AEROPORTO NOVO, PROBLEMA ANTIGO | Falta de sistema de pouso por instrumentos suspende voos no Aeroporto Glauber Rocha


SUDOESTE DIGITAL (Conteúdo exclusivo) – O mau tempo em Vitória da conquista fez com que a companhia área Passaredo suspendesse os voos, deixando muitos passageiros sem alternativa para viagem até a capital baiana.

O problema, bastante comum no desativado Aeroporto “Pedro Otacílio de Figueiredo”, ocorreu no recém-inaugurado “Glauber Rocha”, no início da semana e deve persistir em dias nublados até que seja implantado o ILS, sigla em inglês para Instrument Landing System (Sistema de Aterrissagem por Instrumentos).

Sem o equipamento, uma aeronave da Passaredo não foi autorizado a decolar do Aeroporto “Luís Eduardo Magalhães”, em Salvador, com destino ao “Glauber Rocha”, em Vitória da Conquista devido ao do mau tempo.

Nesta segunda-feira, 12, mais um voo suspenso, desta vez de uma aeronave que decolaria do Aeroporto “Tancredo Neves”, em Confins, Minas Gerais, não pôde pousar em Vitória da Conquista também por conta do tempo nublado.

Para o empresário José Maria Caires, da Maxtour, as informações estão desencontradas. “Estão criando uma situação que não é real. Atrasos de voos não são cancelamentos”, pontuou. Segundo ele, as aeronaves da Gol e da Azul pousaram todos dias, mas a Passaredo atrasou.

“É claro que cancelamentos poderão existir, mas esse aeroporto tem uma carta de voo extremamente favorável”, sustentou.

Essencial em qualquer aeroporto, o ILS é um sistema desenvolvido durante a segunda guerra mundial pelos técnicos da RAF (Força Aérea Britânica) com a finalidade de permitir a operação dos aviões, mesmo em condições de ausência total de visibilidade.

A finalidade básica do sistema era dar informações ao piloto que lhe permitiam levar a aeronave até o extremo da pista, onde então ele poderia tomar a decisão de completar ou não a aterrissagem.

O “Glauber Rocha” teve investimentos de R$ 106 milhões do Governo Federal repassados até 2018, mais R$ 31 milhões de orçamento da Administração Estadual.

A reportagem do Sudoeste Digital apurou que a Socicam, concessionária responsável pelo novo equipamento, inaugurado em 23 de julho deste ano, tem prazo legal de até cinco anos para implantar o sistema. Foco de polêmicas (LEIA ABAIXO), o contrato de concessão do “Glauber Rocha” tem prazo de 30 anos

Em sua página oficial, a concessionária informa que “ao longo do contrato, a Socicam irá investir cerca de R$ 18 milhões no local, com a implementação de um sistema de pouso por instrumentos de precisão (ILS) e um moderno Terminal de Carga Aérea (Teca)”.

O investimento na infraestrutura necessária para receber o ILS é de aproximadamente R$ 20 milhões e o custo do ILS e dos equipamentos necessários gira em torno de R$ 50 milhões, em valores de 2015. 


As bases do sistema desenvolvido naquela época são as mesmas do sistema atual, no entanto, muitos aperfeiçoamentos técnicos foram introduzidos de modo a se obter maior confiabilidade e precisão.

Praticamente todos os aviões comerciais modernos são equipados com o sistema e as pistas dos principais aeroportos do mundo possuem os equipamentos necessários à sua operação.

A ideia básica do sistema consiste em se emitir sinais de rádio a partir de transmissores junto à pista e em locais escolhidos de modo a determinar sua localização mais fácil, e que possam ser captados pelo avião dando-lhe uma indicação exata do caminho que deve seguir.

O ILS é apenas um dos recursos com que podem contar as modernas aeronaves para a realização de aterrissagens seguras. Não é preciso dizer que os pilotos capazes de usar este equipamento devem passar por um prolongado período de treinamento.

De que modo os aviões conseguem encontrar a pista de um aeroporto sem ter praticamente nenhuma visibilidade? Certamente os leitores já ouviram falar do ILS, que é usado nos principais aeroportos do mundo mas não tem a mínima ideia de como funciona. 


O EQUIPAMENTO

Em terra são colocados dois transmissores em posições estratégicas em relação à pista. Um dos transmissores é denominado “transmissor do localizador” (localizer) e fornece um sinal guia de aproximação em azimute ao longo da linha central da pista.

O outro transmissor fornece um sinal de trajeto de descida. Os dois transmissores estão ligados à antenas direcionais de tal modo a fornecerem uma referência precisa para a aeronave que se aproxima.

Além desses dois transmissores principais podemos ter outros que funcionam como balizas ou marcadores que são instalados a uma certa distância da pista do aeroporto, fornecendo também sinais de referência.

Assim, o marcador mais próximo da pista é denominado marcador interno, o intermediário é denominado marcador central e o mais afastado é denominado marcador externo.

Foco de polêmica, aeroporto de Vitória da Conquista já teve inauguração suspensa
Disputa pela ‘paternidade’ da obra entre governo estadual e federal opõe rivais políticos

Previsto para ser inaugurado em dezembro do ano passado, o Aeroporto Glauber Rocha, se tornou o centro de turbulência do governo de Jair Bolsonaro , às voltas com polêmicas declarações sobre nordestinos nos últimos dias.

Sete meses depois de ter sua inauguração suspensa por uma decisão da Justiça, o aeroporto agora foi palco de uma disputa política entre o governo federal e o governo baiano, comandado pelo petista Rui Costa (PT), para ver quem seria o “pai da criança”.

Por divergências com o cerimonial da Presidência , que segundo Costa queria um evento fechado, sem participação popular, o governador da Bahia decidiu desistir de participar.

A suspensão da licitação para a gestão do aeroporto foi publicada no Diário Oficial da Bahia no dia 15 de dezembro de 2018 por determinação do Tribunal de Justiça (TJ-BA), que à época não explicou o motivo que levou à decisão, mas hoje se sabe que foi por uma batalha judicial entre as empresas que concorriam pela concessão do aeroporto. A liminar só foi suspensa em meados de janeiro deste ano.

O aeroporto tem como gestor o consórcio VDC Aiport, formado por duas empresas de capital nacional. O contrato de concessão tem prazo de 30 anos, com investimento inicial de cerca de R$ 20 milhões pela empresa no terminal.

NOTA DA SOCICAM

O Aeroporto Glauber Rocha foi inaugurado com todos os equipamentos necessários para uma operação segura, sob condições de voos visuais, bem como condições de voos por Instrumentos, equipamentos esses homologados pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), órgão do Comando da Aeronáutica.
Os procedimentos disponibilizados fornecem aos pilotos condições de realizarem suas operações (pouso e decolagem) com total segurança.
Atualmente os procedimentos de pouso permitem uma aproximação segura, com nuvens de até 250 (pés) ou seja, 76 (metros) de altura, sendo que no antigo aeroporto de Vitória da Conquista, eram até 700 (pés) / 213 (metros) de altura.
Visando uma maior eficiência na segurança operacional, a Socicam instalou um Indicador de Trajetória de Aproximação de Precisão (PAPI) que é um sistema de iluminação de orientação visual, que fornece uma indicação positiva da posição de uma aeronave em relação à rampa de inclinação, durante a aproximação final para pouso.
O aeroporto dispõe ainda de Estação Meteorológica de Superfície (CAT 3), que fornece dados meteorológicos, transmitidos aos aeronavegantes, pelos operadores da Estação Prestadora de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo (EPTA-A), também implantada no aeródromo, visando maior segurança nas operações de pouso e decolagens.
Vale ressaltar que desde o início das operações no Aeroporto Glauber Rocha – SBVC, não consta nenhum voo cancelado das empresas aéreas em nosso Banco de Informações de Movimento de Tráfego Aéreo.


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