Tradicionalmente, a criação de galinhas em quintais é utilizada para o consumo da própria família. No entanto, também são realizadas vendas dessas aves, vivas ou abatidas, como forma de contribuir na economia doméstica. Nesse sentido, a Uesb tem buscado cooperar com o pequeno e médio produtor, oferecendo orientações, desde a biossegurança sanitária até o abate correto e venda das aves.
Com esse objetivo, está em desenvolvimento, no campus de Itapetinga, o projeto de extensão “Quintais Produtivos”, idealizado pelo professor Ronaldo Vasconcelos, coordenador do Laboratório Experimental de Avicultura. A ação é direcionada aos moradores do Quilombo de Thiagos, localizado na zona rural da cidade de Ribeirão do Largo.
De acordo com o professor, no Laboratório de Avicultura são desenvolvidas raças regionalizadas, há mais de 20 anos. Esses animais possuem muito potencial de crescimento e zootécnico e, também, são voltados para a produção do pequeno e médio criador que não está inserido no mercado agrícola, mas possui um mercado local a ser explorado: de vendas de ovos e de frangos do tipo caipira.
A intenção do projeto, além de capacitar os criadores no manejo das aves e na apresentação do produto ao consumidor, é divulgar a genética das cinco raças de galinhas que são desenvolvidas na Universidade. Segundo o pesquisador, três dessas aves chamaram a atenção dos quilombolas de Thiagos.
Uma delas é o Caneludo do Catolé, que é boa para criação em piquetes. “Ela cresce muito rápido e dá bastante carne. Galos adultos chegam a pesar cinco quilos e galinhas de três a três quilos e meio”, conta o professor. A outra raça é o Peloco, remanescente de um quilombo da região do cacau e, também, das regiões de Itacaré, Uruçuca e Aurelino Leal. “É um material misto que tem uma carne mais pigmentada maravilhosa”, continua. Por fim, a raça Meia-perna, que é desenvolvida na Universidade apenas para postura. “Ela é pequenininha, uma ave de um quilo e meio, que dá um ovo de 60 gramas e pode chegar a por, aproximadamente, de 230 a 240 ovos ano. É o ovo tipo caipira mesmo”, explica.
Na primeira etapa do Projeto, foi realizado o controle sanitário, com a vacinação das aves que já são criadas nos quintais dos produtores quilombolas. (Foto: Acervo do Projeto)
Etapas do projeto – A primeira fase do “Quintais produtivos” foi a de controle sanitário, e foi concluída em junho, quando os quintais dos produtores quilombolas foram percorridos, para a realização de vacinação das aves que eles já possuem. “À medida que formos desenvolvendo o projeto, não vamos dizer aos produtores para eliminarem o material que já têm, que é muito bom. Nós vamos cuidar desse material e produzir, também, o nosso”, esclarece Vasconcelos. A próxima etapa está prevista para agosto, com o curso de produção de ração para frangos e entrega das aves para o primeiro grupo que optou pelo material de postura.
“Nós devemos levar em torno de 300 a 400 franguinhas para eles. Até março do próximo ano, nós devemos entregar cerca de duas mil aves. Essas aves são todas produzidas no Laboratório de Avicultura”, destaca o professor. Para ele, essa aproximação entre a Uesb e a comunidade, por meio da extensão, é uma forma de contribuir com a sociedade. “Eu acho muito relevante a Universidade estar presente em todos os âmbitos sociais da região. É obrigação nossa e é o tripé da Universidade. Aqui, a gente recolhe material genético do estado inteiro e desenvolve raças”, sublinha.
Professor Ronaldo Vasconcelos, ao lado de morador do Quilombo, conta que a expectativa é de, até o próximo ano, entregar cerca de duas mil aves produzidas no Laboratório de Avicultura da Uesb. (Foto: Acervo do Projeto)
O pesquisador também ressalta a abrangência da pesquisa realizada na Uesb. “É um trabalho muito sério e produtivo, reconhecido internacionalmente, porque nós já fazemos parte de associações internacionais que trabalham com esse mesmo seguimento”, comentou. Apesar do projeto atender, essencialmente, ao Quilombo de Thiagos, o professor conta que a intenção é estendê-lo para a Bahia inteira. Nesse sentido, interessados, como associações agrícolas, escolas agrícolas ou pequenos criadores, devem entrar em contato com o Laboratório de Avicultura por meio do e-mail: [email protected] para ser cadastrado. Posteriormente, o Projeto organizará a forma de entregar o material.