempo, vai incapacitando esta matéria nos deixando mais lento.
As horas demoram de passar, o relógio parece brincar comigo e se recusa a girar e de repente chegou à noite e nada conseguir fazer de concreto, uma sensação toma conta de mim. Sim perdi muito do meu tempo esperando que algo de novo chegasse à minha vida, será que foi um tempo tão mal perdido assim.
E vem uma tristeza que nos cobre, que nos dilacera o coração parecendo uma doença e para quem já viveu momentos muito mais terríveis, há ainda a culpa da perda.
Diante de tudo isto, o que me restou? O medo. Esse velho amigo que nunca mais me deixou e que parece está atento e escondido, nos recantos mais escuros da minha alma, na minha casa ou na minha rua. Eu olho do meu portão e com uma lágrima e quase chorando posso ainda dizer: Amanhã é outro dia.