Imagine você pagar R$ 1,59 pelo litro da gasolina. E que tal pagar R$ 0,89 pelo óleo diesel? Pois são esses os valores pagos pela YPFB, a petrolífera estatal boliviana, quando compra o combustível da Petrobras.
Vídeos que circulam nas redes sociais geraram revolta de brasileiros, e donos de postos de combustíveis de Goiás ficaram indignados. É que nas gravações aparecem diversos caminhões com placas da Bolívia na unidade da Petrobras de Senador Canedo, que fica na Região Metropolitana de Goiânia, buscando o combustível.
Em entrevista, o advogado do Sindicato dos Postos de Combustíveis de Goiás, Antônio Carlos de Lima, conta que o telefone na entidade não parou de tocar desde a divulgação do primeiro vídeo.
“A sociedade goiana começou a ficar revoltada, porque não entendia. E nós, do Sindiposto, ainda não entendemos direito. Porque hoje nós pagamos na gasolina da distribuidora R$ 3,40 e pagamos ao diesel R$ 2,91”.
O temor dos donos de postos de Goiás era uma eventual concorrência desleal, já que o combustível poderia estar sendo distribuído dentro do Brasil. Mas os empresários receberam a informação de que o produto estava sendo levado para a Bolívia.
Em nota, a Petrobras afirmou que” possui um contrato vigente para comercialização de gasolina com a empresa boliviana YPFB e que os preços de exportação para a Bolívia estão alinhados ao preço da venda no mercado interno em Senador Canedo, sem os tributos”.
Para o advogado do sindicato dos postos de Goiás, contudo, a explicação da estatal não convence.
“Nós fizemos a conta, e o tributo não chega a tanto. A questão é que no Brasil só quem fabrica a gasolina chama-se Petrobras Petróleo. E a Agência Nacional do Petróleo cria uma reserva de mercado chamada distribuidora. Então, essa gasolina precisa passar obrigatoriamente pela distribuidora”, reclama.
Em Vitória da Conquista, por exemplo, o preço médio do litro da gasolina está em R$ 3,81, segundo o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo. Já a média do diesel é R$ 2,96.
Nota da Petrobras
A Petrobras informa que possui um contrato vigente para a comercialização de gasolina com a empresa boliviana YPFB e que os preços médios de exportação para a Bolívia estão alinhados ao preço da venda no mercado interno em Senador Canedo (GO), sem tributos.
A própria YPFB arca com os custos logísticos para transportar a gasolina até a Bolívia, assim como os eventuais impostos para a nacionalização do produto no país.
Sobre a gasolina comercializada no Brasil, incidem impostos federais, estaduais, tais como CIDE, PIS/COFINS e ICMS. No caso de Senador Canedo, os tributos podem aumentar o valor do produto vendido em mais de 100%.
Portanto, não cabe a comparação entre os preços de exportação e preço final de venda no mercado interno.