Abaíra, na região da Chapada Diamantina, é a cidade o maior número de pessoas com 60 anos ou mais na Bahia, conforme o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados de 2022. Nesta terça-feira (1º), data em que é celebrado o Dia Nacional da Pessoa Idosa, A reportagem traz detalhes do município, que poderia ser conhecido pela quantidade de velhos, mas se tornou nacionalmente famoso pela produção de cachaça.
A produção da bebida é tão importante no local que tem até um monumento de 3,5 metros de altura em uma praça, como forma de homenagear a tradição bicentenária.
Das 7,3 mil pessoas que moram na “capital baiana da cachaça”, 1,9 mil tem 60 anos ou mais, o que corresponde a 26% do total. A taxa é maior do que a apurada no censo de 2000, quando 15% da população era de idosos. Ou seja, ao longo dos anos, a população local envelheceu ainda mais.
Além de ter o maior número de pessoas com 60 anos ou mais, Abaíra também é a cidade baiana com o maior índice de envelhecimento. São 137 idosos para cada 100 crianças/ adolescentes de até 14 anos.
Segundo Mariana Viveiros, supervisora de Disseminação de Informações do IBGE, não há uma explicação objetiva para Abaíra ter a população mais envelhecida do estado. Apesar de nenhuma pesquisa específica ter sido feita, alguns aspectos podem ajudar a entender os números, como por exemplo:
🧬 fatores genéticos;
🩺 acesso à saúde (o que contribui para prevenção e combate a doenças);
🚲 fatores comportamentais (como hábitos mais saudáveis ao longo da vida);
🏠 condições gerais de vida.
Ainda conforme Mariana, outro fator demográfico pode contribuir para a cidade ser “a mais idosa” da Bahia: a migração de jovens para cidades maiores, na maioria das vezes, em busca de melhores oportunidades de trabalho e estudo.
Capital baiana da cachaça
Ninguém pode afirmar o que faz de Abaíra a cidade mais idosa da Bahia, contudo, um fato é de conhecimento geral: o povo aprecia aguardente e seja com mais ou menos jovens, a fabricação artesanal e bicentenária continua a todo vapor.
“Quem fica, dá continuidade a tradição dos avós, bisavós e pais. Essa produção tem mais de 200 anos e na cooperativa tem gente com mais de 80 anos de idade”, contou.
Desde sua criação, a cachaça da cooperativa recebeu diversos prêmios. O último deles foi na Expocachaça de 2020, premiação considerada a vitrine mundial da cadeia produtiva e de valor do item. No evento, bebidas ganharam as medalhas de ouro e prata nas categorias “cachaças brancas” e “madeiras estrangeiras”, respectivamente.
Para Rafael, a cachaça premiada é motivo de orgulho para abairenses de todas as idades. Anualmente, são produzidas cerca de 57 mil garrafas por ano, que são vendidas principalmente para Salvador e cidades da região da Chapada Diamantina, como Seabra e Mucugê.
Confira curiosidades sobre Abaíra:
🥃 Antes de se chamar Abaíra, o município já foi chamado de Capoeira de Cana e de Tabocas;
🥃 Abaíra é uma palavra do tupi guarani, que significa “abundância de mel”;
🥃 A cidade surgiu no fim do século 19 depois que um homem, conhecido como “Zé da Venda”, herdou as terras do pai. Ele construiu um pequeno comércio, conhecido popularmente como “venda” (por isso o apelido), que servia de ponto de apoio para os garimpeiros que passavam pela região;
🥃 Por causa da “venda”, iniciou-se a produção de cana para o feitio de rapadura, melaço e cachaça, que mais tarde virou tradição no local;
🥃 Na praça da cidade, há uma garrafa de cachaça Abaíra de 3,5 metros de altura e 5 metros de comprimento.