SUDOESTE DIGITAL (Da redação) – A apreensão tomou conta, com mais vigor, dos estudantes do curso de medicina da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), que estão com as atividades práticas suspensas desde 9 de março de 2020. A reportagem recebeu manifestação da direção da UESB. Leia ao final da matéria.
Sem qualquer perspectiva de retorno, os acadêmicos romperam a trégua, imposta pelo agravamento da pandemia, e iniciaram um protesto para chamar a atenção da direção da universidade e das autoridades públicas e educacionais.
Em manifesto encaminhado ao Sudoeste Digital, nesta sexta-feira (30), eles reconhecem a necessidade da paralisação das aulas naquele momento de intensidade pandêmica, mas agora cobram providências. “Tivemos nossas atividades práticas suspensas em virtude do novo coronavírus. Um motivo justo, ninguém pode negar. Essa nova realidade impôs a necessidade de adaptações”, destacam.
Os estudantes lembram que o grupo começou o ensino remoto emergencial em outubro do ano passado, após 7 meses sem realizar qualquer disciplina da faculdade. “Depois de iniciado, também paramos por 45 dias para férias aos profissionais da UESB”. O atual período letivo -2020.1- da UESB tem previsão de conclusão em 21 de junho de 2021.
O período letivo de 2020.2 deverá se estender até o final de outubro ou início de novembro de 2021. Um ano completo de atraso no calendário acadêmico, reclamam, observando que “de lá pra cá, já se somam mais de 13 meses sem a realização de qualquer atividade prática”.
Porém, o cenário atual possui um agravante: toda a atividade teórica que poderia ser cumprida pelos alunos dos seus devidos anos já foi cumprida, o que faz o grupo voltar ao cenário inicial, ou seja; parados e impossibilitados de avançar no curso.
Esse cenário tem levado muitos estudantes a defenderem a implantação do ensino híbrido, com todos os cuidados de higiene e distanciamento que o contexto atual exige. O que possibilitaria o retorno de atividades presenciais para disciplinas eminentemente práticas e a prestação de atendimentos à população pelo SUS.
“Tal retorno é legalmente viável, pois desde o dia 3 de novembro de 2020 o estado da Bahia tornou facultativa a decisão sobre o retorno de práticas a cada instituição de ensino superior”, argumentam.
“Ademais, a Prefeitura de Vitória da Conquista, no decreto nº 20.929, de 12 de abril de 2021, artigo 12, parágrafo primeiro, diz que ‘as instituições de ensino superior, técnico e cursos livres poderão ministrar aulas práticas, desde que seja apresentado à vigilância sanitária um protocolo específico, contendo as medidas adotadas pela instituição para reduzir os riscos de contaminação. Restando apena decisão por parte da UESB para o retorno das referidas atividades”.
O retorno não seria exclusividade da UESB. Outras universidades de Vitória da Conquista já retornaram. Além disso, universidades como a UEFS, estadual de Feira de Santana, anunciou que irá retornar no próximo dia 5 de maio, mesmo com uma taxa de ocupação de leitos de UTI de 93% contra 87,3% de Vitória da Conquista e letalidade 1,82 contra 1,58.
“O pedido para implantação do ensino híbrido, respeitando todas as regras sanitárias necessárias, é, portanto, absolutamente legítimo e muito nobre. O que estamos testemunhando é uma quantidade significativa de alunos pedindo, e não é exagero dizer, implorando, pelo seu direito de estudar”, cometam.
Para eles, essa seria uma solução adequada para muitos problemas, como de ordem de saúde mental, diante do quadro com alguns alunos apresentando com sintomas de ansiedade; de ordem financeira, com alguns há 13 meses pagando aluguel dos locais onde moram, mesmo sem utilizar e da qualidade do ensino. “Precisamos das práticas para nos formar médicos capazes de servir a sociedade. Fica aqui então o nosso apelo, aos órgãos competentes, para que seja implantado o ensino híbrido e darmos fim a esse período de angústia”, finalizam.
NOTA DA UESB – Segue a nota de esclarecimento da Uesb sobre o assunto abordado na reportagem: https://sudoestedigital.com.br/2021/04/conquista-estudantes-de-medicina-da.html
A Universidade informa que o diálogo entre a Administração e os Colegiados dos cursos da área de Saúde tem sido realizado de forma constante para adotar medidas seguras e possíveis para esse momento, respeitando sempre os protocolos exigidos.
No momento, as aulas continuam seguindo o estabelecido pela Resolução 03/2021 do Conselho Superior Universitário, que regulamenta o Ensino Remoto Emergencial. No documento, atividades presenciais especiais como internato e residência médica dos cursos da área de Saúde poderão ter continuidade, excepcionalmente, por solicitação dos Colegiados ou Departamentos responsáveis e a critério do Comitê Emergencial. Assim, algumas dessas atividades já estão acontecendo e as solicitações seguem sendo avaliadas individualmente.
A Uesb reforça ainda que o assunto retornará, como ponto de pauta, na próxima reunião do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), com participação de gestores, docentes e discentes dos três campi.